sexta-feira, 30 de março de 2012

Pesado

Minha vida segue um pouco caótica. Literariamente as coisas vão bem. Devo terminar a segunda versão do romance em progresso este sábado. E domingo tenho um almoço com umas amigas. Estou precisando desses encontros com os amigos. Venho carregando um peso que infelizmente não posso botar no chão. Ainda tenho muito o que fazer nesse romance e vou tentar me concentrar nele nas próximas semanas para tentar aliviar as coisas. Começar a digitar tudo é o que vai me ajudar a me dar mais clareza. Sinto que ainda há muito por explorar. Tem dois personagens que eu mal explorei e tenho de preencher o passado do personagem principal com esses dois. E também quero inserir mais alguns fatos históricos em 1989 para dar um pouco do gosto dessas época. E também relembrar alguns de 2009. Tem tanta coisa para fazer e é uma das coisas que eu gosto nos romances. Ele não se esgota rapidamente. Tem sempre mais alguma coisa para se ver.

Estou super feliz que amanhã é sábado. Estou precisando.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Amigas

Um encontro entre amigas depois do trabalho. Na Travessa. Em geral eu não chamo as pessoas para a livraria, quero preservar aquele espaço só para mim. Mas essas são amigas especiais e quis que elas vissem o lugar onde moro aos sábados. Depois da rasteira, não podia haver uma noite melhor.

terça-feira, 13 de março de 2012

Rasteira

Às vezes a gente leva rasteiras que não esperava. O céu cai na tua cabeça e você não sabe o que fazer. E aí você começa a se mexer. Faz uma ligação, toma uma providência. Daí nada é tão pesado quanto era há poucos dias. O movimento nos salva.

domingo, 11 de março de 2012

Surpresa

Surpresa. O sábado foi feito de surpresas. Algumas não eram para mim. Ficaram sendo meio que por tabela. Tudo começou com surpresas na livraria, aquelas frases que aparecem no caderno e depois você se pergunta de onde vieram. Depois, de noite, teve o aniversário de uma amiga. Restaurante, cheio de gente, quilos e quilos de amigos. De repente, teve uma hora em que uma boa parte do pessoal foi embora. Fui ficando, fui ficando e, quando vi, estava indo para o apartamento da amiga, ostensivamente para chamar um táxi. Era tarde, já passava e muito da meia-noite. Pensei, por que não, é uma gentileza e sempre se deve aceitar uma gentileza. Chegamos no apartamento, e... Surpresa! O pessoal que tinha saído do restaurante foi para a casa da aniversariante preparar a surpresa. Claro que eles esperaram séculos porque também levamos séculos para sair do restaurante e eles acabaram com praticamente toda a cerveja que tinha na casa, mas foi divertido e ainda ficamos mais um tempo conversando até minha pilha pifar completamente. E só aí eu fui para casa.

sábado, 10 de março de 2012

Privilégio

Novo fim de semana. O fim de semana passado foi ótimo. No sábado passado escrevi para caramba e no domingo fui a um almoço na casa de umas amigas que foi absolutamente divino. Tudo bem que fui eu que fiz parte da comida, mas a parte divina tinha mais a ver com a companhia. Mas até mais do que tudo isso, o fim de semana foi fantástico para mim particularmente porque comecei a receber os primeiros retornos sobre o romance em progresso. Claro que é muito bom ouvir das pessoas que elas gostam do que você escreveu, mas o que efetivamente interessa é saber o que funciona e o que não funciona no texto. E não há dinheiro que pague ter as pessoas certas lendo o seu texto e podendo te dar uma opinião sincera e refletida. Já comecei a ver como posso mudar algumas coisas, já tomei uma decisão sobre como alterar uma narrativa de um personagem específico. Conseguir se distanciar daquilo que você escreve é extremamente difícil. São os leitores amigos que te ajudam a enxergar as besteiras. São os leitores amigos que vão te guiar na fase final de escrita do romance porque são eles que te dizem onde estão os buracos, os erros, as repetições. Encontrar gente que possa fazer isso por você é maravilhoso. E, para mim, é um privilégio ter pessoas tão legais lendo meu texto e me dizendo o que acharam.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Receita para escrever

