domingo, 27 de fevereiro de 2011

Produtivo pra cacete

Um sinal de que o sábado foi produtivo pra cacete: passei a noite em claro, na pilha. Dormi um pouco agora de manhã e estou tentando retomar o trabalho. Minha vontade segue sendo de voltar para a livraria, mas depois de virar a noite, não é uma boa ideia. Vou acabar desmontando em algum momento hoje. Desde que não seja durante a cerimônia do Oscar, tudo bem. Vou fazer pipoca e torcer pelo Colin Firth. Adoro esse cara desde o Shakespeare in Love. Sem falar que adoro atores britânicos. Mas antes, para o jantar, um delicioso curry verde de frango com batata doce. De todos os pratos tailandeses que aprendi, esse é meu preferido. Enfim consegui achar um coentro fresquinho no Zona Sul. Eu escrevi isso mesmo? E pensar que há pouco mais de um ano, quase tudo que eu comia vinha de uma caixa congelada. Prova que as pessoas podem mudar. Mas se eu começar a malhar tipo Arnold Schwarzenegger, podem me internar, porque eu enlouqueci. A única parte do meu corpo que está em forma são os meus dedos de passar os dias digitando no meu notebook. Meus dedinhos são lindos e musculosos. Pode crer.

Foi por pouco

Quase não cheguei na Travessa hoje. O taxista devia estar a caminho de um dos dois postos aqui perto de casa que têm GNV quando fiz sinal para ele e o idiota resolveu aceitar a corrida. Teve horas em que achei que ficaria pelo meio do caminho porque o gás estava quase acabando. Quando parei na frente da livraria, meu alívio foi imenso.
Depois do susto, o dia seguiu normalmente. Aliás, não há nada como um bloco de carnaval para deixar a livraria bem vazia. Semana passada foi a Banda de Ipanema, que dificultou muito a minha saída de Ipanema porque simplesmente não havia táxis vazios e a polícia tinha interditado ruas sem motivo aparente porque o bloco já tinha passado há muito tempo. Hoje a coisa estava mais tranquila, ainda bem. Talvez para contrabalançar o tema do romance, passei o dia ouvindo as músicas da segunda temporada do Glee. E foi engraçado ver como, com um intervalo de poucas páginas, eu escrevi coisas completamente contraditórias sobre o mesmo personagem. Faz parte dessa busca pelo caminho que cada um deles vai trilhar. O que é dificultado pelo fato de eu estar tentando me colocar na cabeça de quatro pessoas ao mesmo tempo. Sempre trato de um, dois personagens no máximo. Quatro é meu recorde pessoal. Os homens estão praticamente prontos, mas as mulheres, por algum motivo misterioso, ainda estão meio inacabadas. Depois que eu terminar de digitar todas as ceninhas, vou ter de sentar e escrever o que eu quero para cada personagem para me ajudar a direcionar a coisa. Sim, eu tenho o clássico caderninho preto na minha mochila para anotar ideias. É super clichê, mas eu adoro a imagem do escritor e seu caderninho preto. So sue me.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Are we there yet? 2

Sexta e eu já queria que fosse sábado. A semana foi cansativa. Mais do que um simples descanso, o que quero é voltar a mexer no texto. À medida que a semana vai passando, a vontade de escrever vai crescendo, crescendo e na noite de sexta já estou doida para sair. Vou ter de sair mais tarde para resolver umas coisas e penso em aproveitar o tempo longe de casa para refletir sobre os textos que quero escrever. Nada melhor que ficar sentada anônima em um café para botar a cabeça para funcionar. E amanhã, Travessa. Por que eu estou muito precisada.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu sou pop

Meu gosto musical ficou nos anos 80 e 90, época em que eu assistia a MTV e gravava músicas enquanto estudava e ouvia o meu singelo rádio gravador. As fitas que eu gravei ainda estão rodando pela casa em alguma caixa de sapatos cheia de outras tralhas. Eu peguei muita coisa emprestada do meu irmão que sempre foi muito mais antenado do que eu. Foi com ele que eu descobri The Smiths, Culture Club, Tears for Fears. Ele também gostava de Everything but the Girl, mas esse nunca emplacou comigo. O aparelho de som era no meu quarto e eu passei inúmeras tardes lendo e escrevendo na minha cama, ouvindo algo da nossa coleção coletiva de vinis: Sting, Police, Marina Lima, Marisa Monte, Paul Simon, Pet Shop Boys. Depois passei um tempo enorme sem ouvir rádio ou ver a MTV. Ouço falar do nome de várias bandas e não faço ideia de quem seja. As raras adições ao meu gosto musical acontecem meio por acaso. Um filme que eu vejo, uma reportagem na TV, algo que ouvi em algum lugar. Então, quando você me vê com meu MP3 player no bolso da minha camisa, pode apostar que boa parte do repertório é pop. Fazer o quê? Não sou a pessoa mais antenada do mundo. Se você me perguntar sobre escritores ingleses e americanos, eu estou por dentro. Música? Not so much.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Moviola redonda

