Essa história de Reveillon nunca me convenceu muito. Nem mesmo quando eu era criança, uma idade em que se acredita em tudo. E francamente me irrita um pouco ter de sair por aí dizendo "feliz Ano Novo" quando é só da boca para fora. Sempre que posso evitar de dizer, eu evito. Mas meu pouco tempo na livraria hoje valeu por uma festa de Reveillon. Ainda mais do que no Natal, quando a loja estava cheia, os vendedores estavam super animados, fazendo uma pequena festa no segundo andar. Até estouraram uma champanhe no final do expediente e fizeram um brinde. Odeio o fato de eles terem encarrado o expediente ainda mais cedo que na semana passada, o que me deixou mais uma vez com aquele gosto de quero mais. Mas quem sabe eu consigo arrumar um tempo para escrever durante a semana. Tudo vai depender dos freelas que entrarem. Enquanto isso, pretendo aproveitar este fim de semana ao máximo. De agora em diante, cada fim de semana é precioso.
sábado, 31 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Transporte público
Depois de me aventurar algumas vezes no incrível mundo do transporte público, lembrei direitinho porque foi que decidi adotar o táxi para todas as minhas necessidades de transporte. Primeiro, você pode fazer sinal, mas o motorista pode resolver não parar no ponto. E se ele se digna a parar no ponto, você pode não encontrar um banco para sentar. Também há o fato inconveniente de que o ônibus enche e chacoalha e estou super destreinada na arte de me manter em pé em um veículo que passa em todos os buracos na rua. Também não entendi direito qual o motivo para terem mudado o sentido das portas de entrada e saída, mas deixa pra lá. Isso é o de menos. Não vou dizer que vou me acostumar porque sei que não vou, mas sei que vou me incomodar menos. Pelo menos até inventarem um táxi que custe 2,50.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A lógica do Nixon
Mais uma vez estou tendo dúvidas sobre a estrutura do romance em progresso. Tenho pensado no Nixon, o filme do Oliver Stone, em que a narrativa fica indo e vindo entre o presente e o passado. E fico tentada a estudar essa estrutura e talvez até pegar umas dicas desse filme. Como o texto alterna entre 1989 e 2009, cada vez mais acho que esses momentos cronológicos não deviam ficar completamente separados, mas um deveria ecoar no outro, espelhar o outro. Desconfio que vai ficar mais interessante assim. Afinal, é a história do mesmo homem, mas em momentos distintos, de inocência e maturidade, que é justamente o que me interessa contar. O filme passa na quarta na TCM e só para garantir também estou baixando da internet. Quero ver se existe uma lógica por trás da colocação dos flashbacks. E aí, quem sabe, aplicá-la na colocação das cenas de 1989. Vamos ver.
domingo, 25 de dezembro de 2011
Natal tropical
Natal. Eu cresci com frio, neve, White Christmas, o pinheiro enorme na sala de estar. Cresci com os clichês todos e não consigo me acostumar com esse Natal de calor e sol e Papai Noeis suados. E depois que meu avô morreu, decretando o fim daquelas enormes festas de Natal na casa dos meus avós maternos, a ocasião nunca mais foi a mesma coisa para mim. Ainda assim, tentei aproveitar ao máximo minha véspera de Natal, me abancando no meu local de hábito na Travessa. Eu tinha pretendido escrever até às oito das noite, mas descobri decepcionada que ele só ficariam abertos até às seis da tarde. Então escrevi o que consegui nesse tempo apesar da distração de ter a livraria lotada, depois fui ao mercado, comprei sorvete de chocolate para me deleitar no fim de semana. Fiquei com um gostinho enorme de quero mais, porém terei de esperar até amanhã para escrever na hora do almoço. Talvez eu também consiga me dar umas horinhas a mais se não tiver outros freelas esta semana. Pelo menos eu dormi tudo o que tinha para dormir este fim de semana e vou começar a segunda fresquinha.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Velhos hábitos
Velhos hábitos. Eu costumava ir almoçar com um livro e um caderno quando trabalhava na Nórdica e escrevia durante o almoço. Tenho feito a mesma coisa durante toda esta semana. Aproveito que há vários restaurantes dentro do Edifício Avenida Central, escolho um deles, leio e escrevo durante a refeição. Não escrevo muito ou leio muito se comparado com o que produzo na Travessa, mas de pouco em pouco vou avançando. É uma forma de manter a pena afiada e acaba que eu leio mais no meio da semana desse jeito do que eu lia antes trabalhando em casa já que eu trabalhava direto até a hora de cair na cama. Se eu tentasse ler, apagava cinco segundos depois. Essa primeira semana tem sido difícil. Sinto falta da minha antiga liberdade. Escrever alivia um pouco o peso de estar presa a uma mesa o dia todo. Por melhor que seja o emprego, eu me sinto presa e vou ter de me acostumar. Vai acabar acontecendo.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Listas de fim de ano
