segunda-feira, 31 de outubro de 2011

More karaokê

Esqueci de dizer que essa noite do karaokê foi fartamente documentada por mim, Bruna e Vladimir, cada um com sua câmera. Aliás, a foto minha e da Bruna foi feita pelo Vladimir Freire, nosso mestre da fotografia.

Em tempo: eu não devia ter reclamado que não estava chovendo na cidade. Caiu um belo pé d'água na noite de sábado com direito a raios e trovões. E até o início da tarde de hoje seguia nublado e frio.

Que American Idol que nada

Nada como um karaokê para dar uma levantada. Comecei meu dia na feira da Liberdade onde me empanturrei com aquelas comidas que servem nas barraqunhas. Guyouza, tempura de camarão e um pastel de camarão e polvo que eu adorei, mas não guardei o nome. Minha intenção era ir no sábado de manhã, mas eu basicamente apaguei no sábado por conta das vinte mil noites em claro que passei. Mas no domingo de manhã estava desperta o suficiente para ir para a feira pela primeira vez. Ao final das minhas quatro sessões, eu já estava morta, mas foi só chegar no karaokê que a coisa mudou de figura. Que American Idol que nada. O melhor programa é ir ao karaokê com essa turma e presenciar atuações memoráveis. Como Bruno Vox cantando Creep ou Isa cantando Ticket to Ride. Tivemos Zé Roberto com Losing my Religion. Mas, para mim, o destaque da noite foi o Leo Pereira cantando Walk Like an Egyptian. E está tudo devidamente registrado em vídeo. Tomara que na quinta a gente possa repetir a dose para nos despedirmos de São Paulo com chave de ouro.

sábado, 29 de outubro de 2011

Personagem da mostra

Afinal posso fazer uma contagem regressiva. Na sexta que vem estarei voltando ao Rio e para minha vida normal. Nas últimas três semanas, minha vida começou a se parecer com a dos personagens dos filmes que lançamos. Sabe, são aqueles filmes que tem um personagem solitário, cuja vida se resume ao trabalho, que nunca está com ninguém, que faz as refeições sozinho. Tem horas em que espero ver uma câmera registrando minha rotina da Mostra. Ontei foi um alívio dar de cara com uma colega do Rio na praça de alimentação do Frei Caneca e poder jantar com ela. Pelo lado bom, tenho feito muitas fotos da cidade. E hoje vou à feira da Liberdade para ver como é. Será minha primeira vez. A Liberdade é o bairro mais interessante para mim e não só porque é lá que posso comprar woks para suprir minha cozinha. Geralmente é lá que eu sinto aquela emoção que gosto de ter quando viajo, de dar de cara com um lugar cujos códigos não conheço. Só preferiria que estivesse chovendo. Eu acho que São Paulo combina melhor com chuva. Sem falar que a gente não morre de calor.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Who wants to be a legendista?

Segue a Mostra. Alguns filmes melhores, outros não. Seguem-se os pequenos dramas e fortes emoções de organizar um festival como este. E olha que eu só vejo a parte que está ligada à legendagem. Deu para sentir isso um pouco ontem ao passar umas horas no QG para fechar um filme que passaria naquele mesmo dia. As velhas correrias de última hora. Mas foi interessante. E renova para mim a certeza que não fui feita para esse tipo de trabalho. Meu negócio é apertar botões e traduzir filmes. Mas segue minha convicção que a organização de um festival daria um belo documentário. Ou reality show, um desses dois. Acontece de tudo um muito. Especialmente em termos de relações entre as pessoas. Você pensa que é mole, mas é muito fácil gerar problemas quando duas pessoas encaram o mesmo acontecimento de duas maneiras completamente diferentes. Quem tem razão? Só Deus sabe. Legendador, legendista, operador de legenda, tanto faz. Tem muita gente nova entrando nesse ramo. Carne fresca, como eu gosto de chamá-los. Eu dou uma risada sinistra, mas é só da boca pra fora. Outro dia eu me vi no cinema orientando duas novatas na melhor maneira de proceder dentro do cinema. O que deviam lembrar, ter a mão, anotar. É engraçado pensar que simplesmente apertar um botão não é tão simples assim. Você precisa guardar muita coisa na cabeça, estar pronto para os imprevistos e saber ter jogo de cintura para lidar com eles. Você vai ver muita coisa nessas duas semanas de Monstra. Talvez na hora fique irritado, mas com o tempo tudo vira material para contar nas rodas de bar sobre suas aventuras como legendista em São Paulo. E no final das duas semanas, você terá mais um crachá para pendurar na estante e juntar à sua coleção de crachás.

