quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Criatividade

Criatividade é uma coisa que nunca falta aos audazes tacadores de legendas do Rio de Janeiro. Não contentes em bolar camisetas, eles também são poetas. E hoje, depois que um lançador novato expressou certa apreensão sobre lançar um filme num idioma exótico sem legendas em inglês na cópia, nossa experiente Monica Pedreira (mais conhecida por Monica OnTheRocks) compôs um lindo poema sobre as aventuras de ser lançador. Em tempo, Catarina é a gata que mora no Estação Botafogo e é a xodó de toda a equipe.


OS FUNDILHOS DO LANÇADOR AFLITO



Meu assento tem um bolso

Onde fica meu patuá

O fiofó que aqui gorjeia

não gorjeia como lá



Nossas salas têm mais ácaros

Nossos ares, uns horrores

Mas só lá bem nos fundilhos

Só eu sei dos meus temores



Meu trabalho tem sabores

Que tais, não encontro cá

Em cismar, na cabine à noite,

Catarina encontro lá

Não fale senão eu mordo

E apronto um mafuá



Não permita Deus (branco, roxo, cor de rosa) que eu morra

Sem que eu mande para lá

O infeliz de encomenda

Que me fez perder legenda

Mando eu e Catarina

O filho de canguçu

O que perguntou da latrina

Tomar suco de tangerina



Afinal, os fiofós que aqui gorgeiam

não gorgeiam como lá



(Da série “Senta no Formigueiro Depois me Conta”)

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