Uma coisa que nunca se verá aqui é uma lista de fim de ano. Pelo menos só se for dos outros. Minha lembrança de eventos está ancorada à geografia, não ao momento em que aconteceram (o que deve ser efeito colateral de ser filha de diplomata) então só Deus sabe que livros eu li ou filmes que eu vi (fora os cento e tantos que vi por conta dos festivais do ano) ou eventos que me interessaram mais durante o ano de 2011. Essas coisas somem da minha cabeça com uma facilidade enorme. Eu tenho dificuldades até para listar os autores que gosto de ler apesar de ter estantes abarrotadas de livros olhando para mim dia e noite. Dá um branco, sei lá. Ou minha cabeça é incapaz de pensar em forma de lista. Meus personagens nos romances são super explicados, mas eu não consigo explicar a mim mesma. Só isso já garante que tudo que eu escreva nos romances seja uma ficção. Vai entender.
Busum
Eu ando de táxi há muitos anos. Não sei dirigir, mas se eu soubesse, é provável que tivesse um carro. Mas por trabalhar em casa e praticamente só sair nos fins de semana, andar de táxi acabava sendo muito mais barato que ter um carro. Hoje peguei um ônibus para meu novo trabalho pela primeira vez. Eu não entrava num ônibus em séculos, provavelmente mais de dez anos. Foi meio estranho e meio nostálgico e quase esqueci da direção em que precisava andar para saltar porque quando eu andava de ônibus para o trabalho, a gente entrava por trás e saia pela frente. Imagino que daqui a uns meses não me pareça mais tão nostálgico. Mas por enquanto estou curtindo. Queria poder ir e voltar do trabalho de táxi, mas aí eu estaria trabalhando para sustentar meu vício em táxis e não acho que isso vá dar muito certo. Mas não abri mão do táxi totalmente. Sábados, lá estou eu no banco de trás de um amarelinho, indo para a Travessa. Afinal de contas, são quinze minutos para o trabalho e uma hora até a livraria de busum. O que você acha que vou preferir?
domingo, 18 de dezembro de 2011
Rabanadas
Esta é a época do ano em que vendem rabanadas no supermercado, o que eu adoro porque não sei fazer rabanadas e é umas das coisas que eu adoro que só aparecem no Natal. Fora isso, francamente, não fico muito animada com o Natal. É sempre um calor horrível, as lojas vivem lotadas, inclusive a Travessa, e eu me sinto meio invadida. Quando eu digo que moro na Travessa, não é exatamente um exagero. Tem vezes em que sinto que aquele lugar é uma extensão da minha casa. Daí quando vou dar uma volta e os corredores estão lotados de gente, eu fico irritada. É uma bobagem, mas não dá para evitar. Agora é a contagem regressiva para terminar todo esse auê de Natal e a vida voltar ao normal. Pelo menos com o Ano Novo as lojas não ficam lotadas, é só aquela noite e acabou. Mas no Ano Novo eu fico quieta em casa e não boto a cara na rua. Problema resolvido.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Minha vida de peão
Acabei de encerrar duas semanas de trabalho como intérprete em uma fábrica. E tive uma amostra do que é o trabalho de um operário. Almocei em um refeitório com centenas de outras pessoas, comendo algo que eu não comia há muito tempo: feijão com arroz, bife com batata frita, farofa e ovo frito. Claro que havia outras opções, todas mais ou menos no mesmo esquema, mas eu meio que entendi porque servem esse tipo de comida para gente que faz um trabalho mais físico. Esse negócio entope de verdade e você não sente vontade de comer mais nada pelo resto do dia. Houve alguns dias em que eu capotei cedo e não jantei, nem senti necessidade de jantar. As pessoas na fábrica eram uns amores, especialmente os peões, com quem eu tive a chance de conversar durante o almoço, mas sinceramente não é um trabalho que eu gostaria de fazer. Não há criatividade suficiente. E é a mesma coisa todo santo dia. Inclusive o maldito engarrafamento no caminho até em casa, cujo trajeto leva uma hora e meia. Esse trajeto só é interessante quando você quer dormir no caminho, mas fora isso, haja saco. Desconfio que terei de voltar na fábrica várias vezes nessa minha nova vida de funcionária de empresa. Mas por ora, vou voltar ao escritório nas próximas semanas.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Pedidos de fim de ano