domingo, 23 de outubro de 2011

Clark Kent in Sampa

Uma parte de mim foi feita para morar nesta cidade. Essa urbanidade toda, a energia, todas as trinta mil opções que ela oferece, a vista que não acaba nunca. No Rio, sua vista sempre acaba em um morro. Ou no mar. Aqui você tem um mar de prédios. Sempre tenho essa sensação de sair de uma mera aldeia quando boto os pés aqui no asfalto da Paulista. Mas eu gosto da minha pequena aldeia no Rio, das minhas tardes na Travessa. Da informalidade das pessoas. Aqui todo mundo é tão duro. Com exceções, claro. Já fui na Livraria Cultura e na Livraria da Vila e comecei a provocar um grande prejuízo no meu bolso. No meio da semana quero ir na Liberdade, olhar melhor todas aquelas lojas, comprar um novo wok que estou precisando. E quero fazer coisas que nunca tive tempo de fazer como ir no Museu da Língua Portuguesa e no Mercado Municipal. Meu horário está mais favorável a estes passeios este ano e preciso aproveitar.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sleeping in Sampa

No Rio este ano parecia haver uma certa preocupação temática com os filmes do dia. Um dia pedofilia, no outro sexo, depois a vingança. Hoje eu voltei a uma certa preocupação temática com três filmes soporíferos. Dois deles eram daquela categoria "que porra é essa" (ou como diria Robin Williams, "what the fuck was that?"), sendo que o último, de tão soporífero que era, só tinha 116 legendas. Esse deve ser um recorde. O filme normal de 90 minutos tem por volta de 900 legendas. Os soporíferos tradicionalmente têm 300 legendas. O engraçado é que foi justamente a esse que eu resisti melhor e consegui me manter perfeitamente alerta. Ou talvez tenha sido minha tática de ficar em movimento constantemente até a hora da sessão para promover a adrenalina. 

Uma outra tendência curiosa que tenho reparado é que paulistano tem um quê de português, ou pelo menos daquela imagem clássica de português como alguém que entende tudo literalmente. Não é de hoje que vejo mal entendidos surgirem porque eu fiz uma brincadeira e sou entendida literalmente. Hoje aconteceu de novo. Eu falei para um dos coordenadores de sala que precisaria de alguém sentado do meu lado me cutucando durante a última sessão para garantir que eu não dormisse. Pouco depois eles me voltaram dizendo que não tinham pessoal para isso. Tive de explicar que era piada minha. Por que isso acontece, eu não faço ideia. Talvez tenha a ver com uma certa rigidez que detecto nas pessoas aqui. Qualquer coisa que saia um pouco da norma os deixa nervosos, sem saber como reagir. O problema é que eu sou daquelas pessoas que adora ficar brincando. Você nunca deve me levar a sério. Mas desconfio que é melhor eu desistir logo de fazer piadas em São Paulo. Vou ter de voltar ao Rio para poder ser compreendida de novo.

