domingo, 31 de março de 2013

Leve, leve

Ando meio obcecada com o Inside the Actors Studio. Todo dia no trabalho, enquanto tenho de produzir apresentações de empresas e textos de cursos e treinamento, fico ouvindo os programas através do meu fone. De programa de TV virou uma espécie de rádio. Tem entrevistas que já ouvi várias vezes. E nisso eu guardei uma coisa que achei interessante. Vários atores leem o roteiro, fazem a pesquisa, depois deixam tudo de lado na hora de atuar. Foi meio o que eu fiz com o Outros Outubros, que agora não lembro qual o número dele como romance em progresso. And who cares? Mas ao jogar fora o primeiro manuscrito, acho que me livrei de um peso, uma bagagem que venho carregando há um tempo enorme, dessa novela que eu queria fazer dar certo. E tem dado muito mais certo do que eu imaginava. Imediatamente eu reescrevi uma cena de crise e senti que podia dar muito certo essa coisa de ter ejetado a bagagem. A grande verdade é que essa história vem quicando na minha cabeça há muitos e muitos anos. E já tentei fazer ela dar certo umas trocentas vezes. Mas ao jogar fora tudo o que eu tinha pensado e elaborado e estruturado, com essa ideia de ficar indo e voltando entre 1989 e 2009, me voltei para o que era essencial na história. E isso tem dado tão certo que fico buscando cada momento vago para escrever. Saio do trabalho e vou num café próximo para escrever por pelo menos uma hora. Ou então devoro minha comida o mais rápido possível na hora do almoço, empurro o prato pro lado e escrevo por uns vinte minutos. Mal estou lendo. Nem preciso. Ler é uma coisa que costuma me dar combustível para escrever. Mas agora não sinto necessidade. O texto vem brotando, brotando. Me vejo escrevendo cenas que não entraram na história original. E praticamente não há flashbacks para 1989. É praticamente tudo em 2009. E é tudo ação, ação, ação, o que é muito incomum para mim, que adoro uma cena de reflexão, ter o personagem pensando sobre as coisas. Passei o fim de semana na Travessa e ao sair de lá hoje, lamentei muito não ter mais um dia. Vou ter de esperar até sábado que vem, mas pode apostar que essa vai ser uma semana em que frequentarei o café. Fica caro para mim no fim das contas, mas me sinto muito mais feliz quando o texto chama e eu atendo. Porque, do contrário, vou subir as paredes. Eu me conheço.

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