sábado, 29 de dezembro de 2012

Bah, Ano Novo

Prefiro o feriado de Ano Novo ao Natal. A essa altura do campeonato gosto da folga que o Natal me dá, mas não o peso das associações que acompanham o Natal. É um pouco como se você tivesse a obrigação de ser feliz nesse dia. E tem os benditos presentes e tudo mais. Há séculos eu resolvi só dar presentes para minha família. Facilita minha vida.
Quando eu era criança, entendia perfeitamente porque se comemorava o Natal, mas me sentia um tanto confusa com o Ano Novo. Sempre considerei essa uma celebração artificial, como o dia das Mães ou o dia das Crianças. Alguém decretou que era para ser assim e pronto. Sim, claro, eu sei que é algo que vem de tradições antigas que nem o Natal, embora no meu estoque de cultura geral e referências cinematográficas que roda nessa minha cabeça louca não consiga me lembrar agora qual a tradição específica. Por exemplo, ao assistir um documentário da BBC lembro agora que a tradição da árvore de Natal só chegou na Inglaterra com o Príncipe Albert, o marido da Rainha Vitória. É o sintoma eterno de quem trabalha com cinema e TV. Todo mundo vive de referências e citações e fatos obscuros. E depois você conversa com pessoas normais e não entende porque elas não sacam a piada que você fez com uma frase de um filme. 
Mas voltando ao assunto, nunca consegui entender direito essa coisa de Ano Novo e chegou um ponto em que resolvi desistir e ignorar o Ano Novo. Eu aproveito os dias de folga com muito prazer, escrevo bastante, mas fico em casa enquanto todo mundo solta fogos. Dá menos aborrecimento assim. Vou me enfiar no banho agora e partir para a Travessa. Tomara que as hordas consumidoras já tenham ido embora. Quero a minha livraria só para mim.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Boemia

Sexta-feira, véspera do fim de semana do Ano Novo, e tudo o que eu quero é sentar num bar e conversar com os amigos. Até tinha pensado em sentar um pouco no café da nova Cultura que abriu na Senador Dantas, praticamente do lado do escritório (um perigo), escrever, mas aí parei e pensei, sorvetão, você vai passar três dias escrevendo, que diferença vão fazer mais uma ou duas horas. Sinto saudade de sentar com o pessoal da legendagem na noite de São Paulo, cada um tomando sua bebida de preferência e depois todo mundo caminhando de volta para o hotel às quatro da manhã pelas ruas praticamente desertas sem qualquer noção do quanto isso é perigoso e sabendo que você tem de acordar cedo no dia seguinte e terminar um filme e depois sair correndo para uma sessão no cinema do Conjunto Nacional. Não bebo, então basicamente me entupo de refrigerante. Mas gosto da conversa e de ver aquela longa mesa de gente que conheço e todo mundo trocando histórias de guerra. É leve e sem compromissos e em geral essas noites são cheias de risadas. Tomara que no ano que vem possa fazer me entregar mais para a boemia da sexta-feira.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Hordas consumidoras

Uma das melhores coisas desse feriado de Natal é poder passar mais de um dia na Travessa. Por uma série de circunstâncias, não tive compromissos sociais, então pude escolher o que fazer. Minha mãe vai viajar e passar uns dias com minha tia, irmã dela numa casa de campo. Eu até tinha pensado em viajar para São Paulo ou Paraty, mas gastaria muito mais (se bem que na Travessa estou mais exposta às tentações) e no fim das contas, tudo o que eu quero é o que sempre quero. Tempo para escrever. E para mim, o lugar mais confortável para escrever é a Travessa. Mesmo com trinta mil pessoas na loja para comprar presentes, continua sendo o melhor lugar. Sinto-me um pouco invadida, especialmente na hora em que desço ao primeiro andar para dar a volta de praxe para refletir. Bato na parede, não sei como seguir com a cena. Levanto e vou dar uma volta lá embaixo para sacudir a cuca. Costuma funcionar. Eu sei, a livraria não é minha, mas vou lá há 10 anos, desde que eles abriram e aquele lugar virou meio que meu escritório oficial. A tal ponto que é mais fácil para mim escrever fora de casa do que dentro.
Não rendi tudo o que eu queria, mas isso é normal quando você está no início. Ou melhor, reiniciando um romance. É provável que eu renda melhor no próximo fim de semana. E sem as hordas consumidoras rodando em volta deve ser mais fácil me concentrar. Está sendo uma experiência interessante reescrever um texto sem voltar ao original. Coisas novas estão surgindo, uma maneira diferente de dizer as mesmas coisas. Percebi que não devia entregar determinadas coisas logo de cara, inclusive porque isso me forçava a repeti-las o tempo todo. Mas esse cara é como um viciado no sentido de que ele não quer reconhecer aquilo que o prejudica. E daí me pareceu fazer mais sentido que ele não pudesse contar a própria história. Podia ter usado o famoso "unreliable narrator". Mas de algum modo me pareceu que seria mais natural um narrador na terceira pessoa vendo tudo de fora e escondendo aquilo que o leitor não precisa saber. Neste caso é mais um "untrustworthy narrator" pois ele só conta aquilo o que quer. Gosto disso.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sexta