Cansada na Pauliceia

Talvez fosse por medo que fechassem os aeroportos em São Paulo, talvez fosse porque por uma vez na vida me atrasei saindo de casa para o Galeão. Mas mal eu cheguei no aeroporto, fiz check-in, saquei uma grana correndo do caixa eletrônico e me enfiaram no avião com enorme pressa. Acho que fui uma das últimas a entrar no ônibus que nos levou até a pista. Felizmente, o avião era um daqueles que sobrou da Varig, ou seja, não era uma completa lata de sardinhas. Eu podia abaixar a bandeja sem ela ficar apoiada na minha barriga. Para alguém cuja carreira de viagens se deu quase toda nos tempos áureos da Varig, esse apertamento atual é verdadeiramente desumano. E olha que na época eu já achava os assentos da classe econômica apertados. Hoje eles seriam um luxo só. Consegui cochilar um pouco, o que foi muito bom dado que não dormi quase nada fazendo minha mala na noite anterior. E também dormi um pouco no táxi até a área de Cerqueira Cesar onde estou hospedada. Mas o pouco que vi da paisagem me deixou perceber que esta cidade se torna cada vez mais conhecida para mim. Reconheço mais coisas, sei me localizar melhor, estou preenchendo mais o mapinha que tenho da cidade na minha cabeça. Meus dois primeiros dias foram tranquilos relativamente. Mas a felicidade de estar em Sampa anda um pouco fraca pois ainda estou muito cansada. Depois que terminar meu último filme, aí poderei descansar de verdade e passear um pouco, que é tudo o que eu quero nesta Mostra. Ter tempo para ver a cidade.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vamos nos benzer

Tenho a impressão que este foi o festival bichado. Nunca vi acontecer tanta coisa em um festival. Luminária cair em cima de um projetor, projecionista trocando ordem de filmes mais de uma vez, apagão na cidade no meio de uma Premiere Brasil, vários filmes com o som prejudicado atrapalhando o lançamento, outros tantos com a projeção muito escura, quase linchamento por velhinhas. O ideal, claro, é que o festival seja um tédio só. E eu já tive vários festivais assim. Mas este não foi nada tranquilo. Tive um problema técnico sério no Odeon no início do festival como nunca me aconteceu antes e acho que ele me deixou intranquila pelas duas semanas seguintes. Para atrapalhar também teve uma greve dos Correios e uma dos bancários. E para finalizar, houve a incerteza se a gente poderia vir ou não a São Paulo de avião conforme planejado por causa da greve da Infraero. Acabou que deu tudo certo e eu me vi alegremente em um avião na manhã de quinta a caminho da Pauliceia. Sinceramente, prefiro aqueles festivais em que não acontece nada.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Velhinha fez mal a lançador

Sim, consegui sobreviver à primeira etapa da Monstratona, mas por pouco tempo. E por sorte, não dei de cara com as velhinhas xiitas. Explico. Desde que me entendo por gente, o Festival vive cheio de senhoras aposentadas e prósperas que adoram um filme. E quando algo dá errado, elas são as primeiras a armar um barraco. Em geral é porque as pessoas não sabem como as coisas funcionam. Claro que todo mundo gostaria que tudo desse certo e não houvesse erros. Só que nem sempre isso é possível. Por exemplo, lançando um filme no Ipanema, de repente houve um problema no som e foi preciso parar a sessão, chamar um técnico para acertar o problema. Uma senhora na plateia ficou indignadíssima com o problema técnico. Que era um absurdo, que os filmes tinham de ser testados antes de passar e por aí vai. Não adiantou nada dizer que o teste tinha sido feito, que eu mesma havia visto o teste. E essa é a praxe. Antes de toda sessão com filme em mídia digital, há um teste. A mulher não quis saber. Ficou reclamando direto. Eu perdi a paciência. Falei para ela que era ridículo imaginar que em um festival com mais de 400 filmes não acontecessem alguns imprevistos. Em geral, meus festivais correm dentro da mais absoluta normalidade. A senhora sentou, mas continuou resmungando. Mas eu dei sorte. Outros colegas tiveram uns encontros mais complicados com outras senhoras, alguns há poucos dias quando ocorreu da cópia do filme não bater com a cópia em DVD que nos foi fornecida. Resultado: a tradução não batia, claro, e um par de senhoras quase promoveu o linchamento da pobre tacadora que estava na sala como se a culpa do problema fosse dela e não dos produtores do filme que não se tocaram que não se deve mandar um DVD diferente da versão do longa que vai passar no festival. Felizmente, a tacadora conseguiu escapar ilesa à sanha assassina das velhinhas na Gávea e está pronta para outra.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Categorias

