sábado, 1 de janeiro de 2011

Um dia no Leblon

Meu purgatório acabou. Quase uma semana em casa, me sentindo péssima, não sabendo direito se era resfriado, febre, gripe aviária, lepra, peste bubônica. Não tinha energia para nada. Começava a assistir um programa na TV e logo me dava um sono enorme. Dormia, acordava, tentava fazer alguma coisa e aí minha energia caia no pé de novo e em uma hora eu já estava na cama de novo. E apetite zero. Consegui a proeza de passar um dia sem comer nada e não sentir. E me entupi de remédios, torcendo que alguma coisa resolvesse. O pobre Wilson ficou confinado em casa também, porque eu não me sentia bem o bastante para levar ele na rua. Quando levei ele para sair pela primeira vez para passear, ele me lembrou muito o Tim Robbins fugindo da prisão de Shawshank. Bom, para coroar a semana, tive uma queda de pressão e cai, batendo com a cabeça no chão. Fez um corte, sangrou pra burro e tive de passar um tempo com uma toalha na cabeça para estancar o sangue. Resultado: quando eu finalmente botei o pé para fora de casa para fazer compras, eu tinha (e ainda tenho) um ponto bem visível da ferida bem ali onde a testa termina e o cabelo começa e fica bem no meio. A ideia era usar um boné para esconder isso, mas eu sai correndo para não pegar engarrafamento na volta e esqueci. Resultado, lá estou eu no Leblon, fazendo compras e ninguém pareceu ver que eu tinha aquela tremenda ferida na cabeça exceto pela atendente de farmácia. Pedi um remédio de dor de cabeça e ela visivelmente olhou para minha testa com uma cara de "que negócio é esse?" Pelo menos a mulher tinha olhar clínico, o que achei apropriado. De resto, foi um alívio poder sair, ver gente, desviar o carrinho das multidões famintas que invadiram o supermercado, o pessoal comprando garrafas de champagne e tentando decifrar onde começavam as longas filas do caixa. Cheguei em casa meio cansada, mas satisfeita e um pouco descabelada. E, com um pouco sorte, tudo vai continuar assim para que eu possa voltar à Travessa no domingo.

2 comentários:

samya disse...

Cara escritora, passei para te desejar um ano novo cheio de tardes literarias na Travessa e de prefência sem gripe.
Abraços
Sâmya

Anna Luisa Araujo disse...

Obrigada, Samya, estou me sentindo melhor e amanhã estarei de volta ao meu posto, como sempre. Feliz ano novo para você também.