Há vários anos eu não fazia ideia do que era ter disciplina para escrever. Eu escrevia aqui ou ali, apenas quando tinha uma ideia. Até podia passar longas temporadas sem produzir nada. Muitas pessoas me disseram que eu nunca teria uma grande produção se eu não tivesse disciplina. Eu dava uma risadinha, acreditando que nunca encontraria essa disciplina. E aí quando comecei meu romance, aos poucos, eu achei a fórmula da minha disciplina. Sair de casa, ir para a Travessa, me isolar do barulho em volta com os fones de um MP3 player, basicamente carregar meu escritório e tudo de que preciso na minha mochila.

Uma amiga minha que é escritora já andava se lamentando comigo há tempos de não conseguir achar tempo para escrever. Eu disse a ela o que eu tenho dito a outras pessoas (e que também ouvi de outros escritores): sem disciplina não vai dar certo. Todo mundo tem uma vida enrolada, cheia de eventos, reclama que não tem tempo. Ao iniciar minha rotina de trabalho na Travessa, eu percebi algumas coisas. É uma espécie de receita para achar tempo para escrever.

Primeiro, você tem que se dar esse tempo para escrever. Se ficar esperando o tempo aparecer, vai ficar esperando para sempre. Decrete um horário ou dia sagrado para escrever. E com sagrado, quero dizer sagrado mesmo. Qualquer intrusão no ritual da escrita tem de ser considerada como uma blasfêmia. Este é um tempo para você, só para você e ninguém pode invadi-lo. Pode ser mãe, pai, marido, filho, cachorro amado, não interessa. É uma droga, você tem que ser egoísta, chato, antissocial, mas é uma coisa que, no fim das contas, vai ser para o seu bem porque vai te reconectar com algo que é essencial na sua existência.

Segundo, elimine distrações. Sei que parece doideira, mas eu me concentro melhor na livraria do que em casa. Simplesmente, sair de casa me afasta das distrações de TV, computador, Internet, cachorro, barulho de vizinho. Eu uso o MP3 player não só para cortar o ruído externo, mas também para criar um clima com a música. E isso meio que cria um mundinho que só existe na sua cabeça, te distancia do resto, te deixa mais propício para a escrita. Se você precisa do seu micro para escrever, então desligue a internet, desligue o celular, bote um aviso de "Do Not Disturb" na porta, qualquer coisa para evitar interrupções. Mas se puder, saia de casa. Não há nada melhor que a velha fórmula de um caderno e uma caneta e um copo de seja lá o que for que você goste de beber. Só não recomendo se encher de cerveja ou vinho. Não vai dar muito certo. Se bater na parede, leia um livro, dê uma volta, olhe a vizinhança. Eu muitas vezes uso detalhes do que vejo em volta para dar um gostinho a mais na cena. 

Terceiro, não desista. Encontre as coisas que te deixam cheio de energia, com a cabeça a mil. Talvez leve um tempo para encontrar o encaixe certo de fatores. Mas uma bela hora tudo vai se acertar e você vai começar a escrever para valer. É que nem fazer exercício. Primeiro você fica ofegante depois de correr uma quadra, depois consegue correr três, quatro quadras, e quando vê está se inscrevendo na maratona. E quanto mais se escreve mais isso puxa outras ideias, como aqueles lenços amarrados que saem da cartola de mágico. Esse é que é o grande pulo do gato.

Quarto, divirta-se. Escrever deveria ser um prazer. Então mande ver e se divirta. Você vai ouvir críticas, vão te encher o saco, mas quem gosta de você vai entender. Então siga em frente e deixe os chatos falando sozinhos.