domingo, 6 de junho de 2010

No café


Adoro esta época do ano. Adoro o frio e dormir enrolada no cobertor. Gosto quando saio da Argumento à meia-noite depois de passar o dia inteiro escrevendo e caminhar para o mercado com aquela sensação de inverno no ar, passar pelos blocos de cimento que guardam a calçada pintados como se fossem tótens do Pacífico Sul por algum grafiteiro, as palavras ainda girando na minha cabeça, pedindo que eu escreva mais um pouco. E acho que essa época do ano tem tudo a ver com ficar sentado dentro de um café, escrevendo, olhando a vida passar na calçada pela janela. Claro que esse café imaginário se encontra em Paris ou Nova York. Nem na Travessa nem na Argumento posso ficar vendo a rua como gostaria. O mais perto que chego disso é quando vou ao Café Paraty na Rua do Comércio, sento numa das mesas perto de uma das portas e vejo o pessoal passando, indo ou voltando da Tenda dos Autores. Fico lá entre uma mesa e outra quando a espera é grande. Tomo uma Coca ou duas, escrevo, leio, espero, sou Clark Kent em toda a sua glória. Em dois meses eu estarei lá.

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