domingo, 24 de novembro de 2013

Reformas e puxadinhos

Aos poucos as coisas vão entrando nos lugares. Esta semana abri a última caixa de livros. Não esvaziei todas, mas as prateleiras estão começando a ficar com a cara que eu quero. A estante da sala está quase toda preenchida e as estantes do quarto já estão com várias coleções de livros já instaladas. Está indo devagarinho e estou curtindo o processo. Seria mais fácil se eu simplesmente organizasse os livros alfabeticamente por autor, mas essa organização surgiu organicamente à medida que minha biblioteca cresceu de umas poucas dezenas de livros para sei lá quantos tenho agora e foi ficando. Podia simplificar as coisas, mas desconfio que não seria tão divertido se fosse simples. Para muitas coisas sou muito desorganizada, mas em outras sou extremamente rigorosa. É assim para todo mundo? Minha mochila é mais bem dividida que muito bat-cinto de utilidades. E minha mesa tem todo tipo de coisa acumulada de notas fiscais de coisas que comprei a inúmeros fios e fones de ouvido e timers para controlar o tempo do que estou cozinhando, embalagens de remédio para gripe, panos para tirar o pó dos livros antes de colocá-los nas estantes. 
O que é legal é que é o meu apartamento que vai ficar com minha cara porque vou arrumá-lo para ficar do jeito que eu quero. Acho que não fico tão feliz assim com um novo apartamento desde que saí da casa da minha mãe. Não é surpresa para mim que as pessoas busquem tanto ter um canto só seu, mesmo que seja um barraco no lado de um morro. Os americanos falam em renovation, a gente tem o puxadinho. Adoro essa coisa de sempre querer esticar a casa um pouco mais para o lado, botar mais um terraço, uma varanda, sei lá.
Agora eu moro em uma vila que antigamente era feita de pequenas casinhas de um só andar. Digo antigamente porque atualmente sobrou apenas uma casa nessa configuração original. Todas as outras casas foram reformadas, ganharam mais dois ou três andares. Cada um dos donos refez a casa ao seu modo. E dá para ver que o interior de várias dessas casas ficou lindíssimo. Alguns ainda estão fazendo isso. Você chega do trabalho e tem uma pilha de areia e tijolos no meio do caminho. Ou como vi esta noite, um fogão velho largado do lado de fora da casa porque tinha obviamente sido substituído por um novo. Senti pena do fogão velho, largado na chuva. Tadinho.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fim de férias

Acabaram as minhas férias. Peninha. Eu tinha alguns planos para essas férias. Trabalhar no Festival do Rio foi um deles. Terminar de arrumar minha casa foi outro. Mas esse ficou pelo caminho. Terminado o Festival, me deu uma preguiça enorme. Olhei as caixas todas, estava quente, eu só queria passar uns dias sem fazer nada, o que é verdadeiramente uma ocorrência muito rara na minha vida. Não fazer nada. Nada. E é a melhora coisa do mundo não fazer nada. Pena que dure tão pouco e o dia passe tão rápido.
Tive um dia de repescagem no Moreira Salles, onde aproveitei para almoçar no café deles. Minha ideia era tirar fotos da casa, mas justamente nesse dia choveu durante a quarta-feira inteira. Pena, mas pelo menos posso voltar um outro dia. Ano que vem vou poder marcar minhas férias para me deixar mais tempo livre depois de terminar o festival. E aí, quem sabe, eu possa até viajar para São Paulo. Sinto falta da Pauliceia Desvairada e de poder me desvairar nela.
As férias também me permitiram voltar a sentir o que era ser freelancer e confesso que continuo a sentir falta disso apesar de não querer abrir mão de um salário fixo. Claro que quero voltar a ter a liberdade de antes, de poder estar na rua no meio da semana se tivesse vontade, de poder tirar um cochilo no meio do dia se tiver sono. Preciso arrumar mais trabalho, preciso voltar a sair em campo, buscar mais freelas. Estou às voltas com o Mix Brasil, mas queria fazer mais filmes, mais programas de TV. Sinto falta desse tipo de tradução. Passar um mês inteiro voltada para isso me fez ver o quanto gosto de traduzir para cinema e TV. Vamos correr atrás e ver no que vai dar.
Em tempo: essa semana, no trabalho, vi que um cliente que visitei antes das férias pediu por mim especificamente para traduzir um texto porque eles gostaram da minha tradução. Isso fez bem ao meu ego meio maltratado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fest-Riot is over

