Assistindo um documentário apresentado pela Mary Beard, uma tremenda historiadora inglesa, sobre a vida dos romanos em Pompeia, eu reparei que a arqueologia tem muito a ver com preencher os vazios. A partir da descoberta de esqueletos em um porão, os restos de pessoas que eram claramente ricas e pobres, ela começa a examinar algumas das ideias mais comuns que se tem sobre Pompeia e a sociedade romana. E enquanto ela discutia a ideia que as pessoas têm de que Pompeia está cheia de bordéis, me ocorreu que o que o arqueólogo faz (e só Deus sabe porque isso não me ocorreu antes) é tentar criar uma história para preencher o vazio que ficou depois do desaparecimento daquela sociedade. Imagino que muitas das nossas narrativas comecem assim, nessa tentativa de preencher os vazios. Acho que as pessoas suportam mal a ausência de respostas, sentem a necessidade de criar algo que fique no lugar daquilo que não se pode saber até o fim. Essa é uma das coisas que me fascinam no escrever, essa necessidade de criar uma narrativa. De certo modo, acho que é por isso que eu escrevo. E é por isso que os vazios são mais interessantes.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
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