domingo, 31 de julho de 2011

Fotos de Paraty




Só para constar, as fotos de Paraty que tenho colocado no blog são as que eu fiz durante essa última viagem há dez dias. Não consegui suportar a ideia de ir para a cidade sem uma câmera decente e acabei comprando uma na véspera da viagem. Uma Nikon Coolpix muito bonita e que ainda estou aprendendo a manejar. A lente é meio diferente da lente da Cybershot que eu tinha e preciso aprender a lidar com essa diferença ou as fotos ficam distorcidas. O legal é que a Nikon é menor e mais leve, mais fácil de carregar na mochila. Depois eu coloco mais fotos no blog. Por enquanto, ficam essas de aperitivo.

sábado, 30 de julho de 2011

Satisfação


Eu tenho todas essas ideias para romances que não param de surgir na minha cabeça. E objetivamente eu sei que tendo publicado um conto e meia dúzia de artigos em jornais alternativos na época da faculdade não exatamente tornam minhas chances de publicação muito boas. Sigo tentando, claro, mas até agora só tenho e-mails me dizendo que terei de esperar. Acho que vou despachar mais uns originais só para tentar aumentar minhas chances. E, também mandar o romance para alguns concursos. Os concursos pelo menos têm um prazo fixo e não te deixam esperando uma eternidade. O negócio é que eu descobri há algum tempo que, por mais que queira publicar, é o prazer de escrever que me move mais do que qualquer perspectiva de prêmios, publicação, o que seja. Na quinta, aproveitando que estava no centro, sentei na Travessa 7 para escrever um pouco e senti uma enorme satisfação com o texto. Depois saí contente para realizar minhas outras tarefas do dia. Sentar no meio do dia num café desse jeito para escrever é como um oásis na minha rotina chatinha. Por isso vou para a Travessa hoje com grande satisfação, grandes expectativas para esse romance em progresso que me surpreende um pouco mais a cada dia. Sábado é o dia em que Clark Kent está sempre feliz.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nada de correria


Semana de preguiça. Mesmo tendo de trabalhar, minha cabeça ainda está meio em Paraty, caindo de sono no meio do dia apesar de dormir bem a noite toda. Realmente não estou a fim de correria. Ainda bem que amanhã é sábado. Já terminei o primeiro caderno e inaugurei o segundo. O romance em progresso ainda está meio esburacado, tem espaços que provavelmente só serão preenchidos quando eu escrever a segunda versão. E com a vantagem de ter uma distância entre a primeira e a segunda versões já que assim que terminar a primeira, vou voltar para o outro romance em progresso, tentar fechá-lo antes de passar para a leitura de alguns amigos. E ainda tem a outra ideia de romance que aguarda apenas uma vaga para fazer sua estreia. Estou tão mobilizada por todas essas ideias para romances que ontem aproveitei que tinha de resolver umas coisas na rua para comprar mais cadernos. Estou doida para botar tudo o que me passa pela cabeça num caderno o mais rápido possível. Acho que estou tentando compensar pelos anos em que produzi quase nada. O tempo urge. O tempo urge. Amanhã, escrevemos.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cachorros azuis

Meu amigo Ramon Mello está em cartaz com a peça Todos os cachorros são azuis, baseada no livro de Rodrigo de Souza Leão, no Teatro Maria Clara Machado. A exigente (e temida) Barbara Heliodora fez uma crítica sensível da peça e você pode encontrá-la no blog do Ramon, junto com outras críticas, no endereço http://sorrisodogatodealice.blogspot.com. Mas não demorem para ir conferir. A peça está em cartaz por pouco tempo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O exercício da paciência

Uma coisa que nunca aparece nos filmes com escritores é o tempo que você precisa esperar para ter uma resposta sobre seu romance. Você dedica anos e anos à produção de algo que, para você pelo menos, é uma obra-prima, seu melhor texto até agora, e quando ele bate na editora, ele perde todo o contexto. O editor não sabe que você dedicou seu sangue a ele, o parecerista não faz ideia de quem você é e do quanto você se dedica ao que escreve. Dava vontade de contar tudo isso às pessoas que vão avaliar seu livro, seu romance, sua obra-prima. Dava vontade de ter algum mecanismo que pudesse transmitir toda a emoção que você injetou nesse trabalho para que essas pessoas também soubessem o que você passou. O que não te explicam é que você precisa exercer toda a paciência que você tem esperando por até um ano até que digam alguma coisa. Talvez até mais. Faz parte. E é isso que não te explicam, que a espera é necessária, que é inevitável e que não é de propósito. Afinal de contas, as editoras recebem pilhas e pilhas de originais. O que é legal é quando você consegue atingir essa calma quase sobrenatural quando lhe dizem que qualquer resposta vai levar seis meses a um ano. Você não surta, não grita ao telefone. Apenas aceita calmamente a informação e vai se ocupar com outra coisa enquanto espera. Ser escritor iniciante é um aprendizado, vai por mim.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma eterna Paraty