Acabou o Fest-Rio e esse ano a coisa foi bem pauleira. Teve um pouco de tudo. Manifestantes tentando invadir o Odeon, houve os avistamentos do famoso mijão, sexo dentro da sala de cinema, a venda dos assentos ocupados pela legendagem, os questionamentos existenciais nos emails da lista de email da legendagem. Mas depois que o festival passou praticamente em branco para mim ano passado, o cansaço, as 4 horas de sono por noite, a correria para terminar filmes trabalhando no laptop entre as sessões, tudo isso compensou pela felicidade de estar envolvida de novo no meio da zona, dos chopes, chegar em casa às 3 da manhã, ver pessoas queridas de novo.
Aliás, houve um certo choque quando cheguei para o leilão no domingo antes do festival. Eu não conhecia muitas das pessoas ali presentes no velho Unibanco 3. Está havendo uma mudança da guarda. Gente nova entrando, gente das antigas indo fazer outras coisas. Francamente não gosto disso. Eu gostava do grupo que a gente tinha. Era um bom grupo. Divertido. Sacana. Mais rápido no gatilho para sacanear qualquer coisa que surgisse na lista de e-mails.Claro que há uma certa diversão em assustar os novatos, ou carne fresca como gosto de chamá-los, mas sinto falta daquela camaradagem já estabelecida. Você não tem que ficar explicando certas coisas. O lado bom é poder contar as mesmas velhas histórias pela vigésima quinta vez.
Com ou sem gente nova, uma das melhores coisas do festival e a lista de emails da legendagem. Ela foi estabelecida para ajudar na comunicação entre os tradutores que trabalham na legendagem e, nos últimos anos, o pessoal começou a enviar emails jocosos  a tradição se mantém até hoje. Em geral você sabe que o festival está chegando quando você manda um email para tentar resolver uma dúvida de tradução às 2 da manhã e recebe várias respostas imediatas. Ou seja, está todo mundo virando a noite para fechar os filmes que vão passar na primeira semana do festival. E ninguém perdoa nada. Um erro de digitação que transformou "deu branco" em "deus branco" transformou-se em mais uma tradição da legendagem, com tradutores invocando a proteção do deus branco antes de enfrentar filmes difíceis de lançar, tipo russo ou tailandês sem legenda em inglês na cópia. Esse ano foi o ano dos questionamentos existenciais. Um tradutor fez umas perguntas em resposta a um email sobre um filme e pareciam ser perguntas de brincadeira. O que é blindagem? O que é proteção? Não eram, mas todo mundo entrou no esquema. Se alguém mandasse um email sobre sei lá, levar casacos para um determinado cinema por conta do ar condicionado, inevitavelmente alguém perguntava, "O que é ar condicionado?" Outro perguntava "O que é casaco?" E foi assim durante três semanas. Você abria seu programa de email e tinha quarenta, cinquenta emails para ler. Isso todo santo dia. E de repente para tudo e você se sente meio órfã porque aquela comunidade sumiu. E então se inicia a contagem regressiva até o ano que vem. Hoje vou pendurar meu crachá junto com meus outros crachás de festivais passados e torcer que no ano que vem eu consiga quebrar o meu recorde de lançamentos. Esse ano, infelizmente, não deu.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fest-Riot

Este ano o Festival do Rio está enfrentando situações inéditas em seus 15 anos de história. Agora resolveram vender os ingressos com lugar marcado, o que nos cinemas com legendagem eletrônica significa que às vezes vendem as cadeiras em que o legendador está trabalhando. Já houve gente querendo desalojar o legendador à força. Uma delícia. O sujeito se senta, mas todo mundo fica sem legenda. 
O outro fator mais visível tem sido as manifestações violentas no centro, o que levou alguns a brincarem que este ano temos não o Fest-Rio, mas o Fest-Riot. Ninguém disse na reunião da legendagem que teríamos de enfrentar gás lacrimogêneo e PMs que querem descer a porrada em todo mundo. De repente, além da lanterninha LED e do crachá, os legendadores têm de se equipar com coletes à prova de balas de borracha e máscaras contra gás. Será que podemos pedir um adicional por insalubridade? Mal posso esperar pelo minha sessão no Odeon no domingo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Artesanato

