segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fim de férias

Acabaram as minhas férias. Peninha. Eu tinha alguns planos para essas férias. Trabalhar no Festival do Rio foi um deles. Terminar de arrumar minha casa foi outro. Mas esse ficou pelo caminho. Terminado o Festival, me deu uma preguiça enorme. Olhei as caixas todas, estava quente, eu só queria passar uns dias sem fazer nada, o que é verdadeiramente uma ocorrência muito rara na minha vida. Não fazer nada. Nada. E é a melhora coisa do mundo não fazer nada. Pena que dure tão pouco e o dia passe tão rápido.
Tive um dia de repescagem no Moreira Salles, onde aproveitei para almoçar no café deles. Minha ideia era tirar fotos da casa, mas justamente nesse dia choveu durante a quarta-feira inteira. Pena, mas pelo menos posso voltar um outro dia. Ano que vem vou poder marcar minhas férias para me deixar mais tempo livre depois de terminar o festival. E aí, quem sabe, eu possa até viajar para São Paulo. Sinto falta da Pauliceia Desvairada e de poder me desvairar nela.
As férias também me permitiram voltar a sentir o que era ser freelancer e confesso que continuo a sentir falta disso apesar de não querer abrir mão de um salário fixo. Claro que quero voltar a ter a liberdade de antes, de poder estar na rua no meio da semana se tivesse vontade, de poder tirar um cochilo no meio do dia se tiver sono. Preciso arrumar mais trabalho, preciso voltar a sair em campo, buscar mais freelas. Estou às voltas com o Mix Brasil, mas queria fazer mais filmes, mais programas de TV. Sinto falta desse tipo de tradução. Passar um mês inteiro voltada para isso me fez ver o quanto gosto de traduzir para cinema e TV. Vamos correr atrás e ver no que vai dar.
Em tempo: essa semana, no trabalho, vi que um cliente que visitei antes das férias pediu por mim especificamente para traduzir um texto porque eles gostaram da minha tradução. Isso fez bem ao meu ego meio maltratado.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fest-Riot is over

Acabou o Fest-Rio e esse ano a coisa foi bem pauleira. Teve um pouco de tudo. Manifestantes tentando invadir o Odeon, houve os avistamentos do famoso mijão, sexo dentro da sala de cinema, a venda dos assentos ocupados pela legendagem, os questionamentos existenciais nos emails da lista de email da legendagem. Mas depois que o festival passou praticamente em branco para mim ano passado, o cansaço, as 4 horas de sono por noite, a correria para terminar filmes trabalhando no laptop entre as sessões, tudo isso compensou pela felicidade de estar envolvida de novo no meio da zona, dos chopes, chegar em casa às 3 da manhã, ver pessoas queridas de novo.
Aliás, houve um certo choque quando cheguei para o leilão no domingo antes do festival. Eu não conhecia muitas das pessoas ali presentes no velho Unibanco 3. Está havendo uma mudança da guarda. Gente nova entrando, gente das antigas indo fazer outras coisas. Francamente não gosto disso. Eu gostava do grupo que a gente tinha. Era um bom grupo. Divertido. Sacana. Mais rápido no gatilho para sacanear qualquer coisa que surgisse na lista de e-mails.Claro que há uma certa diversão em assustar os novatos, ou carne fresca como gosto de chamá-los, mas sinto falta daquela camaradagem já estabelecida. Você não tem que ficar explicando certas coisas. O lado bom é poder contar as mesmas velhas histórias pela vigésima quinta vez.
Com ou sem gente nova, uma das melhores coisas do festival e a lista de emails da legendagem. Ela foi estabelecida para ajudar na comunicação entre os tradutores que trabalham na legendagem e, nos últimos anos, o pessoal começou a enviar emails jocosos  a tradição se mantém até hoje. Em geral você sabe que o festival está chegando quando você manda um email para tentar resolver uma dúvida de tradução às 2 da manhã e recebe várias respostas imediatas. Ou seja, está todo mundo virando a noite para fechar os filmes que vão passar na primeira semana do festival. E ninguém perdoa nada. Um erro de digitação que transformou "deu branco" em "deus branco" transformou-se em mais uma tradição da legendagem, com tradutores invocando a proteção do deus branco antes de enfrentar filmes difíceis de lançar, tipo russo ou tailandês sem legenda em inglês na cópia. Esse ano foi o ano dos questionamentos existenciais. Um tradutor fez umas perguntas em resposta a um email sobre um filme e pareciam ser perguntas de brincadeira. O que é blindagem? O que é proteção? Não eram, mas todo mundo entrou no esquema. Se alguém mandasse um email sobre sei lá, levar casacos para um determinado cinema por conta do ar condicionado, inevitavelmente alguém perguntava, "O que é ar condicionado?" Outro perguntava "O que é casaco?" E foi assim durante três semanas. Você abria seu programa de email e tinha quarenta, cinquenta emails para ler. Isso todo santo dia. E de repente para tudo e você se sente meio órfã porque aquela comunidade sumiu. E então se inicia a contagem regressiva até o ano que vem. Hoje vou pendurar meu crachá junto com meus outros crachás de festivais passados e torcer que no ano que vem eu consiga quebrar o meu recorde de lançamentos. Esse ano, infelizmente, não deu.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fest-Riot

Este ano o Festival do Rio está enfrentando situações inéditas em seus 15 anos de história. Agora resolveram vender os ingressos com lugar marcado, o que nos cinemas com legendagem eletrônica significa que às vezes vendem as cadeiras em que o legendador está trabalhando. Já houve gente querendo desalojar o legendador à força. Uma delícia. O sujeito se senta, mas todo mundo fica sem legenda. 
O outro fator mais visível tem sido as manifestações violentas no centro, o que levou alguns a brincarem que este ano temos não o Fest-Rio, mas o Fest-Riot. Ninguém disse na reunião da legendagem que teríamos de enfrentar gás lacrimogêneo e PMs que querem descer a porrada em todo mundo. De repente, além da lanterninha LED e do crachá, os legendadores têm de se equipar com coletes à prova de balas de borracha e máscaras contra gás. Será que podemos pedir um adicional por insalubridade? Mal posso esperar pelo minha sessão no Odeon no domingo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Artesanato

Meu armário foi entregue no final de agosto, mas levou um tempo para conseguir que o montador viesse juntar todas as peças. E foi um processo interessante acompanhar o homem montar meu armário, pedaço por pedaço. Não era bem um artesanato, mas senti no homem um orgulho de fazer seu trabalho bem feito. Com o tempo ele havia desenvolvido seu método, suas ferramentas. Tudo tinha um ímã para poder grudar os pregos e parafusos e porcas que ele usava a cada etapa do trabalho. Ele preparou metodicamente cada peça e depois juntou as peças nos seus devidos lugares e quando eu vi, tinha um armário em vez de caixas fechadas, encostadas na parede. A humanidade passou tanto tempo fazendo coisas com as próprias mãos que acho que sobrevive na gente uma certa nostalgia por ter um trabalho em que a gente mete a mão na massa. Quando eu fazia diagramação na Intercorp, adorava quando chegava a época de fazer o Internews, a newsletter da empresa porque significava ficar enfurnada numa sala durante três dias para fazer a arte final. Era um trabalho detalhista e eu adorava porque significava montar algo com as mãos. Sinto falta desse trabalho até hoje. Era o mais perto de um artesanato que eu chegava.