terça-feira, 26 de outubro de 2010

Água

Ocasionalmente, ter um espírito de explorador não compensa. Eu vim a São Paulo com o desejo de conhecer alguns lugares específicos. A Livraria da Vila era uma delas. Sempre vou no estande deles em Paraty e finalmente me ocorreu que eu poderia conhecer a verdadeira aqui na cidade. Pela Internet, eu descobri que havia uma filial da livraria há poucas quadras do cinema onde eu iria passar minha tarde e como eu tinha um buraco de uma sessão, resolvi aproveitar esse tempo livre para conhecer o local. E a livraria é legal. Ela me sugere uma Livraria da Travessa só que sem o charme de Ipanema. Ou o seu tamanho. Se bem que as grandes podem estar mais ao sul ou no shopping. Não sei. O legal foi que achei dois livros ingleses que eu queria muito. Ou seja, mais uma vez, vou sair de Sampa com trinta mil livros na bagagem. Sentei um pouco no café modesto para tomar uma Coca porque eu estava com sede de tanto andar. O que me pega aqui não são as distâncias, são as ladeiras. Eu ando as mesmas distâncias no Rio sem problema. Acho que eu teria de morar aqui para me acostumar com esse sobe e desce constante. Meus músculos não estão acostumados a isso. De todo modo, a má notícia veio quando eu fui voltar para o cinema para minha última sessão do dia. Estava chovendo. Bastante. E na ladeira na Rua Augusta, a água que descia mais parecia uma corredeira. Eu não podia subir aquela ladeira no meu passo normal. Eu tinha de ir no mesmo passo de devagar e sempre que adoto aqui em São Paulo para não morrer botando os bofes pela boca. Resultado, eu voltei ao cinema como se tivesse passado por um dilúvio. Estava molhada até a calcinha. As pessoas no saguão de espera me olhavam como se eu tivesse caído na piscina de roupa enquanto passava a caminho do banheiro. E o dia começou com um céu azul completamente sem nuvens. Mas a lição foi aprendida. Hoje, com um dia meio nublado, eu saio do hotel com meu guarda-chuva. Duas vezes, não.

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