segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
Auf wiedershen, farewell
Hoje passou "A Noviça Rebelde" de novo. Pena que eu peguei o filme no finalzinho. Mas eu me lembrei de novo da véspera de uma viagem que fiz a Chicago. Estava com uns amigos em Copacabana e quando chegou a hora de eu ir embora para fechar a mala e fazer os últimos preparativos da viagem, o pessoal resolveu cantar a música de despedida para mim, completa com coreografia. Desci até a rua para pegar um táxi de volta para casa e quando olhei para cima, meus amigos estavam na varanda, ainda cantando para mim. Já faz quase vinte anos, mas nunca me esqueci dessa despedida.
sábado, 25 de dezembro de 2010
Manhã de Natal
Manhã de Natal. É aquele dia vazio em que você não sabe direito o que fazer. O chato é não ter para onde ir já que está tudo fechado. E, pior de tudo, é meu sábado sagrado e a Travessa está fechada. Vou ter de esperar até amanhã para ir lá escrever. Assim fico em casa, tentando inventar algo pra fazer. Acho que vou aproveitar para ler o livro novo que recebi da Cultura esta semana. É difícil eu ter uma chance de ler por horas e horas. E, claro, vou tentar botar meu sono em dia pois passei quase duas noites em claro às voltas com problemas de água aqui em casa. Estou virando uma especialista em bombas e cisternas e caixas d'água. Aliás, está me dando um tremendo sono de novo e vou voltar para a cama. Zzzzzzzzz.
Estar em casa
Enquanto eu falava com uma amiga minha que mora fora do Brasil ao telefone, ficava mudando de canal e dei de cara com uma reprise de "A Noviça Rebelde". Esse é um filme que me acompanhou durante toda a vida. De certo modo, ele era quase que uma representação de uma identidade austríaca que eu por um tempo tentei reclamar (o que fazia algum sentido já que eu nasci em Viena, Áustria), mas que acabou ficando de lado depois que fui morar em Nova York e acabei por me identificar de vez com aquela cultura. Eu voltei aos Estados Unidos pela primeira vez desde que parti de Nova York em 1977 no início dos anos 90 e tive a nítida sensação de estar voltando para casa. Essa é uma sensação que nunca tive voltando ao Brasil das viagens que fiz nos anos 80 para visitar meu pai em seus vários postos diplomáticos. Tendo feito todo o meu primeiro grau em escolas americanas, essa é uma cultura que eu entendo, reconheço. Às vezes até melhor que a brasileira. Acho que essa sensação de ser meio estrangeira sempre me será útil quando eu escrever.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Das vantagens de ser The Flash
Normalmente não sou uma pessoa saudosista. Não vejo o passado como uma época dourada, maravilhosa. Ainda mais, porque, em muitos sentidos, não foi. Tive muitos altos e baixos. Mas eu sinto falta da época em que eu podia passar horas sentada na minha cama na casa da minha mãe e escrever, escrever, escrever. Eu tinha uma ideia atrás da outra e escrevia um conto atrás do outro. Nada que preste, infelizmente, ou eu já teria um livro de contos, mas as ideias pareciam brotar, uma atrás da outra. A mesma coisa acontece agora, tenho uma ideia atrás da outra, mas como o que escrevo agora são romances e só romances, que demoram um certo tempo para serem escritos, eu inevitavelmente tenho de ficar segurando as ideias que pipocam dentro da minha cabeça até ter tempo para botar todas elas no papel. Daí meu sonho de consumo agora é poder ter tempo, poder escrever todo dia, o tempo todo, poder fechar textos em muito menos tempo, quem sabe até publicá-los. Quando o Cristovão Tezza disse numa entrevista que escreveu o último livro dele em dois anos, morri de inveja. O romance atual já está no segundo ano e prevejo que vou levar mais um ano para fechar a coisa toda. Isso se as pessoas pra quem eu mostrar o texto não me disserem que preciso mudar meio romance e aí isso provavelmente vai exigir mais meio ano de trabalho. Então meu segundo desejo de consumo é virar The Flash, assim posso trabalhar muito mais rápido e escrever romances em três dias em vez de três anos. Talvez numa outra vida.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Distrações, livros, férias