Desde a sexta que não se fala de outra coisa que não o ataque à escola nos EUA e a morte das 20 crianças. Foi uma merda e vai ter gente sofrendo com isso por muito tempo. E vai começar todo aquele debate sobre controle de armas e deveria mesmo. Ninguém deveria ter uma arma. Toda vez que uma tragédia dessas acontece, as pessoas têm a tendência a criticar o que acontece nos EUA, a cultura de armas que existe. lá. O que se esquece é que tem toda uma violência aqui que nunca vi ser discutida. Quantas vezes já vi incidentes de violência por motivos fúteis na TV. Alguém que pega uma arma e mata outra pessoa por nenhum motivo. Uma discussão de bar, uma fechada no trânsito, um comentário sobre o time de coração resultam em uma pessoa matando a outra com uma arma. Há vários anos, eu estava num ônibus e um carro fechou o ônibus, forçando-o a parar, o motorista saiu do carro e atirou no pneu do ônibus. Tivemos todos de sair e pegar outro ônibus. Isso foi em Ipanema. O motorista do ônibus teve sorte de não levar um tiro na cara. Parece que as pessoas não conseguem mais suportar ser contrariadas. É uma coisa que acontece de uma forma constante e é algo sinceramente me apavora. Há uma violência que permeia a sociedade americana. E há uma violência aqui também. E tem vezes em que acho a violência aqui pior. Ela não é espetacular, não ocupa os noticiários internacionais, não é motivada por problemas mentais ou por um desejo de notoriedade, ciúme ou traição. É por que alguém disse que outra pessoa não gostou. Isso me assusta muito mais que o doido que entra no shopping e mata dez pessoas. Essa é uma ocorrência rara. O sujeito que mata alguém num bar por causa de uma discussão a respeito de futebol nem tanto.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Done and done

Está feito. Detonei o romance em progresso 2 e comecei tudo de novo. Nunca tinha feito isso a esse ponto. Vou reescrever o romance sem consultar o que já está escrito. Tomei algumas decisões sobre o narrador e sobre o que vou e não vou dizer desta vez. Eu nunca tinha ejetado o meu original dessa forma. Mas a cena nova que terminei de escrever hoje quando cheguei na livraria me convenceu que a história está efetivamente na minha cabeça, aquilo que eu quero dizer. Mais tarde posso pegar cenas que acho que funcionaram bem e usá-las na nova versão. Acho que vai funcionar porque essa é uma história que tenho na cabeça há quase vinte anos. Tentei escrevê-la como um conto no início dos anos 90, não deu certo. Agora tentei reeditá-la como um romance. Ainda acho que é uma boa história. Só não achei o jeito certo de contá-la ainda. Tomara que agora eu acerte.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

There are always possibilities

Não estou contente com o romance em progresso, mas na segunda começou a me vir uma nova cena que estou escrevendo na hora do meu almoço. É um sinal que o romance não está morto. As possibilidades ainda existem. E acho que é um sinal que a melhor opção é reescrever o romance desde o começo. Uma fresta de luz sempre é bem-vinda.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Não está funcionando

Fim de semana passado não deu. Pintou um trabalho. Mas hoje eu fui para a livraria. Foi um dia menos frustrante que o último, mas continuo sentindo grande insatisfação com o texto. Desconfio que parte da minha insatisfação tem a ver com a forma um tanto artificial como esse texto surgiu. Desconfio que, no fim das contas, vou ter de sentar e reescrever tudo. Mas desta vez vai ser de uma maneira mais orgânica. Tem de ser de uma maneira mais orgânica ou não vai funcionar. Não é a primeira vez que faço isso. No meu primeiro romance joguei fora dois terços do romance não só uma, mas duas vezes. E nas duas vezes foram críticos amigos que me disseram, "não está funcionando". Vou tomar como um sinal de minha evolução como crítica de meu próprio trabalho de que desta vez quem vai decidir se jogo fora o texto sou eu mesma. Eu cheguei na metade do romance e com alguma sorte e se chegar bem cedo na semana que vem, talvez consiga terminar a leitura. E aí vou decidir o que fazer. Enquanto isso, vou aproveitar o fim de semana para dormir tudo o que puder. Passei a semana passada praticamente insône. Não foi muito legal. Esta semana agora eu tenho de dormir ou isso vai afetar meu trabalho.Ma só o fato de não estar atolada de trabalho vai ajudar. Eu ia descansar este fim de semana inteiro, mas vou ajudar uma amiga com um trabalho neste domingo. E também é uma graninha a mais para adicionar ao meu décimo terceiro. Depois de vários anos sem saber o que é o décimo terceiro, foi legal abrir a minha conta e ver que tinha uma boa grana ali. Vou investir em algumas coisas que preciso aqui na minha casa. O resto vai ficar para tentar compor uma nova reserva, coisa que não tenho há algum tempo. Vou tentar dar um tempo em dezembro e depois em janeiro sair correndo atrás de freelas de novo. Esse esquema de peão é muito mais cansativo do que de freela. Estou com um déficit de sono enorme. Pelo menos como freela eu podia tirar cochilos quando estava muito cansada. No emprego não dá para fazer isso. Pelo menos eu reaprendi o segredo de me manter acordada, tomando litros e litros de Coca-Cola pelo cafeína já que não gosto de café. Por ora, vou curtir o restinho de Os Dez Mandamentos e em seguida engrenar no trabalho. E mais tarde farei meu famoso curry verde de frango com batata doce. Nada mal para um domingo no começo de dezembro.