Descubro ao acordar hoje que ainda estou no ritmo de Paraty. O pequeno pátio onde eu moro me pareceu estranho hoje de amanhã quando fui para a cozinha buscar uma Fanta, como se estivesse vendo ele pela primeira vez em muito tempo. Ontem, jantando com uma amiga, eu não queria ir para casa. Tinha vontade de continuar conversando, virar a noite até, nesse agradável ritual. Meu ritmo de trabalho hoje foi claramente lento. Passar dias sem ter obrigações realmente me tiraram da correria habitual. Pena que não possa continuar assim. Tenho que voltar a ser eficiente, cumprir meus prazos. Pena que a vida não pode ser uma eterna Paraty.

domingo, 24 de julho de 2011

Delícia


De brincadeira, eu costumo dizer que sou cliente VIP no Thai Brasil, para mim o melhor restaurante de Paraty e faço questão de só jantar lá. A verdade é que todos os clientes são tratados como VIPs no Thai Brasil pela sua dona e chef, Marina. O carinho dela com os clientes é o mesmo com a comida. Talvez isso não ficasse patente quando o Thai era na Rua Dona Geralda e o lugar ficava lotado com as hordas literatas das seis da noite até duas da madrugada. Agora que Marina precisou se mudar para partes mais distantes de Paraty, isso está visível para todos. Ela fala com todos os clientes e os recebe com calor genuíno. E para os clientes fiéis, a coisa é ainda melhor. Sabendo que era meu aniversário na quinta, ela se ofereceu para me servir metade de um prato e metade de outro, como se fosse uma pizza. E depois me serviu uma sobremesa completa com velinha e canto de "Parabéns para você", acompanhada do coro da mesa ao lado da minha. Depois sentamos juntas enquanto eu devorava a deliciosa sobremesa de banana frita com sorvete e conversamos sobre como a idade traz sabedoria. Foi o ponto alto do meu aniversário. Lamentei muito que só peguei o restaurante aberto na quinta e fui forçada a jantar em outros lugares, mas pode ter certeza que quando voltar a Paraty, vou jantar todas as noites no Thai Brasil.

Quinze segundos de fama


Na Travessa já estão carecas de me verem passar horas escrevendo. Eu digo que é meu expediente. Mas em Paraty, Clark Kent causa um certo estranhamento. Não é para menos. Fui a Paraty com o mesmo figurino que uso aqui, blazer, calça, camisa, tudo preto, mesmo com o sol brilhando. Todo mundo em volta está de bermuda e camiseta. Clark Kent não foi feito para o verão, ele floresce é no inverno.
Ainda estou sentindo as malditas pedras sob meus pés, mas acho que, aos poucos, estou me acostumando. Esta foi, afinal, minha sétima visita a Paraty. Uma Paraty FLIP-less, mais tranquila, que só despertava mesmo de noite. Perfeita para escrever. Mas eu descobri que meu gesto de escrever já me tornou figurinha fácil em pelo menos um restaurante da cidade. Logo no primeiro dia, ao ir jantar em um restaurante que já frequentei em FLIPs passadas, o garçom comentou que sentiu minha ausência durante a FLIP. Claro que eu não guardava a cara do garçom, mas imagino que para ele não devia ser difícil guardar uma mulher andando por aí de blazer preto e escrevendo num caderno em toda santa refeição. Obviamente não sou a única pessoa que sempre vem para a festa, mas é engraçado descobrir que lembraram de você, que sua ausência foi notada, ainda mais por alguém que não a conhece de verdade. São seus quinze segundos de fama.
Uma das melhores coisas de Paraty é a forma como o tempo parece se distender quando estou lá. O dia anterior foi há séculos e fica difícil lembrar quando é que você veio para a cidade, mesmo que tenha sido há apenas dois dias. E assim que você volta para o Rio, os quatro dias viram um instante, uma lembrança distante e difusa como um sonho que vai sumindo ao longo do dia. Mas enquanto você está lá, esses quatro dias são uma eternidade. É tudo tranquilo e silencioso e é tão gostoso ouvir o vento soprando. Você para e olha para o vazio e tudo dentro de você vai serenando. Fica mais fácil escrever em um ambiente assim.
Depois eu conto sobre o meu aniversário e minha sobremesa/bolo de aniversário com velinha e tudo. O engraçado é que na véspera, ao ir no bar da pousada comprar refrigerante para botar no meu frigobar, dei de cara com um cara com camiseta de Super-Homem, justamente o super-herói que não vi ano passado na FLIP quando parecia haver um congresso de heróis na cidade, de Lanterna Verde a Mulher Maravilha (completamente paramentada de tiara e botas vermelhas na Av. Roberto Silveira tarde da noite). Não é sempre que se vê Clark Kent e o Super-Homem juntos no mesmo recinto.