Uma semana de reencontros. Na quarta, um jantar com velhos amigos. Na sexta, um chope com os heróicos tacadores de legendas, agora renomeados como os Cavaleiros da Moviola Redonda. Esse é um prazer que infelizmente é raro na minha vida. Tenho pouquíssimo tempo por causa do trabalho. E o tempo que me resta é dedicado a escrever. Já houve uma época em que uns amigos e eu tínhamos um almoço marcado todo santo fim de semana, mas a rotina acabou desgastando esse ritual. Talvez a gente possa retomar isso de outra forma.
Hoje eu pude me dar uma coisa que tenho raramente, uma tarde de folga. Fui ao centro para ver umas coisas e decretei que não trabalhava mais pelo resto do dia. Fui para a Travessa e comecei a reler o texto do romance. Percebi que vou ter de deixar o texto na gaveta por um tempinho para ganhar uma distância dele, um mês, talvez dois. Enquanto isso, pretendo trabalhar no próximo, pelo menos de uma maneira preliminar. Vai ser bom para eu começar a tomar algumas decisões sobre a história. Mas antes eu preciso fazer uma leitura completa de todo o texto antes de botar ele na gaveta. Bom, agora eu vou para a Travessa antes que a Banda de Ipanema tenha a chance de ferrar com o trânsito todo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Rodas e ideias

Fui ao centro hoje para uma palestra do Rodas de Leitura com a Barbara Heliodora que acabou sendo com o Amir Haddad já que a Barbara não pôde comparecer. A palestra foi uma delícia, o homem fala pelos cotovelos e é divertidíssimo. Mas o melhor mesmo aconteceu a caminho da palestra. Começou a vir a ideia que eu queria, uma ideia para um romance que se passa em um só dia, algo que quero escrever há algum tempo. Anotei tudo na plateia enquanto a palestra rolava. Falta decidir um monte de coisas, mas já tenho um personagem central, um título, uma ideia básica do enredo. Cheguei em casa numa pilha enorme, doida para fazer todo tipo de coisa. Tudo menos trabalhar. Minha cabeça não é boa para trabalhar quando tudo o que eu quero fazer é ler, escrever, pensar mais nas ideias para esse novo romance que, pelo andar da carruagem, só vou poder começar a escrever quando for a época das Olimpíadas aqui do Rio. Paciência. Não existem mais mecenas para financiar artistas e permitir que vivam apenas de sua obra. Resta eu torcer para ganhar um daqueles prêmios que distribuem rios de dinheiro a escritores. Vamos chegar lá.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dearest 2

Eu tenho esse fascínio de longa data com cartas diários, manuscritos, qualquer coisa escrita com papel e caneta, anotações nas margens dos livros. Daí é um prazer para mim escrever cartas no meio dos meus textos. Em parte porque isso exige uma abordagem um pouco diferente. Preciso retirar o filtro que me separa do texto e me colocar diretamente no lugar do personagem para poder escrever como ele. Tenho de pensar na pessoa no outro lado e no que quero dizer para ela. Para mim, o exercício do escritor é muito parecido com o do ator. É preciso achar dentro de você as emoções do personagem. Pensei muito nisso enquanto digitava o texto das duas mães do meu romance. Foram dois textos muito estranhos de escrever porque nunca fui mãe e me vi falando de experiências que nunca tive. Se ficou bom, eu não sei. Alguém vai ter de ler e me dizer. E espero que seja em breve. Com sorte, vou terminar de digitar as ceninhas dentro de duas semanas e aí inicia-se a terceira fase afinal.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Dearest

Semana muy longa. Muito trabalho, pouco sono, horários estranhos. No fim de semana a compensação: dois dias para escrever. A reta final da segunda versão está cada vez mais perto, mas o ponto alto de hoje foi o início da segunda parte que comecei a reescrever. Originalmente eu tinha pensado em reescrever a segunda parte como um monólogo já que a personagem é uma atriz. Só que essa ideia começou a me lembrar muito aquela crítica que fazem no Project Runway quando o estilista faz tudo combinandinho. "Too matchy, matchy." Só porque ela é uma atriz tem de ser um monólogo? Eu reli We Need to Talk About Kevin da Lionel Shriver ano passado e me bateu que refazer a segunda parte como uma série de cartas fazia ainda mais sentido pois logo na primeira cena ela recebe uma carta de um ex-namorado. Por que não fazer ela responder a essa carta? E também me ocorreu que a personagem tinha ficado muito durona, muito inflexível e chata. As cartas são uma oportunidade para ela demonstrar seu lado mais vulnerável já que ela está se abrindo para outra pessoa. Acho que vai ficar mais interessante assim.
O resultado desse boa produtividade já está sendo sentida. Saí do supermercado morrendo de sono, mas aqui em casa a pilha recarregou e vai ser complicado dormir. Vou ver se aproveito a minha insônia feliz para selecionar mais fotos para colocar no blog. Boa noite por que amanhã tem mais.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fotos urbanas 3



São Paulo, 2010.

