domingo, 26 de setembro de 2010

O perigo de portar um crachá


Fiquei muito contente em receber meu crachá na sexta. Tenho uma coleção crescente de crachás pendurados na estante atrás de mim no escritório. O problema é que eu esqueci como andar por aí com esse crachá pode ser perigoso. No minuto em que você coloca aquele crachá, você se transforma no membro mais visível da organização do Festival. O problema é que você não tem nada a ver com a organização do Festival. Você taca legendas por 15 dias, só isso. Também não ajuda em nada você estar sentado no meio do cinema escuro diante de um monitor ligado, iluminando sua posição. Então se o som sumiu, a sessão atrasou, o filme que o espectador queria ver ficou preso na alfândega, o ar condicionado está polar, o alvo imediato é você. E claro que ninguém entende direito o que você está fazendo ali e vem falar com você no meio da sessão para diminuir o ar, saber a duração do filme, pedir para baixar o volume, saber as horas, etc. Até já me pediram para desligar o monitor dentro do cinema. E ano passado, uma mulher queria que o marido estapeasse um legendador porque o pobre rapaz estava com um notebook na última fila do cinema e ela não entendia que as legendas estavam vindo do trabalho do pobre rapaz.
Ontem eu dei de cara com uma turba cinéfila completamente irada porque a sessão deles estava sendo retardada por um debate com a diretora do filme anterior. Eu estou inocentemente saindo de uma sala no Unibanco, passo por outra e estou tentando chegar num táxi para correr para o Odeon para o resto das minhas sessões quando dou de cara com uma fila imensa de gente irada querendo saber de mim porque a sessão deles está atrasada. E o pessoal está pê da vida mesmo. Por dois segundos eu penso, "vou ser linchada". Proclamo minha inocência, sou uma reles tacadora de legendas, apresso o passo e consigo escapar. Ufa.

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