sábado, 23 de julho de 2011

Três dias

Paraty, quinta. Meu aniversário. Esse foi o propósito da viagem. Me dar férias no meu aniversário, uma data que, quando eu era criança, sempre caía nas férias e dali pra frente, mesmo adulta, me pareceu errado trabalhar no meu aniversário. Daí decretei que, este ano pelo menos, eu não trabalharia. E fiz de Paraty este ano uma grande Travessa. E descobri dois bons lugares para escrever. O primeiro é o Café Blend. Já tinha passado na porta várias vezes, mas nunca entrei. Eu ia direto para o Café Paraty, que é onde eu costumo escrever em Paraty. É gostoso, estava completamente vazio (afinal era o meio da semana, deve encher no fim de semana) e tem uma torta de mousse de dois chocolates muito gostosa. E descobri a Casa Coupê, que eu conheci como um bar super pé sujo em 2005 e nunca mais entrei lá dentro. Mas fizeram uma super reforma e agora virou um bar super agradável e, o melhor de tudo, parece ser o único lugar em Paraty em que servem Coca light. Lá é Coca normal ou zero (que eu abomino). Fui lá na quinta e na sexta fui lá que almocei antes de voltar para o Rio. Comida boa, bem feita. E barata. Descobri que tem um monte de lugares caros e não muito bons. Este ano eu penei com a comida, em parte porque descobri que o Thai Brasil só abria na quinta e tive de achar outros lugares para jantar. Normalmente eu só janto no Thai Brasil, para mim o melhor restaurante de Paraty.
Foram dias produtivos. Eu gostei da experiência de passar três dias só escrevendo. Acabei lendo muito pouco, curiosamente. Mas escrevi bastante. E vou continuar escrevendo hoje e amanhã na Travessa. Na segunda, volto ao batente. Por enquanto, estou prestes a terminar um caderno e começar outro. Depois que eu terminar, vou ter o esqueleto de um romance e depois vou poder revisar tudo. Mas isso só vai acontecer depois que eu voltar ao primeiro romance em progresso aguardando pacientemente na gaveta que eu o resgate.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Batendo perna


Batendo perna em Paraty. Cansada.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Amor em Paris

Acordei hoje com o vídeo feito para o projeto Amores Expressos com a Adriana Lisboa. Ela é uma de minhas escritoras preferidas e o vídeo dela é muito legal. O vídeo até me deu uma ideia para o romance em progresso. Em homenagem a isso, coloco esse vídeo aqui. Agora fico torcendo que ela lance esse romance logo. O texto dela é sempre uma delícia.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dias de Clark Kent

Segundo dia em Paraty. Parece que estou aqui há séculos. Descubro que há coisas que não mudam, com ou sem FLIP. A mulher do tarot continua montando sua mesinha aqui toda noite no mesmo ponto da Rua do Comércio junto com o desenhista. Os índios ainda colocam suas peças à venda na rua e olham os passantes com um ar triste. E as malditas pedras da rua ainda acabam com minhas pernas se eu ando por muito tempo. Só não estou com as pernas doloridas porque, ao contrário da época da FLIP, não fico andando pra lá e pra cá, entre mesas e tendas e restaurantes. Até certo ponto, me sinto um pouco como uma refugiada da FLIP. Sou a escritora que chegou tarde demais pra festa. E minha tarefa para esta semana é apenas ler e escrever. O curioso é que escrever num caderno provoca muita curiosidade. Uma pessoa com um laptop é absolutamente banal. Eu e meu caderno, não. Não tem problema. Já me acostumei com isso depois de anos escrevendo na Travessa. Deixa pra lá. Tudo o que quero fazer é aproveitar o resto dessa semana.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O tempo correndo devagar

