Já fechei com o dono de um apartamento na Zona Norte. Agora só falta assinar o contrato. E tenho duas coisas passando pela minha cabeça. Uma, não quero sair de onde estou. Segunda, estou doida para dar o fora daqui. Estou com medo. Medo de estar dando um passo maior que a perna. Mas, francamente, esse é o medo que tenho o tempo todo. Vivo a cata de um paraquedas. Em tudo, eu diria. Meus irmãos é que sempre dispensaram com o paraquedas. Nem sempre deu certo, mas diria que eles não se saíram muito mal nessa história toda. Os dois têm uma carreira internacional e eu aqui ainda na terrinha.
Então cá estou eu, indo para as áreas selvagens de Benfica, para um apartamento novinho em folha. Uma coisa inédita. Nunca morei em um lugar novo em folha ou que não estivesse meio caído ou que não tivesse azulejos horrendos. Aqui onde eu moro os azulejos são horrendos na cozinha e nos dois banheiros. Em Botafogo, morei em dois lugares com azulejos muito feios no banheiro e no apê da minha mãe os azulejos eram horrendos no banheiro até meu padrasto resolver pintá-los de branco, o que foi um alívio. Fico tentada a me inscrever no Decora e pedir que aquela decoradora me dê um apartamento bonitinho. Já começo a ter uma noção do que quero fazer com o apartamento, como organizar certas coisas. A grande verdade é que nunca tive um apartamento arrumado do jeito que eu queria. Quando me mudei para o Rio Comprido, por certas circunstâncias, tive de me desfazer de muita coisa. Agora tenho de comprar tudo de volta. O que é um pé no saco, mas me permite montar uma casa com a minha cara. E isso vai ser muito bom.