sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bater perna

Se estou meio de saco cheio de ter trinta coisas para fazer e todas ao mesmo tempo, basta olhar para o Wilson e eu me animo. Ele sempre está feliz da vida. E quando eu o levo na rua, nossa, ele fica no céu. Imagino que se ele fosse gente, seria daquelas pessoas que adora bater perna na rua, passar no bar para tomar um chopinho com os amigos, rodar no shopping ou andar na praia num dia de sol. Ele seria super bronzeado, aquele cara que conhece todo mundo, boa praça. Acho que ele passaria o dia todo na rua se pudesse. O que eu mais gosto nos cachorros é essa alegria incontida, essa lealdade interminável deles e também o ciúmes, a disputa por atenção. Cachorro realmente é tudo de bom.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

In their own words

A BBC fez um documentário maravilhoso em três partes sobre a evolução da literatura inglesa usando entrevistas dos seus arquivos de rádio e TV que vão desde Virginia Woolf, no único registro de sua voz, a escritores mais recentes como Salman Rushdie e Ian McEwan. E para acompanhar o documentário, eles reservaram uma parte do site da BBC para vídeos com entrevistas com vários dos escritores que aparecem no documentário. Tem clipes de 6 minutos a 39 minutos. Para quem gosta de literatura é um prato cheio.

Lembrança de São Paulo

domingo, 14 de novembro de 2010

Home again

Apesar da loucura que foi São Paulo, eu sempre consegui achar um momento ou dois para ler e escrever. Esse momento era o das refeições. Geralmente, uma só, ou seja, o jantar. Como era complicado combinar a hora de comer com os outros, acabei passando as duas semanas jantando quase sempre sozinha. Mas, nesse caso, acabava sendo uma solidão meio necessária. Era uma das poucas horas em que eu conseguia relaxar. O resto do tempo foi de trabalho, trabalho, trabalho. Mas ontem pude voltar para a Travessa ontem pela primeira vez que voltei de São Paulo e foi o céu. A livraria estava cheia por causa do tempo chuvoso e eu me senti em casa na hora. Estava precisando dessa folga, de voltar ao contato com meu texto. Hoje vou voltar lá de novo. E torço que o dia seja bem produtivo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

De volta no meu canto

É meio estranho estar de volta ao Rio nos primeiros dias após as duas semanas de São Paulo. Você instantaneamente perde aquela sensação de urbanidade intensa que te cerca na Pauliceia. Saindo do Galeão, você automaticamente dá de cara com a Baía de Guanabara e vê as montanhas à distância, algo que é impensável em Sampa. E no que se coloca o pé em casa, parece que você nunca partiu, as duas semanas da viagem imediatamente se convertem numa espécie de sonho. O mais chato é que quando você acha que vai relaxar, ainda precisa enfrentar as sobras de coisas começadas em São Paulo. Não é agora que você vai descansar. Felizmente, eu consegui que este fim de semana fosse vazio e por isso vou poder passar três dias na Travessa. Um descanso afinal.

sábado, 6 de novembro de 2010

Encontro fortuito


Último dia em São Paulo, vou comer torta de musse de chocolate na Livraria Cultura. Esse virou meu ritual de despedida da cidade. E olha quem encontro no café? Elvira Vigna, super escritora, fazendo um lanchinho também. Conversamos e nos despedimos. Foi uma ótima maneira de passar minhas últimas horas na cidade. Até o ano que vem.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Embarcar

Malas quase prontas. Últimos detalhes. Vou passar na Cultura para comer a já tradicional torta de musse de despedida de São Paulo. Depois fecho tudo e me mando para o aeroporto. A noite foi passada praticamente em claro, então imagino que eu vá desmontar no avião. Melhor assim. A espera é menor. Estou doida para chegar em casa.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dicas