Meu armário foi entregue no final de agosto, mas levou um tempo para conseguir que o montador viesse juntar todas as peças. E foi um processo interessante acompanhar o homem montar meu armário, pedaço por pedaço. Não era bem um artesanato, mas senti no homem um orgulho de fazer seu trabalho bem feito. Com o tempo ele havia desenvolvido seu método, suas ferramentas. Tudo tinha um ímã para poder grudar os pregos e parafusos e porcas que ele usava a cada etapa do trabalho. Ele preparou metodicamente cada peça e depois juntou as peças nos seus devidos lugares e quando eu vi, tinha um armário em vez de caixas fechadas, encostadas na parede. A humanidade passou tanto tempo fazendo coisas com as próprias mãos que acho que sobrevive na gente uma certa nostalgia por ter um trabalho em que a gente mete a mão na massa. Quando eu fazia diagramação na Intercorp, adorava quando chegava a época de fazer o Internews, a newsletter da empresa porque significava ficar enfurnada numa sala durante três dias para fazer a arte final. Era um trabalho detalhista e eu adorava porque significava montar algo com as mãos. Sinto falta desse trabalho até hoje. Era o mais perto de um artesanato que eu chegava.

domingo, 8 de setembro de 2013

Mistérios da tecnologia

Mistérios da tecnologia. De repente, minha TV para de responder aos comandos do controle remoto. Troco as baterias, claro, primeira providência. Nada. Faço a mesma coisa com o controle remoto da Sky, que descubro, também pode funcionar como controle remoto da TV. Muito útil. Mesmo resultado. Nada. Os controles que se referem exclusivamente à Sky funcionam perfeitamente. Os que tem a ver com a TV não funcionam. Ó, céus, vou ter de pedir um conserto ou então comprar uma TV nova. E ultimamente, qualquer reparo anda tão caro que é mais jogo comprar um aparelho novo. Começo uma pesquisa em sites na Internet para ver o preço de uma TV de 32 polegadas, que é o que eu tenho, só que não é digital. Desligo a TV, faço algumas outras coisas, volto para o escritório, ligo a TV de novo, testo o controle. Pimba, está funcionando de novo. De repente, foi a ameaça de ser substituída. Sei lá. Não entendi nada. São os mistérios da tecnologia.

sábado, 31 de agosto de 2013

Minha Vida de Sardinha

Eu passei anos indo para o trabalho de ônibus. Não era muito ruim. Eu sentava, abria um livro e saltava no ponto perto do trabalho. Agora que me mudei para Benfica, passei do ônibus para o metrô. E Deus me livre, como o metrô piorou desde que eu ia para Vila Isabel todo dia no meu primeiro emprego, recém saída da PUC. Os vagões vêm atochados de gente e entrar exige muita força física. E aí você vem encaixada contra as pessoas, mantida em pé pela simples pressão de outras pessoas contra o seu corpo. E se entrar é complicado, muitas vezes você não sabe como vai conseguir sair. Eu achava o ônibus ruim, mas eu podia esperar até passar um ônibus no qual fosse possível entrar e sentar. Não é surpresa para mim que quando o trem enguiça as pessoas fiquem revoltadas e comecem a quebrar tudo se é isso o que elas têm de enfrentar todo dia. Estou vendo que vou ter de chegar no metrô mais cedo e sair mais tarde, porque, do contrário, é insuportável. Cada vez mais eu entendo as pessoas quererem ter um carro para fugir disso. Essa vida de sardinha é terrível.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Saudades do Thai Brasil

Toda vez que volto de Paraty, passo uns dias meio decepcionada com a comida aqui no Rio. Isso porque sempre tenho dois motivos para ir para Paraty. A primeira é a FLIP. A segunda é o Thai Brasil. Uma das minhas paixões é a comida tailandesa e a melhor coisa do Thai Brasil é o jeito como a Marina mistura a culinária tailandesa com essa coisa tropical brasileira. O pad thai dela é o melhor exemplo disso, cheio de legumes. O curry de frango verde leva jiló, uma delícia. Passo cinco dias me deliciando com a comida da Marina e de volta a essa cidade caótica e suja, sinto falta desses sabores maravilhosos. E sinto falta da Marina. Não há ninguém que te receba melhor. Ela tem um carinho com os clientes que é incrível. E se você é um cliente assíduo, nossa, ela te trata como parte da família. No domingo, antes de viajar de volta para o Rio, passei minhas últimas horas no Thai Brasil, comendo com o pessoal da cozinha do balcão, conversando, fofocando, curtindo uma comida deliciosa. Saudades do Thai Brasil.

sábado, 3 de agosto de 2013

Mudar?

