quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pílulas de São Paulo

Pela primeira vez na vida vi um curta sumir. Minha sessão seria composta de um curta e um longa metragem. Fico com o arquivo do curta no ponto para lançar e... cadê o curta? Passam direto para o longa. Achei estranho, mas já vi acontecer algumas vezes. Invertem a ordem natural de curta+longa. Carrego correndo as legendas do longa e seguimos em frente. Só que quando é para o curta começar, nada. Vou para a cabine de projeção e descubro que o curta não está no cinema. Passam rádios para lá e para cá e o curta continua desaparecido. O público esperou um tempo, depois foi embora e eu pensei, beleza, mais um tempinho para trabalhar nos meus outros arquivos. Passou mais um tempo e acharam o curta. Onde estava, quem sumiu com ele, eu não sei, não perguntei, não queria parecer intrometida. De repente, essas coisas podem ser muito pessoais. De todo modo, passou-se o curta e tudo teve um final feliz.
No Rio, terminada a sessão, botam todo mundo para fora sem choro nem vela, mesmo que o espectador vá ficar para a próxima. Aqui, deixam ficar e aí tem toda a trabalheira de conferir o ingresso, verificar o banheiro para ver se não tem ninguém escondido. Numa cidade onde tradicionalmente todo mundo é bem cricri, acho essa atitude estranha, mas cada louco com sua mania.
No final de uma sessão, estou a caminho do banheiro para o pipi preventivo quando a coordenadora da sala me diz que um espectador veio reclamar que eu fiquei falando ao celular durante o filme. Foi mais ou menos a mesma coisa que me acusarem de sair voando de vassoura sobre a Avenida Paulista. A sessão em questão, inclusive tinha sido difícil, exigindo toda a minha concentração já que as legendas na cópia vinham em francês. O lançamento de legendas exige muita concentração e a menor distração pode fazer com que você perca legendas, como alguém perguntando onde é o banheiro ou onde fica a saída ou quanto tempo ainda falta para o filme terminar. Não sei como alguém que eu estivessa falando ao celular, ainda mais porque eu fico bem no cantinho da sala. O mais provável é que fosse alguém ali perto do espectador incomodado, mas eu acabei levando a culpa.
Estou começando a receber perguntas sobre meu trabalho ao final das sessões. Acho que o pessoal ficou mais corajoso no final da primeira semana. Mas ainda estou esperando pela primeira anta que vai me perguntar se eu traduzo o filme na hora. Sempre tem. Todo ano.
Na outra noite, a caminho do hotel, vi um sujeito pulando o muro de uma casa. Fiquei olhando, tentando lembrar qual o número da polícia aqui em São Paulo (na prática, não sei qual o número no Rio), mas não foi necessário dar uma de boa cidadã. O sujeito pulou o muro de novo e deixou a casa.
Fui conferir um restaurante chamado Temakeria que serve, adivinha, temakis. Temakis gigantes, aliás. Me lembrou um pouco aquele programa que fala de comida gigante, o Man vs Food, só que bem mais refinado. Muito bom. O temaki de enguia é delicioso. Fica na Oscar Freire, perto da Augusta. Se eu puder, vou voltar lá antes de viajar de volta para o Rio.

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