O dia hoje foi tão bom que eu lamento não poder ir para a livraria neste domingo. Tenho um almoço com amigos. É horrível admitir isso, mas apesar de adorar meus amigos, quando estou embalada, tudo o que quero fazer é continuar escrevendo. Odeio ter de parar. Já passei da metade do primeiro caderno e me sinto ansiosa para passar para o segundo caderno. Tipicamente, eu preencho dois cadernos e meio. Essa história fica me puxando, puxando, me chamando para eu escrever mais e mais. De certo modo, acho que essa é uma história que está na minha cabeça há tanto tempo que, agora que finalmente estou botando ela no papel, estou impaciente para chegar ao final. Vamos ver o que dá para fazer amanhã.
domingo, 26 de junho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
Esperando pelas férias
Estou cansada. Foi uma semana de trabalho cansativo. Vou me dar uma semana de férias em julho e fico doida para que essa semana chegue logo. Tem sempre uma época do ano em que chego ao meu limite e tudo o que eu quero é descansar. Fica muito claro quando eu chego nesse ponto porque tudo o que eu quero fazer é fugir do trabalho. Este fim de semana só vou ter um dia para escrever, mas logo terei uma semana inteira para escrever. Estou curtindo muito esse novo romance em progresso. Não só pelas coisas que minha memória fica desencavando enquanto escrevo, o que já é uma experiência bem interessante. Tenho uma sensação muito parecida de quando eu escrevia meu primeiro romance. É uma energia, uma adrenalina que me vem muito mais forte que antes. Tenho gostado muito do texto, da diferença que se estabeleceu entre os textos em primeira e terceira pessoa. Nunca tinha feito isso antes. Sempre prefiro escrever na primeira pessoa, mas neste caso essa diferenciação era necessária por conta da forma como trato os dois personagens. Por enquanto, está ficando legal.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Sempre estrangeira
Ontem fez 34 anos que aportei aqui em terras cariocas. Meus pais estavam se separando, minha mãe voltava para a casa da mãe dela e eu saía de Nova York para um tremendo choque cultural. Passei minha primeira semana não conseguindo falar português apesar de entender o idoma perfeitamente, resultado de ter passado três anos falando inglês direto. Eu achava dar dois beijinhos no rosto uma tremenda frescura (e até hoje prefiro abraços a beijinhos no rosto). Não entendia esse jeito mais informal daqui depois de anos em uma sociedade mais formal. E minhas roupas, claro, não tinham nada a ver com o que se vestia aqui no Rio. Eu levei um tempo para entender isso. Mas mesmo depois de 34 anos continuo não me sentindo muito carioca. Você nunca vai me ver na praia, bronzeada, correndo na Lagoa. Sou eternamente Clark Kent, branca, fora de forma e de óculos.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Memória e história
Foi um domingo um pouco estranho na Travessa. A loja estava praticamente vazia e eu estava caindo de sono por motivos misteriosos. Ainda assim, consegui escrever duas cenas importantes para a virada do personagem de 2009. São cenas que deslancham todo o resto que vai acontecer na história. Pode ser curioso você passar o tempo todo com uma determinada história na cabeça. Você percebe que ela está ali o tempo todo, logo abaixo da superfície, e tudo o que você quer é uma chance de botar tudo no papel. Ainda mais quando você está o tempo todo mexendo com a memória. Então tem a história e a memória, tudo junto o tempo todo. É algo que não vai embora.
domingo, 19 de junho de 2011
Dias ensolarados
A vantagem dos dias ensolarados é que eles deixam a livraria quase vazia e apesar de chegar tarde hoje, não tive problemas para encontrar uma mesa. E foi um dia de bons voos. Foi com certa relutância que fui embora para ir ao supermercado. Estou chegando nas primeiras cem páginas do texto, ou seja, mais ou menos o primeiro quarto do romance. Vejo que ainda preciso desenvolver mais o passado do personagem de 1989 ou vou acabar sem ter o que dizer muito antes do personagem de 2009. Me ocorre que eu deva explorar mais a sua solidão. Em 2009, ele está cercado por muito mais gente, mas em 1989 ele passa muito tempo sozinho. Faz parte de quem ele é e tem uma influência em quem ele será em 2009. Amanhã tem mais. Vou dormir daqui a pouco porque minha pilha está acabando, mas assim que eu acordar amanhã, vou sair para escrever. Minha musa está exigindo.
sábado, 18 de junho de 2011
Ano premiado
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Mais um sábado
A perspectiva de mais um sábado. É tudo o que eu queria. E teremos um domingo também. Ou pelo menos parte do domingo. Recebi o último romance da Anne Enright por quem me apaixonei lendo The Gathering, que recebeu o Booker Award. Quando ela veio à FLIP em 2009, eu fiz uma viagem de um dia apenas para Paraty porque eu fazia questão de vê-la. Não tinha dinheiro naquele ano para ficar os cinco dias, mas ela eu ia ver. E de novo a prosa dela me captura. Ela tem aquele jeitão de tia velha, mas o texto dela é luminoso e ela fala de coisas normais de todo dia com um gosto, um prazer que te seduz. A história que ela está contando é a mais banal possível. O grande barato é o sabor do texto. Em Diário da Queda o grande barato não é o texto, que é bem seco, quase frio, mas as repetições do texto. Ao fazer uma espécie de acerto de contas com o seu passado, o narrador do Diário fica voltando repetidamente a cenas do passado do avô, do pai, da época da escola e da queda do menino que dispara todas as reflexões do narrador. Ele vai e volta e repassa as mesmas coisas várias vezes e a cada vez ele acrescenta algo a mais. É um relato impiedoso e seco de um homem sobre si mesmo e sua família, as dores que foram passadas de pai para filho. É realmente incrível.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
A frase perfeita
Hoje saiu uma coluna ótima do Michel Laub sobre a frase perfeita no blog da Companhia das Letras. Aliás, eu terminei de ler o Diário da Queda dele e achei um romance maravilhoso. Quando eu tiver um pouco de calma, falo mais a respeito. Aproveitei que estava na Travessa e comprei mais dois romances dele. Mas desde já eu recomendo o livro do Michel Laub.
