Levantei.
Ele acordou.
Entreolhamo-nos, e saí do quarto.
Voltei para o sofá, onde sentei sem acender a luz. Fiquei olhando a árvore que balançava seus movimentos indiferentes, iguais nessa noite aos de três meses atrás, quando num dia 7 de dezembro também fiquei a olhar para eles, tentando entender o que não era possível entender -- o descompasso.
Achei que Paulo ia se levantar atrás de mim, sentar a meu lado. Que iria me beijar, e que então eu iria chorar, e que o novo dia começaria nessa hora. E que, ao contrário de tantos outros dias, eu iria conseguir notar, eu saberia exatamente o que acontecia, eu conseguiria notar, entender, escutar, as palavras ditas perto de mim, os sons e os gestos, eu saberia exatamente a função e a importância de cada novidade ou cada coisa já antiga que desse dia fizesse parte.
Paulo não veio.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Muito a dizer
Mais regras
1 Turn up for work. Discipline allows creative freedom. No discipline equals no freedom.
2 Never stop when you are stuck. You may not be able to solve the problem, but turn aside and write something else. Do not stop altogether.
3 Love what you do.
4 Be honest with yourself. If you are no good, accept it. If the work you are doing is no good, accept it.
5 Don't hold on to poor work. If it was bad when it went in the drawer it will be just as bad when it comes out.
6 Take no notice of anyone you don't respect.
7 Take no notice of anyone with a gender agenda. A lot of men still think that women lack imagination of the fiery kind.
8 Be ambitious for the work and not for the reward.
9 Trust your creativity.
10 Enjoy this work!
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Descobertas
Amanhã vou voltar para a livraria e fechar a quarta parte do romance e, consequentemente, a primeira versão. A próxima etapa será reescrever tudo para a segunda versão. Agora vai começar o trabalho duro.
Nada a dizer
Não é fácil o caminho até o sexo.
Principalmente quando se imagina um sexo desavergonhado, bruto, sem prolegômenos e o que se tem em frente é a cara bem conhecida de uma velha amiga e colega de profissão. Pois Paulo e N. se conheciam havia cinco anos.
Não é fácil. A que horas daria para dizer Agora vira e abre bem as pernas. A que horas daria para dizer Então vamos.
"Então vamos."
E a realidade nunca está à altura.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Not even the rain has such small hands
Ontem, olhando o blog da Patrícia Reis, dei de cara com um post de uma cena do Hannah que eu sempre gostei muito. É a cena em que leem um poema do e.e. cummings. Não sou nem nunca fui muito afeita a poesia, mas este poema é de uma beleza que consegue furar até o meu forte bloqueio contra poesia. Portanto, este é um roubo explícito. Obrigada, Patrícia. Com vocês, Hannah e Suas Irmãs e e.e. cummings.
somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience,your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose
or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Da delicadeza de um prendedor de roupa
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Minhas regras para escrever ficção
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
10 regras para escrever ficção
1 Write.
2 Put one word after another. Find the right word, put it down.
3 Finish what you're writing. Whatever you have to do to finish it, finish it.
4 Put it aside. Read it pretending you've never read it before. Show it to friends whose opinion you respect and who like the kind of thing that this is.
5 Remember: when people tell you something's wrong or doesn't work for them, they are almost always right. When they tell you exactly what they think is wrong and how to fix it, they are almost always wrong.
6 Fix it. Remember that, sooner or later, before it ever reaches perfection, you will have to let it go and move on and start to write the next thing. Perfection is like chasing the horizon. Keep moving.
7 Laugh at your own jokes.
8 The main rule of writing is that if you do it with enough assurance and confidence, you're allowed to do whatever you like. (That may be a rule for life as well as for writing. But it's definitely true for writing.) So write your story as it needs to be written. Write it honestly, and tell it as best you can. I'm not sure that there are any other rules. Not ones that matter.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
O esporte de assistir esportes
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Woking, woking
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Tateando o terreno
Roma
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Manuscritos
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Aprendizagem
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Ordinary Love
Mais uma etapa
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Tem carnaval
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Exagero
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
São Super-Homem
Transbordar
JXB– Você só pode escrever porque gosta de ler. Sinceramente, não consigo pensar em nada estimulando não. Por que você escreve? Você escreve porque gosta? Tem uma resposta da Luciana Peçanha: Por que você escreve? “Porque transbordo”. Se você precisa escrever, escreva. E arque com as conseqüências.
A entrevista na íntegra pode ser encontrada aqui.