Desconfio que estou me tornando cansativa para as pessoas que me conhecem. Não paro de falar da casa nova. Hoje passei numa loja para comprar coisas que precisava para o apartamento. Tem tanta coisa para resolver ainda. Acho que, em parte, estou tendo dificuldade para acreditar que vou me mudar. É claro que passar o dia todo na Lersch torna a coisa mais complicada também. Quando me mudei da última vez, estava trabalhando em casa. Podia alternar períodos trabalhando em seja lá o que estava fazendo na época com meter livros em caixas, que me parece que foi o que fiz o tempo todo. Este domingo vou começar a desmontar o escritório, procurando as coisas que preciso jogar fora. E é aqui que realmente preciso jogar fora coisas. É onde tem mais tralha acumulada. Ainda bem que comprei sacos de lixo outro dia. Vou ter de me desfazer de coisas que acumulei e agora não tenho mais como usar, tipo milhões de fitas de vídeo. Alguma coisa vou preservar para passar para DVD. O resto será descartado. Vamos ver o quanto conseguimos avançar neste domingo.

domingo, 21 de julho de 2013

Com a minha cara

Já fechei com o dono de um apartamento na Zona Norte. Agora só falta assinar o contrato. E tenho duas coisas passando pela minha cabeça. Uma, não quero sair de onde estou. Segunda, estou doida para dar o fora daqui. Estou com medo. Medo de estar dando um passo maior que a perna. Mas, francamente, esse é o medo que tenho o tempo todo. Vivo a cata de um paraquedas. Em tudo, eu diria. Meus irmãos é que sempre dispensaram com o paraquedas. Nem sempre deu certo, mas diria que eles não se saíram muito mal nessa história toda. Os dois têm uma carreira internacional e eu aqui ainda na terrinha. 
Então cá estou eu, indo para as áreas selvagens de Benfica, para um apartamento novinho em folha. Uma coisa inédita. Nunca morei em um lugar novo em folha ou que não estivesse meio caído ou que não tivesse azulejos horrendos. Aqui onde eu moro os azulejos são horrendos na cozinha e nos dois banheiros. Em Botafogo, morei em dois lugares com azulejos muito feios no banheiro e no apê da minha mãe os azulejos eram horrendos no banheiro até meu padrasto resolver pintá-los de branco, o que foi um alívio. Fico tentada a me inscrever no Decora e pedir que aquela decoradora me dê um apartamento bonitinho. Já começo a ter uma noção do que quero fazer com o apartamento, como organizar certas coisas. A grande verdade é que nunca tive um apartamento arrumado do jeito que eu queria. Quando me mudei para o Rio Comprido, por certas circunstâncias, tive de me desfazer de muita coisa. Agora tenho de comprar tudo de volta. O que é um pé no saco, mas me permite montar uma casa com a minha cara. E isso vai ser muito bom.

domingo, 14 de julho de 2013

Algumas fotos de Paraty






Livros nas árvores

Saindo do restaurante hoje e caminhando para a livraria hoje em Ipanema, vendo as pessoas por quem passava, me ocorreu que Paraty até certo ponto vira uma filial de Ipanema durante a FLIP. Toda aquela gente com grana, a classe média alta que frequenta a Travessa e que vejo na FLIP, nas filas para entrar na Tenda dos Autores. A cultura "culta" nesse país é sempre tão elitista, é uma pena. Por isso gosto tanto de ver as atividades da Flipinha na Praça da Matriz, as crianças lendo e fazendo atividades de arte e coisas assim. Esse ano tinha uma espécie de oficina para as crianças aprenderem a fazer um cavalo de pau com um cabo de vassoura e uma garrafa PET de 2 litros. Aí você está tirando fotos dos bonecos na praça e é quase atropelada por uma multidão de crianças correndo com seus cavalos de pau. Sempre adoro a ideia das árvores penduradas de livros, como se livros dessem em árvores, como frutas. E o melhor de tudo, são as crianças de Paraty que se beneficiam do que acontece ali. E isso é o máximo. 

sábado, 13 de julho de 2013

Paraty evaporando

Paraty é uma experiência que evapora muito rápido. Enquanto você está lá, tudo parece demorar séculos. Depois que você volta para essa cidade suja e caótica, Paraty vira uma memória distante muito rápido. Mas vou ver se no fim de semana consigo me lembrar do que aconteceu lá. Queria ter feitos uns posts de lá, mas toda vez que voltava para a pousada, em três segundos eu estava dormindo, completamente apagada. O que foi curioso desta vez foi que não entrei no meu tradicional estado de Paraty Zen, aquele esvaziamento da cabeça tão gostoso quanto é irritante porque parte do objetivo de vir para Paraty é poder escrever e você está olhando para o nada. Acho que em parte foi uma questão de ter muita coisa na cabeça, a busca por um apartamento, as mudanças no trabalho, questões ligadas a meu pai. Até consegui escrever um pouco, mas não tanto quanto eu queria. Parte disso também tem a ver com a FLIP, a programação e os horários. E olha que ultimamente só venho comparecendo a duas mesas por dia. Em parte por causa de dinheiro, e em parte para poder relaxar e curtir a cidade. Nas primeiras FLIPs eu queria assistir a tudo. Eu praticamente vivia dentro da Tenda dos Autores, naquele ar condicionado abençoado. Agora ficou caro demais. No meu primeiro ano na FLIP, mil reais davam conta dos gastos fixos, pousada, ingressos, ônibus. Hoje em dia você gasta dois mil reais. Não demorou muito para o pessoal em Paraty se tocar que a FLIP podia ser uma mina de ouro e todos os preços aumentarem para valer. Hoje a FLIP é super cara, mas francamente acho que ainda vale a pena.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Home again