domingo, 12 de junho de 2011
Vésperas
Odeio vésperas de feriados comerciais. Parece que ultimamente toda vez que tem um feriado desses, a Travessa entope de gente querendo comprar presentes. É praticamente impossível dar uma volta no andar térreo para pensar um pouco. Inevitavelmente havia grupos de pessoas paradas nas partes mais estreitas da livraria, impedindo a passagem. E claro que eu odeio gente que para no meio do caminho e não vê que está impedindo a pasagem, e não só na Travessa. Talvez seja pior hoje, não sei. Tomara que não. Com MP3 ou não, fica muito difícil me concentrar com gente demais em volta. Eu torço que hoje seja um dia mais tranquilo.
Estranhamento
Hoje foi um dia meio complicado. Foi realmente preciso fazer um esforço para achar as cenas, achar o que eu queria dizer a seguir com cada personagem. Porque, na prática, eu penso no Lauro de 1989 de uma maneira completamente diferente do Lauro de 2009. Tem de ser assim para poder separar os dois e narrar tudo de duas maneiras diferentes. Eu sinto essa diferença ao escrever. É uma sensação meio estranha. Que é um pouco o estranhamento que senti ao ler antigas cartas minhas dessa época. Eu me reconhecia, mas também sentia claramente que já não era mais assim. E é muito esclarecedor se deparar com algo que sirva de espelho em uma determinada época da sua vida. Muitas coisas que escrevi são derivadas desse encontro comigo mesma, especialmente este novo romance em progresso, que é essencialmente uma maneira de examinar as diferenças que a maturidade provoca, o que você ganha e perde num período de 20 anos. Sempre acho interessante ver fotos das pessoas quando jovens e compará-las com fotos delas mais velhas. E inevitavelmente me parece que a diferença que se vê não é só determinada pela genética, mas também por toda a bagagem acumulada nos anos entre uma foto e outra. Mas voltando ao começo, hoje foi um dia complicado porque eu não estava conseguindo enxergar os próximos passos dos personagens. Especialmente no caso de 1989, pois não tenho uma história já fixada na minha cabeça. Para 2009, minha base é uma novela que escrevi no início dos anos 90, então eu já tenho uma história mais ou menos pronta. O que é necessário fazer é espaçar os eventos da novela e adaptá-las às mudanças que eu fiz na história. Minha grande dúvida hoje era se eu fazia a grande revelação naquela cena que eu estava escrevendo ou deixava para depois. Resolvi deixar para depois, mas como continuação da mesma cena. Inclusive, já sei mais ou menos como quero começar, mas isso vai ter de ficar para amanhã.
domingo, 5 de junho de 2011
Não apagamos nada
Tem uma coisa curiosa que acontece toda vez que sento para escrever o romance em progresso. Parece que tudo que quis esquecer sobre 1989 começa a baixar e volta com uma clareza incomum. O personagem em 1989 tem muito a ver comigo em certos aspectos. Exagero outros tantos, pego coisas de pessoas que conheci, invento detalhes, jogo no liquidificador como sempre faço. Mas a lembrança de quem eu era nessa época está muito presente enquanto eu escrevo. É verdade, não apagamos nada. Fica tudo guardado na cachola até a hora certa.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Luxo do luxo
Hoje eu tive um grande luxo. Tempo para não fazer nada. Tive de cuidar do técnico que veio consertar o meu interfone, mas ao meio-dia, a coisa já estava pronta e o resto do dia era meu. Dormi mais um pouco e no fim da tarde saí para escrever. Passei algumas horas na Travessa e depois voltei para casa. Sim, eu podia ter feito coisas necessárias como arrumar meu escritório (que como sempre está no mais absoluto estado de caos) ou então comprar uma nova estante para substituir a que está ameaçando despencar na minha cabeça. Mas não. Depois de semanas de trabalho sem fim, a preguiça me venceu. Mas eu mereço não fazer porra nenhuma por um dia, não? Amanhã, vamos ao que interessa. O romance.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Sorvete
Está um frio danado na rua, mas quando me dá vontade, não tem jeito. Estou com uma tremenda vontade de comer sorvete. Sorvete de chocolate. As pessoas adoram sorvete de frutas e tal, mas eu sou meio tradicionalista com algumas coisas. Sorvete para mim é sempre de chocolate, flocos ou creme. E com uma boa calda de chocolate. Quando eu era criança, na porta do prédio da minha avó tinha um sorveteiro com seu carrinho e todo dia eu pedia um cruzeiro da minha avó para descer e comprar um Chicabon ou um Eskibon. Em Nova York, no colégio, tinha uma máquina que vendia sanduíche de sorvete. E todo dia eu tinha a minha moeda pronta para comprar um. Era uma fatia de pizza que vinha da pizzaria da esquina e o sanduíche de sorvete. Uma delícia. Vou ter de passar no Flamengo hoje para comprar mais ingredientes na loja de produtos orientais e logo ali do lado tem um supermercado. Adivinha o que vou comprar hoje para a sobremesa?
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