Paraty. Cheguei e o tempo já começou a se comportar de uma forma estranha, a hora passando cada vez mais devagar até quase parar. Sentei de tarde no Café Paraty e fiquei olhando para o nada. É meio estranho não ver a Tenda dos Autores do outro lado do rio ou as bandeiras na ponte, as multidões literatas. Mas tem a vantagem de não ficar tropeçando em cima das pessoas a caminho do restaurante ou do bar. Cheguei super cansada hoje. Amanhã vamos engrenar no trabalho literário. Clark Kent precisa aproveitar que está em Paraty.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

No more camera

Acabo de descobrir que minha câmera pifou. Vou ter que ficar só na câmera do celular. Pena. Parte da graça de Paraty é poder fotografar a cidade. Pelo menos agora as câmeras estão mais baratas e vou poder comprar uma a prazo no Ponto Frio ou coisa parecida.

domingo, 17 de julho de 2011

Escrever é preciso


Já comecei a fazer minha mala para Paraty. Como sempre, gosto de preparar a mala com antecedência suficiente para garantir que não vá esquecer nada. Especialmente carregadores e tal. Vou levar minha câmera e meu laptop comigo. Não sei se vou fazer um diário de Paraty, não sei que fotos vou tirar. Da única vez em que estive em Paraty sem FLIP foi quando trabalhei como intérprete num laboratório de roteiros patrocinado pelo Sundance de Robert Redford. Então era ralação durante o dia e nada de tempo para passeios. Claro que, de noite, depois do jantar, o pessoal gostava de ir a um barzinho da área para tomar uma cachaça. Resultado, eu ia dormir de madrugada e tinha de acordar cedo para trabalhar no dia seguinte. Minha sorte é que eu não bebo, então não tinha de enfrentar uma ressaca braba. Ser boa moça tem suas vantagens volta e meia. Mas nessa história toda, eu realmente não fui muito longe do entorno da Praça da Matriz, onde ficava a pousada que hospedava o pessoal do laboratório. A mesma pousada, aliás, que agora hospeda as estrelas da FLIP. Agora, claro, não terei horários nem obrigações, nem vou precisar correr na hora do almoço com medo de perder a hora da próxima mesa. Tudo que quero fazer é escrever. E essa semana de descanso encaixa bem com uma necessidade de reavaliação que senti hoje durante meu "expediente" na Travessa. Eu escrevi algumas cenas que precisam ser empurradas para o final do texto. E desconfio que minha ideia de alternar cenas de 1989 com 2009 não vai dar certo. Vou ter de imitar um pouco a estrutura de "O tempo e os Conways". Com a diferença que a parte de 1989 vai ser o miolo e 2009 terá de ficar nas extremidades. Inclusive, eu venho resistindo a aceitar a constatação que não tenho tanta história para contar em 1989 quanto em 2009. A primeira versão é sempre cheia dessas mudanças, dessas constatações do que funciona e do que não funciona. A ideia de explorar o passado é boa, mas inevitavelmente na passagem entre 89 e 09, eu revelo o que aconteceu nesse meio tempo e mata a primeira narrativa. Sei lá, vou pensar. É pra isso que existe computador mesmo. Depois de tudo digitado, você pode colocar as coisas na ordem que quiser. O lado bom é que a escrita está correndo muito bem e muito rápida. Gostaria de ter a primeira versão pronta até final de agosto ou setembro. Depois posso voltar para o primeiro romance em progresso com alguma distância. Ontem, conversando com a Elvira Vigna, perguntei como andava o novo texto dela e ela me disse que não tinha pressa. Eu, ao contrário, estou com toda pressa do mundo. Quero produzir e produzir muito. Escrever é preciso.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mãe, Ramones, cervejas