Clark Kent está em Paraty de novo. Ainda bem. Após muita incerteza, decidi vir para a FLIP mais uma vez. O dia mal começou e logo vou rumar para o Centro Histórico assistir minha primeira mesa. Tomara que esta seja uma FLIP legal.

domingo, 16 de junho de 2013

Aluga-se apartamento

Domingo. Fresco, thank God. Ontem foi um dia cheio. De manhã saí em busca de um novo apê. Rio Comprido não mais. Pediram meu apertamento. E acredite, é um apertamento. Só que nisso há dois probleminhas. Quando eu me mudei para o Rio Comprido, tive de me livrar de muitos móveis que eu tinha. Agora terei de comprar tudo de volta. O drama, naturalmente, é ter esse dinheiro. Vai ter de ser aos poucos. Vi um lugar legal em Vila Isabel. Tenho de cruzar os dedos para conseguir o lugar. Apartamento não está fácil atualmente. Ele evapora mesmo enquanto você está visitando o lugar. Foi o que aconteceu semana passada. Uma amiga minha foi ver um lugar para mim e já estavam reservando o apartamento debaixo do nariz dela. Complicado.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Boas notícias

Terminei a primeira versão do romance reinventado. E já iniciei o processo de reescrita. Do jeito mais difícil, com caderno e caneta. Nada tem sido muito fácil ultimamente, então vamos nessa. E francamente, do jeito que minha vida anda complicada, escrever tem sido uma das poucas coisas me dando alguma satisfação. Preciso de boas notícias.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ainda dá um caldo

O que vou dizer não é novidade para ninguém, mas ocasionalmente algo me lembra mais uma vez que o tempo pode ser um aliado. Logo depois de terminar o meu primeiro romance, finalmente me senti livre para iniciar a escrita do segundo após passar seis anos sem conseguir escrever nada além do romance. Escrevi, escrevi, escrevi e cheguei à conclusão que ele não estava dando certo. Eram duas histórias paralelas sobre duas pessoas exiladas na vida, cada uma por seus motivos diferentes. Lá pelas tantas, cheguei à conclusão que a segunda história não estava dando certo e não sabia como fazer funcionar. Tudo bem, meti o romance na gaveta e parti para o terceiro. Hoje de manhã, ao me aprontar para sair para a livraria, avistei esse caderno solto sobre um monte de livros. Que caderno era esse? Abri numa página qualquer e gostei muito o que li. Resolvido, levei o caderno na bolsa para ver o que mais tinha nele. E na livraria percebi que eram trechos do meu segundo romance, o inacabado. O melhor de tudo foi encontrar textos muito interessantes que não lembrava mais. O empo me deu distância para poder avaliar esses textos com um olhar mais objetivo. Vou recuperar os cadernos e relê-los e ver o que dá para fazer com eles. Inclusive porque a primeira história tem a ver com a sensação de ser exilado em sua própria terra, que é algo que tem muito a ver comigo. A segunda história tem de ser totalmente reformulada, mas a primeira ainda dá um caldo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Vivendo na caixinha

Chegou a época do ano que eu adoro. Assim que fica aquele toque de inverno no ar, adoro andar na rua. Fica gostoso sentar num café na calçada, olhando as pessoas passando, escrevendo. Infelizmente, acho que este ano não vai dar para ir a Paraty na FLIP, mas quem sabe no final do ano, quando eu sair de férias. Na prática, vou tirar férias para poder trabalhar no Festival do Rio. Esse infelizmente passou meio em branco ano passado. Mas este ano pretendo quebrar todos os recordes. Inclusive porque me dá uma boa grana.
A gente fica correndo em círculos nessa nossa rotina e percebi há umas semanas que não tenho me desviado do meu roteiro habitual de trabalho, café para escrever depois do batente, livraria nos fins de semana. Tive de ir para a Barra para resolver umas questões de família e acabei no Barrashopping para almoçar antes de voltar ao trabalho. Mais tarde eu brinquei com meu supervisor que um novo mundo havia se descortinado para mim. Em termos práticos, isso não estava tão longe da verdade. Eu não ia ao Barrashopping há tanto tempo e subitamente, ao partir no táxi de volta para o centro, me deu vontade de explorar de novo aquela área. A gente descobre que mora numa caixinha e quem nos meteu nela fomos nós mesmos.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Desvios

