domingo, 26 de fevereiro de 2012

Fim de festa

Hoje era para passar um bloco em Ipanema. Eu não vi sinal de bloco. Ainda bem. Levei cinco segundos para achar um táxi, coisa não tão fácil semana passada. Já estou por aqui com essa história de carnaval e fico super feliz que ele só aconteça uma vez por ano. Ainda mais agora que eu descobri que os problemas de água do prédio são o resultado da Cedae desviando água para o Sambódromo.

Eu queria ter produzido mais hoje e tenho vontade de voltar amanhã. Não sei se vai dar. Pelo menos eu comecei uma cena explorando um aspecto do romance que estava faltando. Eu me toquei semana passada que precisava desenvolver melhor a relação do personagem principal com duas outras personagens coadjuvantes da história. Como esse romance veio originalmente de uma novela, só agora estou percebendo o quanto preciso preencher um passado que não estava presente na novela. Tenho de começar a pensar no que quero dizer sobre cada um desses personagens. As cenas não podem ser gratuitas. Encher linguiça nunca foi meu forte. Cada cena vai ter de iluminar um aspecto diferente da relação dos personagens. É isso o que interessa.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Amanhã não tem mais

Tem a famosa frase, "É hoje só, amanhã não tem mais", e hoje eu a entendo melhor do que nunca. Eu queria ter mais quatro dias para escrever na Travessa. Essa história de pouca água no prédio acabou atrapalhando minha concentração. Eu queria sair mais cedo para a livraria, mas não dava porque eu ficava vigiando o nível de água na cisterna. E também dormi mal nessas noites, preocupada com quanta água entrava e como era muito pouca. Mas agora que a coisa já está bem encaminhada para uma solução (ou pelo menos que torço que sim), vai dar para relaxar um pouco. 

Pelo menos eu consegui terminar a revisão do primeiro caderno e passar para o segundo, o que significa que já retrabalhei dois terços do romance. Ao menos terei mais um sábado dentro de quatro dias. Com sorte, o domingo também. Sempre fico ansiosa quando sinto que estou chegando na reta final. 

A terça teve outros prazeres já que a Travessa estava fechada. Uma tarde entre amigas, poder preparar uma refeição e oferecê-la como gesto de amizade. Daqui a dois domingos vamos repetir a dose. Tem sido uma troca muito interessante essa de oferecermos refeições umas às outras e, claro, muito gostosa.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Quero água

Domingo. Não foi um dia tão bom quanto ontem, ainda mais porque passei o dia preocupada com o problema de possível falta de água aqui no prédio. Pouca água entrando, cisterna quase vazia e o prédio cheio de mais gente que o normal. Com alguma sorte e um pouco de administração, vai dar para encher metade da cisterna esta noite e já vou ficar mais tranquila amanhã. O que eu tenho a ver com isso? Tanto a cisterna quanto a bomba que joga água para a caixa no telhado ficam no meu apartamento. A solução mais simples é desligar a bomba para deixar água acumular na cisterna durante a noite e usar o mínimo de água para não esvaziar a caixa. Como sou a única pessoa no prédio esta noite, isso vai ser mais fácil.

Apesar de tudo, deu para avançar um pouco e amanhã devo conseguir fechar o primeiro caderno e passar para o segundo. Eu tinha começado uma nova cena na sexta, mas vou deixar essa para continuar durante minha hora de almoço. Eu ainda sinto que tem uma outra cena para encaixar nessa reta final do romance, mas não sei direito o que é. Mais uma vez, é o velho processo de tatear o caminho para sentir o que falta, o que tem em excesso. Apesar da intromissão das preocupações cotidianas, estou conseguindo relaxar o suficiente para ter aquela sensação de que a sexta foi há séculos. E claro que vou dormir tudo o que puder esses dias para estar bem fresquinha na quarta quando volto ao trabalho. Estava super cansada essa semana que passou. Eu me lembro de estar na calçada central da Almirante Barroso, esperando para atravessar a caminho do trabalho e me baixou aquele cansaço às 8 da manhã. Essa foi uma semana difícil, correndo para terminar uma tradução enorme na sexta. Acabei chegando lá, mas foi complicado. 

Ontem eu tirei várias fotos na Travessa e pretendo repetir a dose amanhã. Quero fazer uma espécie de ensaio daquela área onde eu passo meus sábados, as pessoas que vejo toda semana, os vendedores, as garçonetes, a livraria em si. Acho que vai ficar legal. Quando estiver pronto, eu boto no ar. E amanhã tem mais, ainda bem.