Fotos urbanas 2


Wilson is Wilson


Meu xodó. Ele é completamente safado e doido. Mas é meu xodó.

Escrita criativa

Eu sinto falta de trabalhar com uma redação criativa como eu fazia na época da Intercorp. Era legal criar textos de marketing. Também sinto falta da época em que eu fazia textos para o fanzine da minha turma. É pena que nunca mais consegui achar um trabalho que me permitisse trabalhar com redação. Até fiz uma proposta de blog para uma rede de lojas famosa aqui no Rio, mas não toparam. Uma pena. Agora fico dando tratos a bola de como posso encontrar outra ideia que me permita voltar a redigir textos como fazia antes. E, o melhor de tudo, por dinheiro.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Repeteco

Repeteco no domingo. Vai ser fogo ter ritmo de trabalho nesta segunda, mas valeu a pena. Cheguei na penúltima cena do quarto personagem. Ver a reta final é maravilhoso. Isso me anima mais do que tudo. Ainda faltam os dois "epílogos" e as ceninhas avulsas. Acabei decidindo, ao chegar em casa, que o primeiro epílogo entraria não no fim, mas no meio do romance. Acho que é uma maneira de desequilibrar as coisas. Ainda vou ter de decidir onde botar o outro epílogo. Tento sempre procurar uma solução que pareça orgânica. Essa é uma coisa que eu aprendi num laboratório de roteiro. O roteirista estava falando especificamente de flashbacks e que a colocação deles devia parecer natural, orgânica. Quando não é, você sente logo. A coisa se destaca na hora. Achar o ponto certo pode ser dificílimo. Para mim, parte da graça de escrever está nisso, nas filigranas. Nunca vou ser uma escritora experimental, mas eu gosto de mexer na estrutura, achar uma forma nova de arrumar a história. Por isso agora começa o processo de pensar na estrutura do próximo romance, como é que vou montar a história para que não seja uma simples alternância entre 1989 e 2009. Assim que eu tiver alguma ideia, eu conto.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O grande truque

Precisei ir ao centro na quinta para resolver umas coisas e acabei aproveitando para almoçar no Focaccia da Travessa na Sete de Setembro. E depois de comer, abri um caderno e escrevi um trecho do próximo romance. Foi incrível perceber o quanto ele está perto da superfície, pronto para ser escrito. Se eu decidisse botar o romance atual de molho por um tempo, poderia tranquilamente começar a trabalhar no próximo. A verdade é que ainda não sei como vou estruturar as idas e vindas entre 1989 e 2009, mas essa é uma dessas coisas que acabo decidindo sempre no processo de escrever, encontrando o caminho que parece mais natural. E esse é o grande truque. Um romance é uma construção, é artificial. Não há nada de natural nele. Agora se alguém me perguntar como é que se faz isso, pode esquecer. Eu não faço ideia. Meu processo é completamente instintivo. Eu estudei jornalismo, não letras. Comecei a escrever com 15 anos e cheguei no ponto em que estou, bem ou mal, simplesmente na base da tentativa e erro, lendo muito, escrevendo muito. Daí eu seria a pior pessoa para dar uma oficina de escrita. Para mim é muito difícil às vezes poder articular porque alguma coisa no texto está certo ou errado. Eu simplesmente sinto isso. Minha imagem mental mais frequente enquanto escrevo é de estar tateando o terreno pela frente para encontrar o caminho certo. Volta e meia eu me perco e preciso botar o texto de volta na rota. Agora que sinto que estou chegando na rota final, fico cada vez mais animada para começar as correções de rota. Vamos nessa.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ligada na CNN

Eu me formei em jornalismo. Nunca exerci a profissão porque antes mesmo de deixar a faculdade, percebi que seria péssima jornalista. E ainda por cima sou tímida. Jornalista tímida não iria dar muito certo foi a minha conclusão na época. Acabei indo trabalhar numa editora e dali pra frente foi uma sucessão de trabalhos que me levaram ao que faço hoje, tradução para cinema e TV. No entanto, tenho essa fascinação por canais de notícias a cabo. Talvez tenha a ver com o dia em que afinal instalaram (após uma longa batalha) a TV a cabo na minha casa. Nesse dia, instalaram uma senhora antena no meu pátio e quando ligaram todos os cabos, a TV entrou automaticamente na CNN mostrando a invasão da embaixada japonesa no Peru pela polícia para resgatar reféns que tinham sido tomados por um grupo terrorista. Os técnicos foram embora e passei o resto do dia fascinada pelo que se passava na minha TV, a riqueza de informações e, mais do que tudo, poder ver algo acontecendo ao vivo e a cores. Desde então tenho visto muita coisa na CNN. Desastres, revoluções, guerras. E agora esse rolo no Egito. Os repórteres apanhando no meio da rua, gente jogando pedras e coquetéis molotov. E agora não se sabe o que vai acontecer. Só torço que não morra muita gente.