Mais uma vez, Michel Laub me sai com um artigo genial sobre pedidos de fim de ano literários. Como eu não costumo fazer pedidos de fim de ano, vou deixar que os dele fiquem no lugar dos meus. O artigo do Laub você encontra aqui.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Alone at last
Sábado na Travessa. Graças a Deus. A semana foi exaustiva e foi francamente um alívio. Estava precisando muito desse tempo para mim. De repente me ver cercada por gente o dia todo quando estou acostumada a estar sozinha a maior parte da semana foi um pouco estranho e um tanto cansativo. Na Travessa, vejo um monte de gente, mas não tenho que falar com elas, me lembrar de todos os bons modos que minha mãe me deu. Viver sozinha acaba gerando todo tipo de mau hábito, como falar sozinha. Vou ter que aprender de novo como trabalhar de perto com as pessoas. E tenho que tentar melhorar no que se trata de lembrar nomes e rostos. Sempre fui a pior fisionomista do mundo. E levo uma vida inteira para guardar o nome das pessoas. Por isso adoro quando elas usam crachás. Por mim, todo mundo devia usar uma etiqueta com o nome. Seria ideal.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Peão
Minha primeira semana no emprego foi passada em uma fábrica, trabalhando como intérprete para um pessoal que está instalando uma nova máquina para que eles se entendam com os engenheiros estrangeiros que vieram fazer a instalação. Tenho de usar um colete especial e sapatos de proteção (só faltou o capacete) para entrar na área de produção. Na hora do almoço, acompanho os operários ao refeitório para devorar um prato de feijão com arroz, bife com batata frita com um ovo por cima. É um universo completamente novo para mim. Meus trabalhos sempre foram em um escritório ou então numa sala de cinema. E esta semana enfrentei a Av. Brasil para ir e para voltar, 90 minutos em cada direção. É cansativo. Agora entendo um pouco melhor o que minha faxineira enfrenta vindo três vezes por semana ao Rio só para limpar minha casa e a da minha mãe. Semana que vem, mais fábrica. O engraçado é que agora eu conheço melhor os operários do que meus colegas de trabalho do escritório. Mas no final da semana que vem creio que poderei voltar a trabalhar no centro e enfim conhecer as pessoas com quem vou trabalhar todo dia.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
De gravata de novo
Desde 1994 eu não tinha um emprego em escritório. Eu podia arrumar trabalhos que exigiam minha presença num escritório por um tempo limitado, mas isso sempre chegava ao fim e eu voltava para casa de novo. Mas agora tive de tomar a decisão de abrir mão da minha liberdade e voltar a um emprego com horário fixo e todas as vantagens e desvantagens que isso implica. A adaptação não vai ser fácil, tenho certeza. São quase vinte anos sem horários e aquele providencial cochilo no meio da tarde se fiquei acordada até tarde na noite anterior para terminar algum trabalho mais urgente. Se vai dar certo, se não vai, eu não sei. Mas pelo menos eu posso tentar. Agora Clark Kent volta a ser aquela pessoa de óculos num escritório, pronto para sair pela janela de capa e collant para salvar os inocentes do perigo.
domingo, 4 de dezembro de 2011
At last
Enfim tenho uma cópia completa do romance em progresso. Mandei fazer várias cópias no sábado e já despachei uma delas para duas amigas. Minhas novas críticas. Foi legal. Fomos ao Gringo Café para um brunch, conversamos e passei a obra-prima para elas. Agora é torcer que elas gostem. Mas melhor que tudo foi simplesmente o encontro, passarmos um tempo ali naquele lugar agradável, conversando, curtindo a companhia uma da outra num início de tarde de sábado. Foi bom. Naturalmente, assim que voltei para casa, como é meu hábito, comecei a mexer de novo no texto, mexi na diagramação. Não consigo resistir. Estou sempre tentando melhorar a apresentação dos romances. Mania que vem desde criança, quando eu entregava meus trabalhos no primário sempre ilustrados, com uma capa com um desenho (às vezes em cores), tudo bonitnho para impressionar a professora. A CDF que sobrevive em mim continua querendo ver tudo muito certinho.
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