quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fest-Riot is over

Acabou o Fest-Rio e esse ano a coisa foi bem pauleira. Teve um pouco de tudo. Manifestantes tentando invadir o Odeon, houve os avistamentos do famoso mijão, sexo dentro da sala de cinema, a venda dos assentos ocupados pela legendagem, os questionamentos existenciais nos emails da lista de email da legendagem. Mas depois que o festival passou praticamente em branco para mim ano passado, o cansaço, as 4 horas de sono por noite, a correria para terminar filmes trabalhando no laptop entre as sessões, tudo isso compensou pela felicidade de estar envolvida de novo no meio da zona, dos chopes, chegar em casa às 3 da manhã, ver pessoas queridas de novo.
Aliás, houve um certo choque quando cheguei para o leilão no domingo antes do festival. Eu não conhecia muitas das pessoas ali presentes no velho Unibanco 3. Está havendo uma mudança da guarda. Gente nova entrando, gente das antigas indo fazer outras coisas. Francamente não gosto disso. Eu gostava do grupo que a gente tinha. Era um bom grupo. Divertido. Sacana. Mais rápido no gatilho para sacanear qualquer coisa que surgisse na lista de e-mails.Claro que há uma certa diversão em assustar os novatos, ou carne fresca como gosto de chamá-los, mas sinto falta daquela camaradagem já estabelecida. Você não tem que ficar explicando certas coisas. O lado bom é poder contar as mesmas velhas histórias pela vigésima quinta vez.
Com ou sem gente nova, uma das melhores coisas do festival e a lista de emails da legendagem. Ela foi estabelecida para ajudar na comunicação entre os tradutores que trabalham na legendagem e, nos últimos anos, o pessoal começou a enviar emails jocosos  a tradição se mantém até hoje. Em geral você sabe que o festival está chegando quando você manda um email para tentar resolver uma dúvida de tradução às 2 da manhã e recebe várias respostas imediatas. Ou seja, está todo mundo virando a noite para fechar os filmes que vão passar na primeira semana do festival. E ninguém perdoa nada. Um erro de digitação que transformou "deu branco" em "deus branco" transformou-se em mais uma tradição da legendagem, com tradutores invocando a proteção do deus branco antes de enfrentar filmes difíceis de lançar, tipo russo ou tailandês sem legenda em inglês na cópia. Esse ano foi o ano dos questionamentos existenciais. Um tradutor fez umas perguntas em resposta a um email sobre um filme e pareciam ser perguntas de brincadeira. O que é blindagem? O que é proteção? Não eram, mas todo mundo entrou no esquema. Se alguém mandasse um email sobre sei lá, levar casacos para um determinado cinema por conta do ar condicionado, inevitavelmente alguém perguntava, "O que é ar condicionado?" Outro perguntava "O que é casaco?" E foi assim durante três semanas. Você abria seu programa de email e tinha quarenta, cinquenta emails para ler. Isso todo santo dia. E de repente para tudo e você se sente meio órfã porque aquela comunidade sumiu. E então se inicia a contagem regressiva até o ano que vem. Hoje vou pendurar meu crachá junto com meus outros crachás de festivais passados e torcer que no ano que vem eu consiga quebrar o meu recorde de lançamentos. Esse ano, infelizmente, não deu.

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