Na folia

Carnaval. Na prática, meu carnaval meio que começou ontem quando, em vez de voltar diretamente para casa, o que provavelmente significaria uns dois séculos presa no trânsito porque minha volta para casa me leva direto pelo Sambódromo, eu fui para Ipanema. Já tinha feito isso uma vez, voltando para casa do Centro não sabendo que na sexta de noite tinha o desfile das escolas mirins e acabei tendo de fazer um desvio por Santa Teresa para conseguir chegar em casa porque o trânsito tinha dado um nó na área em volta da Sapucaí. E logo de cara, ao chegar em Ipanema, dei de cara com um bloco se concentrando na Praça General Osório, um verdadeiro mundo de gente. Acabei passando uma hora e tanto na Travessa, escrevendo. Fiz umas comprinhas que eu precisava para o almoço que vou preparar na terça para umas amigas e voltei para casa. Mas o sábado foi só para mim. Eu precisava deste dia como preciso do domingo, da segunda e de todos os dias que eu conseguir para escrever. Sinto-me cada vez mais empolgada com o texto porque estou chegando nos momentos críticos da história, quando tudo começa a dar errado para o personagem. É agora que preciso estar bem atenta para que tudo encaixe muito bem, inclusive porque eu sinto que preciso alongar umas coisas e acrescentar mais uma ou duas cenas. Eu adoro ficar tateando o caminho. Sei que parece maluquice ficar super contente quando estou escrevendo as cenas mais tristes do personagem, mas são essas cenas difíceis que eu gosto, especialmente quando sinto que estou conseguindo o efeito que quero. E, como sempre, tem aquele bendito filtro entre o que sinto e as emoções dos personagens ou eu passaria meus dias me debulhando em lágrimas e isso não seria nada produtivo. Então amanhã teremos mais um dia na livraria. Vou tentar chegar um pouco mais cedo. Hoje eles fecharam mais cedo com medo das multidões que estavam vindo da passagem dos blocos. Então pretendo aproveitar cada segundo que eu tiver lá amanhã e na segunda. Boa noite.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A parte divertida

Está complicado dormir, estou super remexida por dentro com tudo o que escrevi hoje. O que mais tenho curtido nesse romance é a criação desse personagem profundamente imperfeito que é o centro da história. Ele é fraco e covarde e inseguro e é isso o que eu adoro nele, que ele não saiba brigar pelas coisas que quer. No romance anterior todo mundo era razoavelmente normal. Mas este novo personagem vai meter os pés pelas mãos bonito e estou curtindo poder levá-lo por esse caminho. Sei que vou ter de alongar a conclusão para que não fique muito abrupta. Estou quase chegando no trecho em que a pressão em cima dele começa a ficar muito forte. E essa é a parte mais divertida. Quanto mais merda o cara faz, mais eu curto. Coisas de escritor.

Vontade de voltar

Num dia como hoje, quando consigo render bastante, minha vontade é de voltar na livraria no dia seguinte, continuar o trabalho. Não sei se vai dar. Tenho um compromisso amanhã, um encontro com umas amigas, mas penso que se eu puder dar uma fugida e escrever por algumas horas, farei isso. E tem a semana que vem, três dias na Travessa e a terça de Carnaval para fazer o que eu quiser. Mesmo que isso signifique ter de caçar táxis no meio da rua, eu vou lá. Sem falar que a livraria deve estar ainda mais louca do que o normal. Ultimamente, o pessoal do segundo andar anda muito festeiro e eu adoro isso. Sempre gosto de gente que se diverte no trabalho. E eu me divirto com eles também. Eu sacaneio eles, eles me sacaneam e é assim que a coisa rola.

Agora mais do que nunca preciso desse sábado sagrado para recarregar minhas baterias. Senti isso particularmente no fim de semana passada quando pude passar o fim de semana inteiro na Travessa. No domingo à noite eu estava muito relaxada, tranquila, descansada. Eu precisava disso. O legal foi chegar na página 100 do caderno e ver que em relação ao primeiro caderno, eu já acrescentei uma boa quantidade de texto e olha que ainda não acrescentei as cenas extras que venho escrevendo durante a semana. Eu sei que ainda há muito a explorar, estou tentando ver o que mais pode ser dito, tentar preencher os claros dessa história. Com alguma sorte, vai dar para terminar essa versão dentro de uns dois meses. E aí vamos passar para outra fase.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Chuva e greve