Fim de semana de descanso. Fim de semana de escrita. Os dois para mim são sinônimos. O texto vem mais devagar do que em semanas anteriores. Tudo bem. Sabia que a febre não podia durar eternamente. Foi bom enquanto durou porque me permitiu produzir quase dois terços da nova versão do romance em coisa de dois meses. Nunca escrevi tão rápido. O curioso desse fim de semana é que eu começo num determinado ponto e de repente a cena dá uma virada inesperada e eu acabo em um lugar totalmente diferente. Esse é sempre um processo muito estranho. Por que você se desvia daquele caminho que tinha traçado inicialmente. E por que é que você não foi parar naquele lugar que tinha imaginado? Só Deus sabe.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Feriado

Não há nada melhor que um feriado no meio da semana quando tudo o que você quer fazer é escrever. Você está na sua mesa no trabalho e tudo o que te passa pela cabeça é a conta dos minutos que faltam até você poder sair voando para o elevador e se juntar à multidão na rua que avistou pela janela do alto do 34º andar. Essa não é uma crítica ao meu trabalho, mas é que qualquer trabalho está em segundo lugar para a escrita.
Aquela efervescência terminou, mas sigo produzindo de uma maneira constante e isso me agrada muito. Me custa um pouco mais a imaginar qual vai ser a próxima cena. A sequência que leva ao final da história é sempre a mais complicada.
Há uns dois anos compareci a uma mesa redonda com Elvira Vigna e alguns outros escritores. E na época achei curioso que todos falassem da importância de encontrar o narrador certo para contar a história quando até então meu narrador sempre era o protagonista da história. Nunca senti necessidade de mudar isso. Até agora. A melhor decisão que tomei nesse romance depois de jogar o primeiro texto fora foi trocar o narrador do protagonista em primeira pessoa para um narrador em terceira pessoa. A distância entre o protagonista e o narrador me permitiu ocultar informações, criticar o protagonista e eliminar todas as lamentações e autocomiseração que pesavam a narração original. Foi com grande prazer que descobri que de fato o narrador realmente pode afetar o tom de um texto. E a coisa que sempre quero ao escrever um novo projeto é sentir que meu texto está evoluindo.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cooling down

O fogo finalmente está acabando. Sigo escrevendo, só que não com a urgência das últimas semanas. Não vou esquentar. Essa febre do último mês acabou resultando em 150 páginas de caderno, o que me deu 75% do que escrevi até agora. Também acho que não dava para continuar nessa febre já que cheguei num ponto em que preciso decidir como encaminhar a história até o fim. Também não tenho tido tempo de fazer uma das coisas que vêm alimentando esse processo que é assistir determinados filmes que tratam de alguns dos temas do romance. Isso tem me dado uma carga de emoção que depois jogo no papel.
Um dos filmes que descobri nesse processo foi Rachel Getting Married, do Jonathan Demme, que é muito interessante não só pela temática, mas pela forma como foi filmado, praticamente como um documentário, com muita câmera na mão, muito improviso, música registrada enquanto é tocada durante o momento da filmagem. Fico torcendo que o Demme faça mais filmes assim. O resultado foi extremamente interessante. Desconfio que parte dessa matéria cinematográfica esteja entrando no texto porque tem horas (como hoje na Travessa) em que penso que seria mais fácil se eu pudesse mostrar a imagem do que estava passando na minha cabeça. Há momentos em que é muito melhor mostrar a pessoa sentindo a emoção do que ter de descrevê-la. Inclusive porque você corre o risco de cair no clichê. Ocasionalmente, acho que deveria tentar escrever um roteiro de cinema. Só que normalmente escrevo histórias que acontecem mais dentro da cabeça dos personagens do que fora. Agora que me vejo escrevendo algo que efetivamente acontece no tempo e espaço e tem ações e quase nenhum flashback (ao menos atá agora), de repente a ideia de escrever um roteiro está parecendo mais viável. Essa é uma coisa que ainda está no futuro.

domingo, 14 de abril de 2013

Febre

Só hoje eu percebi que faz um mês que estou nessa febre de escrever, o que é muito incomum. Esse tipo de empolgação constante não costuma se sustentar por muito tempo. E também percebi que posso estar dando um passo maior que a perna nesse romance. O que, na prática, é justo o que eu quero. Escrever nunca é só escrever, é tentar avançar a cada coisa que se faz, Tenho de trabalhar amanhã, mas vou tentar escrever mais um pouco.