Todos esses prêmios para cinema têm suas categorias. Cada festival tem suas categorias, o Oscar e o Golden Globes têm as suas. Com o tempo e a experiência, fui criando minhas próprias categorias para os filmes que lanço no Festival do Rio e na Mostra. Naturalmente temos os melhores filmes, os melhores atores e tal, mas temos algumas que são um pouco diferentes. Por exemplo, tem o filme sonífero. Em geral tem umas 300 legendas, é super arrastado e tem pausas monstruosas de vários minutos. É um convite ao sono para os pobres tacadores que andam virando noite para fechar filmes a tempo das datas de projeção. Tem o filme "que porra é essa?" que é a pergunta inevitável que você se faz quando acaba o último fotograma. É aquele filme que não faz o menor sentido. E não há criatura no planeta que possa explicar o que era aquele filme. Também tem o filme roubada. É aquele que veio com uma edição completamente diferente do DVD recebido para a tradução, que vem sem legenda na cópia quando devia ter, é aquele que tem um som ruim ou algum outro problema do gênero e por isso cada lançamento sempre acaba em desastre. Inclusive, você corre o risco de ser linchado na sala de cinema pelas velhinhas barraqueiras que vivem frequentando o festival. E tem o grande prêmio do festival, o Troféu Abacaxi. Esse é dado para o pior filme de todos no festival. E quando digo pior, quero dizer muito, muito, muito ruim mesmo. É basicamente uma tragédia, o conhecido desperdício de celulóide. Ainda não chegamos a uma conclusão de qual filme vai receber o troféu este ano. A ver.

sábado, 15 de outubro de 2011

Segunda semana

Segunda semana. É sempre complicado, seu nível de exaustão está lá em cima. Você só sabe qual o dia da semana porque anotou no caderno junto com as sessões do dia. Mas a verdade é que você perdeu qualquer noção real do tempo. Sua vida se resume a uma série de salas de cinema e filmes. Você chega de dia e sai de noite. Você come sanduíches e o que dá para encontrar nos cafés dos cinemas. Suas olheiras estão piores que as do pai de nosso ilustre governador. Daí, poder dormir seis horas seguidas é um grande luxo. Você troca tanto de cinema que chega num ponto em que você não se dá mais ao trabalho de cumprimentar as pessoas. Ainda mais porque são pessoas que você nunca mais vai ver na sua vida. E pensar que vou ter mais duas semanas direto disso em São Paulo. A única diferença é que em Sampa a gente come melhor. Se eu sobreviver, aviso a vocês.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A monstratona está monstra mesmo

Comecei a chamar este ano de Monstratona porque temos dois festivais, um começando poucas horas após o final da outra. E o festival até agora está fazendo juz ao nome. Passei quase toda a primeira semana no Gávea, sentada numa caixa no Gávea 5, lançando filmes com uma semelhança temática. Um dia era pedofilia, outro dia era vingança, outro dia era sexo. Os mesmos dois filmes por quase doze horas. Muito chato. E todo tipo de pepino anda aparecendo. Eu achei que já tinha visto todo tipo de pepino possível, mas este ano apareceram alguns novos. Por exemplo, o projecionista de um dos cinemas errou a ordem dos filmes mais de uma vez no mesmo dia. Aconteceu de novo dias depois e eu vi a pobre tacadora sair voando da sala para avisar a coordenação para interromperem a sessão e começar tudo de novo, agora com o filme certo. Como isso aconteceu? Só Deus sabe. O mesmo papel com as sessões do dia que você vê na bilheteria é pendurado nas cabines de projeção. Analfabetismo? Falta de óculos? Enfim, teclados pifam completamente, uma senhora entra numa sessão na marra pela porta de saída da sala, acontece a explosão na Praça Tiradentes e eu me vejo enviando notícias sobre o trânsito para a lista de e-mail para o pessoal porque há várias salas com legendagem eletrônica no Centro. Graças a Deus este não é um ano eleitoral.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O dia internacional da pedofilia


