domingo, 8 de agosto de 2010

Flip, terceiro dia

Terminei o dia com o perfume de curry tailandês, uma fisgada de gengibre, como não podia deixar de ser. Esta também é uma de minhas razões para vir à Paraty. O novo Thai Brasil fica instalado numa casa de madeira linda no Portal. O plano é aberto e o terreno em volta está repleto de plantas, árvores, arbustos, o que reforça ainda mais a sensação de se estar na Ásia. Eu moraria numa casa dessas sem hesitar. Eu teria de virar milionária para poder pagar por uma casa dessas, mas moraria. Poucas vezes em minha vida fui recebida com tamanho carinho nos lugares que gosto de frequentar. Isso fez de mim uma cliente fidelíssima. A comida é saborosíssima, feita com carinho, o que é outra coisa que garante que eu volte sempre. Foi a melhor maneira de fechar o meu dia, com boa comida e entre amigos.
Minha primeira mesa do dia não começou tão bem, mas acho que detectei no William Boyd e a Pauline Melville aquele ligeiro mal estar no mundo que acompanha as pessoas que vivem numa espécie de desterro permanente. Se você junta duas pessoas assim, o resultado é meio desconjuntado, mas interessante. E a mesa terminou com o Boyd descrevendo a classificação dos diferentes tipos de contos, o que foi uma aula por si só. Muito bom.
A mesa com Salman Rushdie não foi bem o que eu esperava, mas talvez a comparação seja injusta. A primeira mesa que assisti dele em 2005 tinha a presença de uma jornalista inglesa que o conhecia muito bem e conduziu a conversa de maneira maravilhosa. Sílio Bocanera, o mediador da sexta, ficou muito tempo focado em questões políticas para irritação do próprio Rushdie. Mas quando a coisa virou para a literatura, a conversa ficou infinitamente mais interessante.A melhor hora foi quando ele falou dos deuses descartados, os deuses romanos, gregos, nórdicos que foram descartados com o passar dos anos e que deixaram para nós um rico tesouro de histórias, as diversas mitologias em que podemos nos alimentar para escrever outras histórias.
No sábado só terei o Colum McCann e um dia vazio pela frente. Aí sim, quero ser Super-Homem, quero voar. Não tive muita chance de escrever até agora, fora minhas anotações para o blog. Afinal de contas, sábado é dia de Clark Kent voar.

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