sábado, 28 de abril de 2012

Vinte minutos

A escrita do novo romance em progresso, o 3 e não o 4 como eu coloquei anteriormente, está sendo uma experiência no mínimo interessante. Não só porque pela primeira vez eu tenho um narrador que não encampa tudo o que a personagem faz ou pelo fato de ter uma personagem propositalmente desagradável e difícil, mas pela forma como ele está sendo escrito, no meio de um restaurante chinês no subsolo do Edifício Avenida Central, com o dono do restaurante correndo de um lado para o outro, tentando agilizar o atendimento aos clientes, garcons correndo de um lado para o outro com travessas super quentes de comida. Não sei como não queimam as mãos. O dono do lugar não deve entender nada porque eu dedico os últimos 20 minutos do meu almoço a escrever num caderno. Não importa. Eu me sinto meio alienígena ali e talvez por isso essa mulher que estou descrevendo no romance está saindo de um jeito tão diferente. Um tema permanece, a impossibilidade da comunicação e a mentira. Mas ninguém morre nesse romance e não quero ficar me debruçando sobre a família. Quero me debruçar sobre ela e sobre como as pequenas decisões que a gente toma determinam quem a gente é. O personagem central do romance anterior não queria agir. A personagem deste romance age, mas demora a perceber o que essas decisões acarretam. E, até certo ponto, eu também não sei no que vão dar as decisões que tomo agora com este romance. Essas coisas a gente só descobre no final.

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