Alguém deve ter decretado que ontem era o dia internacional da pedofilia no Vivo Gávea 5 pois meus dois filmes do dia eram sobre pedofilia. E como eram cinco sessões com os filmes repetidos de novo e de novo, foi uma dose cavalar de pedofilia. Talvez em anos anteriores isso teria mexido mais comigo, mais a essa altura do campeonato, tendo visto todo tipo de filme, nem ligo mais. Até passei o dia fazendo piada com isso. Mas se você passa umas doze horas dentro de um cinema com 15 minutos de intervalo entre as sessões, você fica torcendo por um pouco de variedade. Foi só no final do dia que eu consegui um tempo para comer. Só não desmaiei de fome no dia porque a coordenadora do Vivo Gávea, uma gracinha de pessoa, gentilmente me cedeu um pacote de biscoitos de chocolate. E já perdi a noção do tempo, com apenas três dias de festival. Cheguei em casa e liguei a TV para ver o Roque Santeiro e só depois de uma hora me toquei que era o fim de semana. Ao mesmo tempo estou traduzindo coisas e tentando manter o controle dos prazos e me preparando para viajar para São Paulo. Quando chegar no próximo domingo, vou ter de começar a fazer minha mala para tê-la pronta na noite de quarta, antes da partida. E tomara que eu não tenha de comprar algo, porque não sei onde arrumar tempo para isso. Estou dentro do cinema todos os dias por doze, quatorze horas. Pelo menos hoje tenho dois grandes intervalos na minha programação, o que vai me permitir comer e trabalhar também. E dar uma respirada. Isso também é importante.

domingo, 9 de outubro de 2011

No breu do cinema

Uma coisa é o escurinho do cinema. Outra coisa é o breu. Pois é, o blecaute de ontem me pegou no meio do Odeon em uma sessão da Premiere Brasil. Meio cinema pegou nos celulares e os ligou para servir como lanternas. Foi curioso olhar em volta e ver os pontos de luz que eram a única iluminação no cinema. Teria sido poético se não estivesse ficando super quente lá dentro. Felizmente, a luz voltou dentro de meia hora ou o público teria assado. Vou torcer para meu dia hoje ser mais tranquilo. Já tive emoções demais para um festival.

sábado, 8 de outubro de 2011

O homem no lugar errado

Os dois primeiros dias. Até agora nada mal. Correrias, sessões canceladas, problemas de comunicação. É tudo como sempre foi. Recebi meu crachá, que este ano é branco com detalhes em amarelo. Not bad. É mais um para a coleção. Por enquanto, minha recomendação fica para Tees Maar Khan, um filme indiano alucinado na melhor tradição de Bollywood. Depois de lançar dois filmes indianos (o outro foi Om Shanti Om), eu entendo perfeitamente porque eles botam músicas no meio do filme. É uma delícia. Mesmo que não faça nuito sentido em termos de andar com a história, dá uma levantada no filme. Quero mais filmes indianos no Festival. Outro filme muito legal é Prova de Artista, um documentário do José Joffily sobre músicos brasileiros fazendo provas para entrar em orquestras brasileiras. Muito interessante. Tive meu primeiro cancelamento porque, pela primeira vez na minha carreira festivaleira, o produtor não queria legendas na sessão. Mudaram a edição do filme entre a sessão da Premiere e essa segunda sessão e ele queria passar a nova edição. Ou seja, as legendas não iam mais bater. Pelo menos eu me livrei de uma roubada. Mas o ponto alto até agora para mim dos dois primeiros dias foi o cara que entrou sem querer no banheiro das mulheres no Odeon. Eu estou na pia, lavando a mão para sair e atrás de mim passa um homem que para quando vê a mim e outra senhora nas pias. Obviamente, ele percebeu o que tinha feito. Não resisti e perguntei a ele se ele não tinha sentido falta de algo quando entrou. O cara saiu reclamando que o banheiro era muito mal sinalizado. O detalhe é que tem uma enorme silhueta feminina pintada na porta do banheiro. Maravilhoso. Morri de rir.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Criatividade

Criatividade é uma coisa que nunca falta aos audazes tacadores de legendas do Rio de Janeiro. Não contentes em bolar camisetas, eles também são poetas. E hoje, depois que um lançador novato expressou certa apreensão sobre lançar um filme num idioma exótico sem legendas em inglês na cópia, nossa experiente Monica Pedreira (mais conhecida por Monica OnTheRocks) compôs um lindo poema sobre as aventuras de ser lançador. Em tempo, Catarina é a gata que mora no Estação Botafogo e é a xodó de toda a equipe.