Eu tinha pensado em curtir um pouco o meu início de noite de sexta, ir a um café ali perto do trabalho, escrever por uma hora ou duas, deixar o trânsito melhorar um pouco. Ando levando uma hora para fazer um trajeto de 15 minutos por conta do engarrafamento. Mas juntou a chuva e o desfile do Bola Preta e o medo das pessoas por conta da greve da polícia e eu vi que não tinha muita opção a não ser ir para casa. Numa situação dessas, as pessoas adoram acreditar em boatos, histórias de horror. Eu sempre acho que ceder ao medo é uma besteira. É como um casal amigo que veio me visitar em Botafogo há vários anos. Eles estavam morrendo de medo que o carro fosse ser roubado, que a área onde eu morava não era segura. De onde eles tiraram essa ideia eu não sei. Nada acontecia naquela rua. Mas eles passaram o tempo inteiro da visita apreensivos e isso estragou tudo. Eles não chegariam nem na porta da minha casa aqui no Rio Comprido, antes ou mesmo depois das UPPs instaladas aqui em volta.

Hoje vou mais cedo para a Travessa para evitar o rolo dos blocos que vão desfilar hoje em Ipanema. E amanhã combinei um brunch com umas amigas na casa delas. Vai ser divertido. O romance em progresso vem avançando aos poucos e ando curtindo o resultado. O chato mesmo vai ser a próxima fase, ter de digitar tudo. Essa é a parte que eu sempre odeio. Mas se eu mesma tenho dificuldade para entender minha letra, não tem ninguém que possa fazer isso por mim. Mas isso vai ficar pelo menos para março ou abril.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Novos nomes

No ônibus, voltando para casa, reparei mais um vez que de uns tempos para cá, o álcool para carros não é mais álcool, é etanol. Há alguns anos, trocaram os nomes do sistema de ensino de primeiro e segundo graus para ensino fundamental e ensino médio. Nunca entendi que diferença essa mudança de nome fez porque, pelo que pude ver, nada efetivamente mudou no sistema. O ensino público continua uma droga. E em Brasília querem rebatizar o estádio que está reforma para a Copa. Não vai mudar nada, mas eles querem trocar o nome. Até tivemos a Nova República, que de nova mesmo só teve o fato de que a gente quase teve o presidente que queríamos. É engraçado como volta e meia no Brasil alguém resolve que é melhor mudar o nome das coisas e essa mudança é sempre tratada como se a coisa que o novo nome batiza também fosse renovada. Novos nomes, coisas velhas. Querem que o novo nome seja simbólico de uma transformação. Na prática é só como uma nova camada de tinta numa parede velha. Isso é tão típico da gente. Não somos mais um país em desenvolvimento. De repente, sem que a gente percebesse, viramos um país emergente. Nem tanto porque estamos andando para a frente, mas porque todo mundo está andando para trás nesses últimos tempos. Mas se você arranhar um pouco a superfície, você vê o mesmo país de sempre por baixo.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Devorando tijolaços

Aos poucos tenho me acostumado com minha nova rotina, meu esquema de assalariada. Talvez a melhor coisa até agora seja a velocidade com que eu consigo ler livros. Andar de ônibus na ida e na volta de dá tempo para ler, assim como minha hora de almoço. Em pouquíssimo tempo consegui liquidar um tijolaço de 500 páginas e um livro de 150 páginas em menos de uma semana. De repente, liquidar os trinta mil livros da minha biblioteca parece factível novamente. No meu esquema anterior, eu só conseguia tempo para ler na livraria. E este fim de semana na Travessa foi super produtivo. Pude ir no sábado e no domingo e consegui relaxar de tal forma que no final do domingo, pouco antes de voltar para casa, eu pensei que a sexta feira já ia muito longe na minha lembrança. Dormi bem, relaxei bastante e comecei minha segunda com mais energia do que o habitual. As cenas novas seguem aparecendo e tenho gostado do que tem surgido. Acho que vou acabar usando a estrutura do Nixon ou algo perto disso, armando as cenas de acordo com a relação delas entre si, com um tema específico. Eu venho escrevendo as cenas de uma forma cronológica, mas vou ter que rearrumá-las depois de digitar tudo. Mas já para evitar a trabalheira que tive da última vez, ao trabalhar nas cenas da segunda versão, estou traduzindo tudo. Continuo estudando o filme do Nixon, continuo tentando ver como ele organiza certos trechos, especialmente como ele faz quando volta para a infância do personagem. Essa estrutura é que vai me dar um monte de soluções. Também preciso incorporar mais eventos históricos. Por enquanto não botei muita coisa. Mas também preciso lembrar onde foi que meti minha revista com a retrospectiva de 2009. Quase missão impossível na zona do meu escritório.