quarta-feira, 21 de abril de 2010

Automático

Desconfio que eu só tenho duas configurações: trabalhar e escrever. Saio para me encontrar com minha irmã e seus filhos na Lagoa. Ela vai voltar para Londres no sábado e não sei quando ela voltará por essas bandas. No táxi a caminho da Lagoa, automaticamente começo a pensar no romance, no que eu poderia acrescentar ao que estou escrevendo agora.
As crianças correm, brincam, se entopem de algodão doce. Ainda é um pouco estranho para mim entender que essas crianças têm alguma relação comigo. Também é estranho ver minha irmã como mãe, embora sempre fosse claro para todo mundo que quem tinha jeito para crianças era ela e não eu. A maior parte do tempo eles são sobrinhos virtuais já que não tenho dinheiro para viajar para Londres para visitá-los. Dependo da disposição de minha irmã de entrar em um avião e voltar para a terrinha.
Terminado o passeio, tomo outro táxi de volta para casa, preciso voltar ao trabalho. E, de novo, volto a pensar no romance. Não tem jeito. No que eu tenho um minuto de folga, fora de casa, tudo o que quero fazer é escrever. É automático. Tomara que um dia eu possa fazer isso o tempo todo.

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