sábado, 24 de maio de 2014

Fifty-fifty

Vou fazer 50 anos dentro de dois meses. Isso para mim é um pouco surreal. Não porque eu esteja tendo um treco por enfim chegar aos 50. Na prática, na minha cabeça, minha idade sempre foi uma coisa meio abstrata. Fora o fato de eu não ter mais o corpo escultural que tinha antigamente, minha cabeça ainda me diz que tenho uns 30 anos. Embora desconfie que me comporto mais como quem tem 14 volta e meia.
Eu entendo que as pessoas têm medo da morte. Eu também tenho. E enfrentei uma morte na família no início do ano. Mas eu tenho mais medo da doença e de ficar debilitada a ponto de precisar dos outros. Também já vi o que isso causa. 
Chegar aos 40 me fez perceber que eu tinha adquirido alguma maturidade, o que no meu caso é quase um milagre. Ainda estou avaliando o que chegar aos 50 significa. Mas acho que tem a ver com uma certa tranquilidade. Não se precipitar tanto, não tomar decisões impulsivas, não entrar em pânico com a mesma facilidade de antes. E, afinal, acho que estou adquirindo coragem para me jogar sem ter uma rede de segurança.
Nunca fui uma pessoa ousada, sempre quis ter certeza do próximo passo que estava dando. Minha mãe diz que eu não era a filha que dava trabalho, meus irmãos sim. Eu era bem comportada, fazia o que tinha de fazer, segui a cartilha direitinho de fazer faculdade, arrumar emprego, conseguir me sustentar. Nunca fui de me arriscar como meus irmãos.
Mas em um ano tomei duas decisões arriscadas. Mudei de apartamento sem ter certeza se podia pagar o aluguel que estavam me pedindo e deixei a Lersch para voltar a ser freela. Morri de medo nas duas vezes, mas segui em frente. Isso tem a ver com chegar aos 50? Ou tem mais a ver com uma insatisfação com a forma como minha vida vinha se desenrolando? Não faço ideia, mas tudo bem, estou tranquila.

Nenhum comentário: