domingo, 24 de outubro de 2010

Fazendo ao vivo

A grande verdade é que a maioria das pessoas não sabe o que estamos fazendo dentro da sala de cinema. Eu me lembro de quando colocavam a mesa do lançador na passagem do Unibanco 2 e na saída das sessões, muita gente ficava me olhando ali sentada como se eu fosse uma alienígena. Minha função é muito simples, eu lanço cada legenda do filme manualmente enquanto o filme está correndo. Mais nada. É como fazer a marcação do tempo de um filme, só que ao vivo. Tinha aquela frase do Faustão, "Quem sabe, faz ao vivo". E é isso o que os audazes tacadores de legenda fazem. O problema acontece quando a pessoa com quem você está lidando não sabe o que você faz. Então querem que você mexa na altura da legenda no meio da sessão, querem saber comigo onde está sentado o diretor do filme enquanto estou lançando, perguntam a hora, pedem para baixar o ar, aumentar a luminosidade da projeção, reclamam da seleção de longas daquele ano e sei lá mais o quê. Ontem reclamaram comigo que eu estava falando ao celular durante a sessão. Eu não entendi nada. Pra começo de conversa, meu celular não tocou a sessão inteira. Sem falar que é inviável conversar com alguém durante uma sessão, seja pelo celular ou ao vivo. Qualquer papo atrapalha sua concentração e você perde legendas. As pessoas devem achar que o tacador aperta um botão e o resto é automático. Não é o caso. O audaz tacador realmente tem de ficar acordado e alerta durante o filme todo, mesmo querendo cortar os pulsos depois dos primeiros cinco minutos, o que é uma ocorrência bem comum, eu garanto. Bom, hoje teremos mais sessões para enfrentar num cinema que não conheço. E, graças a Deus, saio cedo do cinema hoje e vou poder jantar numa hora decente. Estou com saudade de um bom kebab de cordeiro.

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