OS FUNDILHOS DO LANÇADOR AFLITO



Meu assento tem um bolso

Onde fica meu patuá

O fiofó que aqui gorjeia

não gorjeia como lá



Nossas salas têm mais ácaros

Nossos ares, uns horrores

Mas só lá bem nos fundilhos

Só eu sei dos meus temores



Meu trabalho tem sabores

Que tais, não encontro cá

Em cismar, na cabine à noite,

Catarina encontro lá

Não fale senão eu mordo

E apronto um mafuá



Não permita Deus (branco, roxo, cor de rosa) que eu morra

Sem que eu mande para lá

O infeliz de encomenda

Que me fez perder legenda

Mando eu e Catarina

O filho de canguçu

O que perguntou da latrina

Tomar suco de tangerina



Afinal, os fiofós que aqui gorgeiam

não gorgeiam como lá



(Da série “Senta no Formigueiro Depois me Conta”)

A camiseta

Ser tacador de legendas num festival de cinema é fascinante, viciante, mas ao mesmo tempo tem sua parcela de problemas. E a maior parte desses problemas é resultante do fato de que o público não faz ideia de quem é aquela pessoa no meio do cinema com um computador ligado. Então enquanto você está tentando se concentrar num filme em basco sem legendas, vem gente te perguntar onde é o banheiro, se dá para abaixar o som e o ar condicionado, que horas são, se o filme já começou há muito tempo, se dá para desligar o computador, todo tipo de coisa. Já tive gente vir falar comigo e me obstruir completamente minha visão da tela. E se você não vê a tela, não pode lançar as legendas. Daí uma de nossas colegas imaginou uma camiseta com todos os dizeres mais importantes para já ir respondendo as perguntas cruciais do público. E até fizeram um desenho da camiseta. É uma maravilha. Quem sabe, ano que vem, a gente usa a camiseta pra valer.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Regressiva


Está chegando a hora. Sexta-feira começa a monstratona. Por uma vez na vida não vou ficar a maior parte do tempo no Odeon. Francamente, me cansei um pouco dos atrasos e discursos, e é a mesma coisa todo santo ano. Voltei às minhas origens, em Botafogo e, agora, para a Gávea. É bom variar de vez em quando. Não consegui chegar na minha meta de 70 sessões já que não poderei lançar no último dia. Vou estar num avião me mandando para São Paulo. E também não farei a repescagem este ano já que, obviamente, estarei na Pauliceia enquanto ela rola. Mas ano que vem, pode apostar, eu chego lá.

domingo, 2 de outubro de 2011

Largada

E foi dada a largada. Fomos reunidos em um cinema em Botafogo, nosso tão tradicional ponto de encontro, numa também tradicional manhã de domingo para reivindicarmos as sessões a que achamos fazer juz. Uns querem mais, outros menos. Outros querem quebrar recordes (esta que vos fala). Muitos estão com sono. Afinal, quem é que quer acordar às 7:30 num domingo de manhã, mesmo que seja para fins de ganhar dinheiro? Nossos valentes líderes muito graciosamente sempre fornecem uma mesa com comes e bebes, e que acaba virando ponto de encontro e centro de fofocas paralelas. Mesmo quem não me conhece bem sabe que estou felicíssima nesta manhã apesar de ter dormido muito pouco. Eu passo o ano inteiro esperando por este evento, pela adrenalina, pelo reencontro com os amigos tacadores. A essa altura, o leilão parece desfile de escola de samba de tão cronometrado. Tem hora para começar e para terminar. Estamos ocupando uma sala de cinema. Uma hora temos que desocupá-la. Este ano vai ser um pouco estranho porque não só vou perder o último dia do festival viajando para São Paulo como não estarei presente durante a repescagem. Vai ser a primeira vez em 14 anos. Mas talvez eu consiga chegar à meta de 70 sessões, coisa que nunca tinha feito. Ainda tenho de receber a confirmação das sessões e ver se há alguma sessão vazia que eu possa pegar. Veremos.