Minha intenção quando eu saí de casa ontem era passar nos correios, comprar minhas passagens para Paraty, tirar dinheiro do banco e ver a palesta do Valter Hugo Mãe na Travessa do Leblon. Os três primeiros itens da minha lista foram fáceis. O quarto nem tanto. Cheguei na Travessa super cedo. Imaginei poder almoçar tarde (ou jantar cedo) e ficar escrevendo e lendo no restaurante até sentir que era hora de tomar meu lugar nas cadeiras já arrumadas para o evento. Mas eu subestimei o quanto o homem tinha virado um pop star em Paraty. Quando eu vi, todas as cadeiras estavam tomadas mais de uma hora antes do evento e as que estavam vagas estavam marcadas com um papel escrito "reservado", o que dava quase metade do total de cadeiras. E com o passar do tempo a livraria ficava cada vez mais cheia. Logo, havia gente suficiente para encher meia Tenda dos Autores. Entreguei pra Deus e resolvi achar um lugar para ficar aonde desse. Acabei ficando num banco logo acima de onde estava a mesa da palestra e vi de camarote quando chegou o Valter ao som de Tempo Perdido, uma música do Legião Urbana que ele falou que adora. Eu não pude ouvir direito por estar atrás dos alto-falantes, mas o que eu ouvi eu gostei. Muito simpático, muito falante, cheio de humor e, a meu ver, autêntico. Teve uma hora em que ele disse estar mais nervoso na Travessa do que em Paraty, porque lá a Tenda fica escura e na Travessa tudo estava iluminado. Mas lá pelas tantas, apesar dos óculos vencidos, reconheci o Ramon Mello do outro lado da livraria e fui lá me encontrar com ele. E o resto da palestra ficou esquecida porque começamos a conversar e aí ele se encontrou com várias pessoas que ele conhece (e ele conhece mil pessoas, o que é sempre motivo de admiração para mim que não conheço quase ninguém) e acabamos tomando uma cerveja no restaurante da Travessa enquanto esperávamos diminuir a fila de autógrafos do Valter. Saímos da livraria por volta das onze da noite depois de uma conversa agradável, algumas cervejas, Cocas, conhecer pessoas novas. Juntando tudo, acabou sendo um bom dia. É sempre um prazer poder me encontrar com o Ramon, ainda mais porque é tão raro. Vivemos os dois atolados de trabalho. Fazer o quê. Quem sabe, a gente possa se encontrar mais esse ano. Quero mostrar meu novo trabalho para ele.
E nesta sexta, mais um encontro, agora com Elvira Vigna. Lançamento de livro na Travessa, agora de Ipanema. Minha casa. Vai ser bom também.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Quatro dias

Estarei em Paraty dentro de uma semana. Férias. Ou pelo menos uma tentativa de férias. Quatro dias em Paraty sozinha para escrever. Vou dar uma olhada naqueles bares em que não consigo entrar porque durante a FLIP tudo está tão lotado. Quando falei com minha mãe (que por um acaso também está viajando, visitando minha irmã e os netinhos), ela não entendeu muito bem porque eu queria viajar sozinha. A verdade é que não muita gente entende por que me sinto perfeitamente à vontade sozinha. Quando você não tem muitos amigos quando é criança acaba descobrindo como se divertir sozinho. E a vantagem de estar sozinha é que isso permite a você observar as pessoas em volta. É um pouco como se você ficasse meio invisível quando está sozinho. Um fenômeno estranho, mas que já confirmei algumas vezes. As pessoas costumam prestar mais atenção em grupos, a não ser que você seja uma figura muito estranha. Mas para quem escreve, a observação é uma atitude vital. Quantas vezes já tive ideias para cenas a partir da observação das pessoas na livraria. Já vi um pouco de tudo. Casais, famílias, grupos ruidosos e até um barraco histórico que aconteceu no restaurante. Eu fico torcendo que possa usar esse barraco e a linda imagem de pedaços de salada voando no ar que eu testemunhei em algum romance um dia desses. Quatro dias para escrever e ficar observando as pessoas vai ser uma delícia. Ainda mais porque parece que escolhi justo a semana em julho em que não acontece nada em Paraty. Vai ser uma delícia.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Teatro escuro

Noite fria, teatro escuro, a emoção espessa no teatro de arena. Falar de coisas difíceis é necessário. Depois a luz se acende e você confirma mais uma vez o quanto o companheirismo é necessário, o simples gesto de comparecer e dizer "gostei". Em seguida, uma refeição entre amigos, algumas horas de conversa gostosa. É o que basta para você poder dizer que teve um bom dia. Às vezes, eu esqueço disso e preciso que me lembrem. Hoje foi um bom dia. Valeu, Ramones.