Eu quero férias. Volta e meia é isso o que eu sinto. Preciso descansar. Preciso botar o sono em dia. Preciso passar um dia sem ter de pensar em prazos, pagamentos, dinheiro que preciso cobrar. Quero uns dias para não pensar em nada, me preocupar com nada. Recebi hoje um livro que está numa dessas listas de melhores do ano. Eu gosto dessas listas. É com elas que eu abasteço minha lista pessoal de livros que quero comprar. É um bloquinho que carrego comigo e nele eu anoto os livros que me interessam por causa de uma resenha, algo que li em algum blog, a recomendação de um amigo. Me dá vontade de fazer uma coisa que não faço em séculos, que é deitar e ler um livro por horas, deitada na cama. Eu fazia isso no século passado, há uma eternidade, quando tinha tempo. Eu trabalhava numa empresa e voltava para casa e sentava na cama para ler. Tenho cartas dessa época que mostram que eu praticamente não via TV. Meu único acompanhamento era a música que eu tocava no meu aparelho de som. Teve uma época em que eu tinha esse rádio gravador e eu montava fitas cassete com as músicas que eu gravava na rádio. Tempos depois, quando fiz 18 anos e passei no vestibular, meu pai quis me dar um carro. Minha mãe foi contra e eu acabei ganhando um aparelho de som. (Meu pai devia ficar muito frustrado comigo às vezes. Ele queria me dar presentes grandiosos e eu sempre queria alguma coisa mais modesta.) E carreguei esse aparelho de som comigo por muito tempo até ele pifar, coitado, lá pela minha segunda ou terceira mudança. E meus vinis sumiram mais ou menos na mesma época. Eu também passava horas sentada na minha cama, um caderno no colo, escrevendo. Continuo precisando de música para escrever, só não consigo fazer isso em casa. Antigamente a grande distração era a TV. Agora há muita mais coisas competindo pela minha atenção, inclusive a infeliz tendência do clube aqui ao lado promover bailes ruidosos durante a tarde. Por isso eu agora fujo para a segurança da Travessa. E, com alguma sorte, poderei passar algumas tardes lá na semana que vem. Até lá.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Verão, bah, humbug
O verão está aí. Odeio o verão. Também odeio aquelas pessoas que adoram o verão. Quem é que pode gostar desse calor insuportável, de passar o dia suando, desconfortável? Deus me livre. De agora em diante, só vou me sentir feliz quando fizer frio, quando começar o outono de vez. Eu realmente não fui feita para esse clima. Ninguém quer me mandar para a Europa, não?
domingo, 19 de dezembro de 2010
Cachorro na janela
Ontem, voltando para casa, eu parecia aqueles cachorros que botam a cabeça pra fora da janela para curtir o vento. O táxi que eu peguei estava com o ar condicionado quebrado e esse era o jeito de não morrer de calor entre o supermercado e a minha humilde casa, meter a cara na janela. Se eu pudesse meter a cabeça para fora sem medo de ser decapitada, eu teria feito isso. Acho que só faltou a língua para fora. Foi o fim de um dia não muito produtivo, mas é porque eu estava com muito sono. Dormi pouco, acordei cedo e, por conta de uns problemas com a água aqui em casa na manhã de sábado, acabei tomando banho cedo e indo para a livraria em vez de dormir mais um pouco e ir mais descansada para a Travessa. Daí, no meio da tarde, eu estava caindo pelas tabelas e dormindo sentada na minha mesa. Mas deu para fechar o primeiro caderno e começar a digitar o segundo, mexendo em algumas coisas, alterando alguns detalhes. Estou torcendo que eu possa avançar bastante agora com esses feriados de fim de ano embora os deuses conspirem contra mim e o Natal e o Ano Novo caiam exatamente no sábado, significando que a Travessa vai estar fechada. Mas terei os domingos e as vésperas dos feriados e vou tentar fazer o que puder nos sábados apesar de inevitavelmente ser distraída por tudo o que tem aqui em casa, cachorro, Internet, TV, etc. Mas vamos fazer um esforço.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Preencher os vazios
Assistindo um documentário apresentado pela Mary Beard, uma tremenda historiadora inglesa, sobre a vida dos romanos em Pompeia, eu reparei que a arqueologia tem muito a ver com preencher os vazios. A partir da descoberta de esqueletos em um porão, os restos de pessoas que eram claramente ricas e pobres, ela começa a examinar algumas das ideias mais comuns que se tem sobre Pompeia e a sociedade romana. E enquanto ela discutia a ideia que as pessoas têm de que Pompeia está cheia de bordéis, me ocorreu que o que o arqueólogo faz (e só Deus sabe porque isso não me ocorreu antes) é tentar criar uma história para preencher o vazio que ficou depois do desaparecimento daquela sociedade. Imagino que muitas das nossas narrativas comecem assim, nessa tentativa de preencher os vazios. Acho que as pessoas suportam mal a ausência de respostas, sentem a necessidade de criar algo que fique no lugar daquilo que não se pode saber até o fim. Essa é uma das coisas que me fascinam no escrever, essa necessidade de criar uma narrativa. De certo modo, acho que é por isso que eu escrevo. E é por isso que os vazios são mais interessantes.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
É feira
