domingo, 12 de junho de 2011

Estranhamento

Hoje foi um dia meio complicado. Foi realmente preciso fazer um esforço para achar as cenas, achar o que eu queria dizer a seguir com cada personagem. Porque, na prática, eu penso no Lauro de 1989 de uma maneira completamente diferente do Lauro de 2009. Tem de ser assim para poder separar os dois e narrar tudo de duas maneiras diferentes. Eu sinto essa diferença ao escrever. É uma sensação meio estranha. Que é um pouco o estranhamento que senti ao ler antigas cartas minhas dessa época. Eu me reconhecia, mas também sentia claramente que já não era mais assim. E é muito esclarecedor se deparar com algo que sirva de espelho em uma determinada época da sua vida. Muitas coisas que escrevi são derivadas desse encontro comigo mesma, especialmente este novo romance em progresso, que é essencialmente uma maneira de examinar as diferenças que a maturidade provoca, o que você ganha e perde num período de 20 anos. Sempre acho interessante ver fotos das pessoas quando jovens e compará-las com fotos delas mais velhas. E inevitavelmente me parece que a diferença que se vê não é só determinada pela genética, mas também por toda a bagagem acumulada nos anos entre uma foto e outra.
Mas voltando ao começo, hoje foi um dia complicado porque eu não estava conseguindo enxergar os próximos passos dos personagens. Especialmente no caso de 1989, pois não tenho uma história já fixada na minha cabeça. Para 2009, minha base é uma novela que escrevi no início dos anos 90, então eu já tenho uma história mais ou menos pronta. O que é necessário fazer é espaçar os eventos da novela e adaptá-las às mudanças que eu fiz na história. Minha grande dúvida hoje era se eu fazia a grande revelação naquela cena que eu estava escrevendo ou deixava para depois. Resolvi deixar para depois, mas como continuação da mesma cena. Inclusive, já sei mais ou menos como quero começar, mas isso vai ter de ficar para amanhã.

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