quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Do valor educativo de dar de cara na parede

Li a coluna mais recente do Michel Laub para o blog da Companhia das Letras. E fiquei pensando nessa coisa de ter amigos escritores criticando o seu trabalho. Claro que pode ser uma saia justa se você não gosta do texto do amigo. Para mim, algumas das melhores críticas que recebi foram de amigos e arrasaram com o que eu tinha escrito. Foi durante o processo de escrever o primeiro romance. Eu o dei para essas duas pessoas e sinceramente esperava receber elogios, pois ambas já tinham elogiado meu texto anteriormente. E aí vieram as críticas negativas e foi como levar duas cacetadas na cabeça. Fortes, arrasadoras, definitivas. É mole quando alguém vira para você e diz que você esqueceu uma vírgula ou errou um tempo verbal. O mais difícil é te dizerem que você fez merda e ter de reconhecer que isso é verdade. É importante ressaltar que essas críticas vieram de amigos, não necessariamente íntimos, mas que eu sabia serem sinceros e que me diziam essas coisas com a real intenção de me ajudar. A validade da crítica realmente depende da origem. E acho que foi a partir deste momento em que realmente passei a acreditar no valor educativo de dar com a cara na parede. Foi um baque receber essas críticas e fiquei mal por uns dias. Mas depois desses dias, vi que elas eram corretas, respirei fundo, joguei fora dois terços do romance e comecei de novo. E o romance ficou muito melhor por conta disso. Essa é a diferença entre simplesmente meter o pau e fazer uma crítica genuína. Eu sofri com as duas coisas e aprendi a diferenciar entre elas. E em função disso, acho que hoje tenho uma visão mais objetiva do meu texto, do que dá certo e do que dá errado do que tinha antes.
Até o final do ano acho que terei de colocar meu romance em progresso na mão de alguns amigos para receber criticas. Vamos ver no que dá então. Essa é uma espera ainda pior que aguardar um verdicto das editoras. O romance funciona ou não? Os personagens vivem ou não? A estrutura funciona ou deixa todo mundo perdido? As pessoas entendem a proposta? É o que veremos, provavelmente em 2012, porque ninguém nunca lê essas coisas em um ou dois dias comigo. Todo mundo leva uma vida inteira. Quando eu tiver notícias, eu conto.

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