Eu não sou uma pessoa que algum dia teve muito a ver com a cultura popular do Brasil. Tendo passado toda a infância e parte da adolescência não só fora do Brasil quanto estudando em colégios americanos pelo mundo afora, conheço muito mais o universo americano. Nunca fui muito de festa junina ou pagode. Nos meus primeiros anos no país, eu achava estranho essa história de todo mundo dar dois beijinhos. E minha mãe nunca foi de frequentar feira de rua. O lance dela sempre foi supermercado. E eu junto, empurrando o carrinho, tentando descolar um sorvete. Acho que a primeira vez em que eu realmente fui a uma feira foi no final do ano passado com minha companheira de aventuras culinárias Claudia, procurando ingredientes para uma ceia asiática de Ano Novo. A segunda vez foi ontem, domingo, quando fui buscar o Junior no estaleiro. Do lado da casa do meu santo técnico (que eu recomendo pra todo mundo), tinha uma feira rolando e já que eu precisava de pimenta dedo de moça para o prato que estou fazendo para meu jantar hoje, decidi que era hora de explorar a feira sozinha. Achei legal apesar do calor esturricante porque dessa vez eu pude ver a feira com um olhar de quem já faz comida sozinha há praticamente um ano. Eu via ingredientes, possibilidades de pratos quando antes só me preocupava o aspecto insalubre dos peixes naqueles caminhões enormes. Os peixes ainda me parecem insalubres, mas gostei muito de todas as verduras e legumes, de ver tudo ali tão fresco. Até comi um pastel com Coca antes de partir. Não sei se vou passar a frequentar feiras. Tem uma aqui perto de casa aos sábados. Mas eu tenho uma certa preguiça de andar na rua nesse calor infernal que anda fazendo. Mas foi com certeza outra visão. Enquanto isso, eu me alegro com a volta para casa do Junior. Não sei mais viver sem meu laptop.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Ideias aos montes
Longo dia na Travessa. Consegui fechar as duas cenas finais do romance. Melhor dizendo, não fechei, eu escrevi as cenas que estavam na minha cabeça e que só agora eu consegui botar no papel. Eu tinha pensado em começar o monólogo da segunda parte, mas desconfio que isso só vai dar para começar quando eu tiver fechado a trajetória da personagem. Mas eu já determinei qual o tom que quero para esse diálogo. Em compensação, eu escrevi um possível começo para meu próximo projeto de romance, uma história que se passa em 1989 e em 2009. E um documentário que lancei este ano durante o Festival do Rio me deu o título para um outro projeto completamente diferente que pode nem ser um romance. O único problema de ter tanta coisa me passando pela cabeça é que fica praticamente impossível chegar em casa, cair na cama e dormir. Daí é madrugada e ainda estou completamente acesa. Fazer o quê.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Estaleiro
Esta não foi a melhor semana que já tive. Meu laptop querido foi para o estaleiro para o conserto e ainda não voltou. Estou trabalhando numa máquina de reserva que não tem todos os programas de que preciso. Ter problemas no equipamento que garante o seu sustento é sempre algo que me deixa nervosa, quase histérica. Mas torço que até segunda tudo esteja resolvido. O chato nisso é que não posso levar o laptop para digitar o texto na livraria, o que estava sendo um grande adianto, mas eu tenho coisas novas para escrever, então não preciso ficar presa em casa. Posso até tentar escrever o grande monólogo da segunda parte. Acho, inclusive, que já tenho um ponto de partida para ele. E gostaria de tentar explorar uma linguagem mais coloquial para este monólogo, o que vai ser uma boa maneira de diferenciá-lo do resto do texto.No final do dia de hoje terei uma ideia melhor.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Quilos de trabalho
Trabalho, quilos de trabalho. Normalmente, nesta época do ano, o trabalho some e eu começo a ficar ansiosa, de onde vou tirar dinheiro, etc. Mas agora é difícil arrumar uma folga, um dia para não fazer nada. Só os meus sábados sagrados, agora ocupados com a digitação do texto dos cadernos. Estou quase terminando o primeiro caderno. Às vezes desanima ver tudo o quanto ainda preciso digitar, mas é um exercício muito útil. Este último fim de semana deu para ver que algumas cenas não funcionam. Mas como é um pedaço que vai ter de ser todo reescrito, não chega a ser um horror. O complicado vai ser escrever esse monólogo. Já vi que vou ter de mapear o que dizer nesse monólogo, algo que eu nunca faço. Veremos no que vai dar.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Melhores do ano
No blog da Companhia das Letras, os funcionários da casa fizeram indicações dos melhores livros do ano. E o livro de Elvira Vigna, Nada a Dizer, foi um dos indicados. E sinceramente não é à toa. Esse realmente é um dos melhores livros que li não só neste ano, mas em algum tempo. Elvira é uma escritora pouco conhecida, infelizmente, mas merecia que as pessoas conhecessem melhor o seu trabalho. O link para o blog da Companhia das Letras é este.
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