domingo, 7 de abril de 2013

Felicidade e adrenlina

Não tem nada melhor que a sensação de voltar para casa depois de escrever na Travessa e estar quicando de felicidade e adrenalina. Escrever esse novo texto está sendo uma experiência sem igual. Minha prioridade é escrever. O resto do tempo eu fico esperando até a hora de poder escrever. Durante o almoço peço sempre os mesmos dois pratos, em dias alternados, como o mais rápido possível e isso me dá pelo menos uns 20 minutos para escrever até ter de voltar ao trabalho. Depois do expediente, se eu posso, passo num café e escrevo mais uma hora antes de ir para casa. E aí tem o fim de semana. Sábado e o domingo também, se não tem um freela urgente. Vivo para escrever. O emprego é só para financiar isso. Ponto.

domingo, 31 de março de 2013

Leve, leve

Ando meio obcecada com o Inside the Actors Studio. Todo dia no trabalho, enquanto tenho de produzir apresentações de empresas e textos de cursos e treinamento, fico ouvindo os programas através do meu fone. De programa de TV virou uma espécie de rádio. Tem entrevistas que já ouvi várias vezes. E nisso eu guardei uma coisa que achei interessante. Vários atores leem o roteiro, fazem a pesquisa, depois deixam tudo de lado na hora de atuar. Foi meio o que eu fiz com o Outros Outubros, que agora não lembro qual o número dele como romance em progresso. And who cares? Mas ao jogar fora o primeiro manuscrito, acho que me livrei de um peso, uma bagagem que venho carregando há um tempo enorme, dessa novela que eu queria fazer dar certo. E tem dado muito mais certo do que eu imaginava. Imediatamente eu reescrevi uma cena de crise e senti que podia dar muito certo essa coisa de ter ejetado a bagagem. A grande verdade é que essa história vem quicando na minha cabeça há muitos e muitos anos. E já tentei fazer ela dar certo umas trocentas vezes. Mas ao jogar fora tudo o que eu tinha pensado e elaborado e estruturado, com essa ideia de ficar indo e voltando entre 1989 e 2009, me voltei para o que era essencial na história. E isso tem dado tão certo que fico buscando cada momento vago para escrever. Saio do trabalho e vou num café próximo para escrever por pelo menos uma hora. Ou então devoro minha comida o mais rápido possível na hora do almoço, empurro o prato pro lado e escrevo por uns vinte minutos. Mal estou lendo. Nem preciso. Ler é uma coisa que costuma me dar combustível para escrever. Mas agora não sinto necessidade. O texto vem brotando, brotando. Me vejo escrevendo cenas que não entraram na história original. E praticamente não há flashbacks para 1989. É praticamente tudo em 2009. E é tudo ação, ação, ação, o que é muito incomum para mim, que adoro uma cena de reflexão, ter o personagem pensando sobre as coisas. Passei o fim de semana na Travessa e ao sair de lá hoje, lamentei muito não ter mais um dia. Vou ter de esperar até sábado que vem, mas pode apostar que essa vai ser uma semana em que frequentarei o café. Fica caro para mim no fim das contas, mas me sinto muito mais feliz quando o texto chama e eu atendo. Porque, do contrário, vou subir as paredes. Eu me conheço.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Fumacinha

Passo na porta do cinema Odeon a caminho de casa. O filme em cartaz? Habemus Papam.

domingo, 17 de março de 2013

Os Idos de Março

Os Idos de Março. Essa data é eterna e foi meio inevitável chegar em casa e assistir a um vídeo de Júlio César de Shakespeare. Só que não era a versão clássica com Marlon Brando. Ano passado, durante um festival de Shakespeare na BBC, achei uma montagem da Royal Shakespeare Company em que Roma é uma república africana e todos os atores são negros. Uma das coisas que mais gosto nessa montagem é como o texto fica muito claro. Em tantas montagens você não consegue ouvir o que é dito e isso me frustra bastante.
E depois dos Idos de Março, dois dias na Travessa. Faz muito tempo que não sinto tanta satisfação após passar um dia inteiro escrevendo. Estava precisando dessa confirmação que sim, escrever é o que mais gosto de fazer, é aquilo que me completa.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Inside

