quarta-feira, 1 de maio de 2013

Feriado

Não há nada melhor que um feriado no meio da semana quando tudo o que você quer fazer é escrever. Você está na sua mesa no trabalho e tudo o que te passa pela cabeça é a conta dos minutos que faltam até você poder sair voando para o elevador e se juntar à multidão na rua que avistou pela janela do alto do 34º andar. Essa não é uma crítica ao meu trabalho, mas é que qualquer trabalho está em segundo lugar para a escrita.
Aquela efervescência terminou, mas sigo produzindo de uma maneira constante e isso me agrada muito. Me custa um pouco mais a imaginar qual vai ser a próxima cena. A sequência que leva ao final da história é sempre a mais complicada.
Há uns dois anos compareci a uma mesa redonda com Elvira Vigna e alguns outros escritores. E na época achei curioso que todos falassem da importância de encontrar o narrador certo para contar a história quando até então meu narrador sempre era o protagonista da história. Nunca senti necessidade de mudar isso. Até agora. A melhor decisão que tomei nesse romance depois de jogar o primeiro texto fora foi trocar o narrador do protagonista em primeira pessoa para um narrador em terceira pessoa. A distância entre o protagonista e o narrador me permitiu ocultar informações, criticar o protagonista e eliminar todas as lamentações e autocomiseração que pesavam a narração original. Foi com grande prazer que descobri que de fato o narrador realmente pode afetar o tom de um texto. E a coisa que sempre quero ao escrever um novo projeto é sentir que meu texto está evoluindo.

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