domingo, 29 de agosto de 2010

Diálogos

Me perguntaram no sábado para onde eu viajaria no Brasil se eu pudesse viajar de férias. E me ocorreu que se eu pudesse sair de férias, eu não iria viajar. Minha ideia das férias perfeitas é passar um mês inteiro na Travessa, escrevendo. Faz tempo que não consigo passar o fim de semana todo na Travessa e desconfio que vai levar um tempo até que eu possa fazer isso de novo. Mas eu precisava relaxar e foi muito bom, hiper, super, ultra, fantástico fechar a cena que comecei no sábado e chegar num ponto completamente diferente para a personagem de um jeito que a iluminou e revelou uma fragilidade até então inédita. Esse é o grande barato de escrever para mim, chegar naquele ponto em que surpreendo a mim mesma.
Foi um longo diálogo e eu ando percebendo que escrever diálogos está ficando mais complicado a cada ano. Antes eu escrevia diálogos longos, enormes sem pestanejar. Agora eles custam um pouco a vir. Dei algumas caminhadas pela livraria para tentar pensar no próximo passo. E as falas me vêm um pouco de cada vez. Primeiro tem uma base, depois começo a acrescentar os detalhes, as reações, os gestos. E depois vou acrescentando mais e mais camadas até achar que o quadro está terminado.
Só desanimo um pouco quando penso que vou ter de digitar essas 400 páginas de caderno para poder começar a terceira versão. Quem me dera eu pudesse contratar uma secretária para fazer isso por mim. Mas a coitada teria de entender minha letra (o que não é fácil, acreditem) e saber inglês também já que tenho a mania de escrever tanto em inglês quanto em português. Isso não daria muito certo. Vou acabar achando um jeito qualquer, nem que eu acabe acampando na livraria com meu notebook.

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