Volta e meia, as pessoas vêm me perguntar como posso lançar um filme numa língua exótica sem qualquer tipo de legenda na cópia. Quem senta perto de quem lança sabe que a tela de lançamento é dividida em dois lados. No lado esquerdo temos as legendas e no direito as dicas indicando o que lançar e quando. O negócio é que essas dicas podem ser, digamos, interessantes. Normalmente, você lê coisas como: ignorar vozerio, abre a porta, mulher de verde fala, depois de pular no rio, e por aí vai. São deixas visuais que te orientam para você saber que está lançando a legenda certa na hora certa. Mas a coisa fica legal mesmo quando o pessoal resolve brincar. Por exemplo, num filme de suspense, numa hora bem tensa, a dica era "quer saber o que acontece agora?". Mais umas linhas abaixo tinha a continuação, "eu não vou contar!". Tradutor safado!
Outra dica particulamente memorável foi uma que dizia "cuidado, homem feio nu". Fiquei esperando o personagem tirar a roupa e quando chegou a hora, constatei que o sujeito era super peludo e realmente era possível uma pessoa ser muito mais feia pelada do que com roupa. Acredite, não é algo que se queira ver. Muito menos repetir a dose.
Mas minha dica preferida em todos esses anos continua sendo "séquiço". Olhei para essa palavra na coluna de dicas e fiquei coçando a cabeça. O que seria séquiço? Volta e meia, alguém faz uma referência cultural numa dica que eu não reconheço, então não fiquei muito preocupada. Da primeira vez que escreveram "pancadão" na coluna de dicas, eu fiquei esperando uma tremenda porrada, uma briga. Depois caiu a ficha que era um tipo de música quando a personagem do filme ligou um rádio gravador. Igualmente, quando escreveram "Caio Blat" na dica, eu, que não costumo assistir a TV aberta, fiquei esperando para ver quem era Caio Blat. Então fiquei esperando para ver o que seria o tal "séquiço". Quando começou a cena de transa, tive uma epifania. Séquiço na verdade era sexo. Comecei a rir sozinha e vi que recebi alguns olhares estranhos dos espectadores. Agora, toda vez que tem uma cena de sexo nos filmes que traduzo, não penso suas vezes. Escrevo "séquiço".

Monstras e gorilas

Último dia completo em São Paulo. Amanhã, viagem. Farei minha última passada pela Liberdade para comprar umas coisas. Eu queria comprar um outro wok, mas a não ser que ele venha numa caixa que eu possa despachar como bagagem, não vai dar certo já que minha mala vai voltar lotada de livros. Ter muitas sessões no Cinema Livraria Cultura pode não ser necessariamente uma coisa boa. Não deu para ir no Mercado Municipal, como eu queria, vai ter de ficar para a próxima. Em compensação, me entupi de temaki de enguia na Temakeria, descobri o Vanilla Café como um bom lugar para trabalhar já que fica aberto até bem tarde e tem muitas tomadas, fui no Izakaya Issa para comer uns gyouzas divinos, pude visitar uma amiga minha duas vezes, me senti um pouco menos turista nesta terra em que a urbanidade não tem fim e, pelo visto, vou a um karaokê esta noite pela primeira vez na vida. Já vou garantindo que não vou cantar. Sou absolutamente desafinada e não vou pagar um gorila tão grande assim. Este não foi a Monstra da esbórnia com um chope por noite, nem foi a Monstra da trabalheira insana como no ano passado em que praticamente só lancei filmes, comi e trabalhei no quarto de hotel, e praticamente não vi nada da cidade. Quem sabe, no ano que vem, eu possa passear um pouco mais e ir a mais uns chopes. Tive alguns probleminhas técnicos, mas nada como o que aconteceu no Rio em que todo dia alguma coisa dava errado. Minha vontade é de tirar uma semana de folga depois dessas duas maratonas, mas sei que não vai dar. Já recebi e-mails me oferecendo trabalho esta semana. E tenho um filme para fazer para um pequeno festival assim que chegar no Rio. Então, lá vamos nós, voltar à rotina.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Doida para viajar

Já cheguei no ponto em que estou de saco cheio do quarto do hotel, de não ter minha cama, minhas coisas, meus lugares de sempre, o pátio onde posso rolar pelo chão com meus cães, minha comida tailandesa. Quero poder ver meus amigos de novo. Ir ao chope com o pessoal daqui é ótimo, mas estou meio cansada de ver filmes que não gosto, de passar metade do dia em um cinema escuro. Quero embarcar logo naquele avião e dar o fora daqui. Agora são as últimas compras, a última chance de voltar na Temakeria, a última ida na Liberdade. Sexta-feira, Rio.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quatro dias

Só mais quatro dias de Monstra. Minha impressão é que eu moro em São Paulo há meses. Já consigo andar distâncias razoáveis num passo que lembra bastante meu passo normal do Rio. Mais um mês e eu provavelmente estaria dando conta melhor dessas ladeiras. Mas na base do devagar e sempre, eu ando para qualquer lugar aqui nas redondezas. Eu queria ir no Mercado Municipal, mas acho que vai ter de ficar para a próxima. Estou ansiosa para voltar para meus cães, minha vidinha no Rio, poder passar o sábado que vem na Travessa, escrevendo. Tenho conseguido escrever um pouco aqui, no geral antes das refeições, que têm sido uma das poucas horas que tive para mim e tenho escrito coisas interessantes. Agora é a contagem regressiva para voltar ao Rio e a volta em definitivo ao romance.