Descobri recentemente que há episódios inteiros do "Inside the Actor's Studio" no YouTube. Então agora passo meus dias na Lersch com fones de ouvido e um episódio do Actor's Studio tocando no meu Firefox. É que nem escutar o rádio e meus dias são muito mais agradáveis. Sempre fui fascinada por esse programa. O episódio do Robin Williams é suficiente para me deixar feliz por muitos e muitos dias. E o que sempre me interessa nessa série é a descrição do processo do ator. Que eu acho que tem semelhanças com o processo do escritor. Com a diferença que o escritor tem que desempenhar todos os papéis. E o desafio sempre é tentar criar personagens que se descolem de você. O que com certeza não é mole porque a única perspectiva que você tem é a sua. Como é que você consegue se imaginar no lugar de outra pessoa? Esse é o propósito de cada romance para mim, criar personagens.
Outra coisa que ando pensando cada vez mais ao ver o "Inside" é tentar escrever um roteiro. A minha eterna dificuldade é que todas as minhas histórias acontecem dentro da cabeça dos personagens. Vou continuar pensando. E vou estudar os filmes de que gosto muito mais. Quem sabe surge uma ideia disso. Boa parte das minhas ideias de estrutura vem de séries e filmes. De repente uma ideia de filme surja de um livro.

domingo, 3 de março de 2013

Desorientada

Só fui na livraria hoje, consequência de um roteiro que tive de traduzir a toque de caixa e só consegui terminar no meio do sábado. Trabalhei um pouco em um dos romances. Ainda não sei em que direção devo ir. Não consigo arrumar tempo para pensar no que vou fazer a seguir. Tomara que essa semana agora seja mais tranquila.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Depois do carnaval

A melhor coisa do carnaval? Eu dormi. Eu dormi. E para quem estava com um déficit de sono monumental, poder dormir foi a melhor coisa do mundo. Às vezes as coisas mais simples do mundo são mesmo as melhores. Passei três dos quatro dias do carnaval escrevendo na Travessa. Teria passado quatro, mas eles insistem em fechar na terça-feira gorda, fazer o quê? Não vou dizer que foi uma ótima produção. A verdade é que estava muito distraída pelo que estava acontecendo na Travessa e na rua. Passei as tardes vendo as turbas carnavalescas passando a caminho do bloco. De noite, ao perceber o movimento na direção contrária, levantava acampamento e corria para pegar um táxi antes que eles se tornassem escassos. E deu certo nas três noites. Não demorei mais de 10 minutos para achar um táxi. Nem precisei sair em peregrinação em busca de transporte. E hoje, ao contrário de outros carnavais, nem parecia que tinha desfilado um bloco. Fui ao mercado tranquilamente e voltei para casa em tempo recorde.
Este sábado acabou sendo um dia mais produtivo. Mas não é bem isso que me preocupa agora.
Neste momento tenho um romance pronto (e eternamente procurando por uma editora). Um segundo romance semipronto e que preciso enfim sentar e dar uma última revisão (o que provavelmente vai significar reescrever dois dos personagens, o que já comecei a fazer para um deles). Tem um terceiro romance que fracassou e estou tentando ressuscitar escrevendo tudo do zero e tem um quarto romance que me parece ir bem, mas está com uma certa dificuldade de avançar porque estou lidando com um outro romance diferente ao mesmo tempo. Tenho que decidir no que trabalho agora ou não vou conseguir avançar em nada.
Também tem a frustração de não conseguir achar algo que diferencie esses textos, uma estrutura, uma maneira de contar a história que seja suficientemente diferente um do outro. Estou descobrindo aquele fenômeno que acontece com os escritores com uma certa frequência. Suas ambições excedem sua capacidade. Talvez ainda possa fazer a misturada de 2009 e 1989 que queria com o terceiro romance, mas primeiro preciso fazer esse funcionar antes de poder pensar em brincar com a estrutura.
Vou pensar um pouco esta semana e depois vou tomar uma decisão.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Estou viva

Sim, estou viva. Não durmo direito há séculos, estou super cansada, mas estou aqui e viva. O bom desse carnaval é que estou podendo fazer o que queria. Descansar, escrever, dormir. É verdade o que dizem. As melhores coisas da vida são as mais simples. Dormir virou um luxo. Ter tempo virou um luxo. Ter um dia para não fazer nada virou um luxo. Queria ter a minha velha vida de volta que apesar de caótica ainda me dava um pouco mais de tempo. E eu conseguia dormir. Mas tudo tem a sua hora. Quem sabe eu consiga endireitar minha vida ainda esse ano. Vamos torcer. No mínimo vou tentar comprar uma nova cadeira para resolver meu problema com a velha, que virou um elevador.
Na segunda vou voltar a enfrentar as turbas carnavalescas e passar meu dia escrevendo. Não tem nada melhor que isso no momento.