sábado, 9 de julho de 2011

O personagem se esconde

Tem horas em que o personagem se esconde de você. Você o perde de vista e é preciso um certo trabalho de detetive para achá-lo de novo. Estou começando a achar que o caminho para melhor revelá-los é, mais uma vez, voltar ao passado. Como é que o personagem de 1989 vira o personagem de 2009? Esse buraco de 20 anos tem de começar a ser preenchido ou vai acabar sendo inverossímil que os dois sejam a mesma pessoa. Vou ter de responder a uma pergunta para a qual eu não sei direito a resposta. Como é que a gente vira a pessoa que é aos 40 quando era diferente aos 20? A resposta que eu inventar será ficção com certeza. Há escritores que gostam de escrever sobre épocas em que não viveram, criar grandes épicos. Confesso não ter esse tipo de imaginação. Ou paciência para fazer a pesquisa necessária sobre hábitos, costumes, história, etc. Meu negócio é inventar situações pelas quais nunca passei e a aventura é tentar dar verossimilhança a elas. Afinal de contas, a vida da gente é muito banal e é preciso inventar muita coisa para a história ser interessante. Nos últimos anos, por exemplo, o grosso da minha vida tem sido dedicado a trabalhar em casa, sozinha, acompanhada dos meus cachorros. Não passei por aventuras ou grandes viagens, não desbravei matas ou fiz grandes descobertas científicas. Sobre o que vou escrever? Não passei por casamentos ou divórcios conflituosos, não saio feito louca toda noite para encher a cara e dançar em boates até me acabar. Sou viciada em Fanta Laranja e boa comida asiática. Sou uma nerd que sempre foi muito CDF, certinha, boa moça. Very boring. Daí escrevo sobre aquilo que me passa pela cabeça, das dúvidas e inseguranças (que não são poucas), medos, neuroses, certezas, tristezas, alegrias. Duvido que algum cineasta conseguisse adaptar meus textos para o cinema porque no geral eles se passam todos na cabeça dos personagens. Mas claro que preciso publicar algo primeiro para que queiram cometer essa besteira.
Amanhã vou na estreia da peça Todos os Cachorros São Azuis, baseada na obra do Rodrigo Souza Leão, adaptada pelo meu amigo Ramon Mello, curador da obra póstuma do Rodrigo. Ramon é uma pessoa talentosa que sempre batalha por aquilo que quer, um cara generoso. Levo muita fé em tudo o que ele faz, então a peça deve ser maravilhosa. E convido a todos para irem também.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Desencantar

Descubro que a revista Granta vai abrir uma seleção para novos autores. Fico entusiasmada. Que chance maravilhosa. Só tem um problema. Eles fecham a seleção para quem nasceu antes de 1972. O que é uma grande sacanagem já que ser novo nem sempre significa ser novo cronologicamente. Costumo brincar com um amigo que sou a nova velha revelação da literatura brasileira. Eu publiquei um conto no Suplemento Literário de Minas Gerais e depois passei um longo tempo sem produzir realmente até começar a escrever meu romance em 2002. E isso levou 6 anos para ficar pronto. Por isso sigo inédita praticamente e cada vez menos elegível para essas chances que se abrem para novos autores. Bom, uma hora qualquer eu vou desencantar. E aí vamos ver o que acontece.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sossego

Não, não estou escrevendo de Paraty. Este ano Clark Kent não vai para a FLIP. Eu vou para Paraty na semana do meu aniversário, mas a FLIP eu vou ver de longe, pela Internet. Eu só sinto um pouco de pena de não poder fotografar a cidade, que é uma das coisas que eu adoro. Por um acaso, a semana que eu escolhi para viajar é justamente uma em que não tem nada acontecendo. Ou seja, pela primeira vez, devo pegar a cidade vazia. Mas é isso mesmo que eu quero, um tempo pra mim, pra escrever, tranquila. Clark Kent quer sossego.

domingo, 3 de julho de 2011

A seco

Desconfio que foi o cansaço dessa semana. Eu que normalmente saio de casa com a cabeça se enchendo de ideias no caminho para a livraria, fiquei completamente a seco por algum tempo até minhas leituras do dia despertarem a veia criativa. Parte do problema também é que eu estou esticando uma história que era bem mais curta. Ela não funcionava quando era curta, mas a questão é saber como e onde rechear a história, que fatos inventar e acrescentar. Outra parte do problema é que ainda não desenvolvi completamente o personagem de 1989 e daí fica complicado inventar cenas para ele. E esse é um personagem que não aprende. Ele tem de permanecer essencialmente o mesmo desde o início até o final da história. O que ele aprende será visível apenas na parte de 2009. O que fazer então? Desconfio que a melhor coisa a fazer é explorar o passado dele e tentar pintar um panorama de como esse cara chega a 1989 do jeito que ele é. Amanhã vou seguir tentando achar um caminho.