Sempre fui fascinada por correspondências. Na época da faculdade li toda a correspondência amorosa do Franz Kafka e até fiz minha monografia de fim de curso em cima disso. É um milagre que eu não tenha escrito mais textos em cima de cartas. Passei anos escrevendo para essa minha amiga de Chicago e não havia nada melhor do que chegar em casa do trabalho e achar uma carta dela na caixa do correio. Muitos anos depois, ela reuniu essas cartas todas em papel e me perguntou se eu as queria de volta. Eu disse que sim, intrigada com a idéia de reler cartas que eu havia escrito há vinte anos. Chegou uma caixa aqui enorme com envelopes e mais envelopes. Ainda bem que a gente hoje em dia se corresponde via e-mail ou a casa dela não ia ter espaço para mais nada. Eu posso ser um pouco obsessiva com algumas coisas. O que eu não imaginava era que ao reler todas essas cartas que eu escrevi com vinte e poucos anos, eu me depararia com uma pessoa de quem tinha me esquecido. E foi genial, porque acabei usando muito disso no meu romance O que ficou por fazer e inevitavelmente vou acabar usando mais uma vez no novo texto que escrevo agora. Quando você chega aos 40, esquece como era inocente e arrogante e burro ao mesmo tempo quando tinha 20. Essa foi uma descoberta importante para mim. Uma que eu nunca teria feito se não tivesse me reencontrado com minhas cartas.
domingo, 30 de agosto de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário