Às vezes, eu acho que poderia morar aqui. A arquitetura da cidade é interessante, tem trinta mil restaurantes (eu morro pela boca, né, gente?), muitos lugares para visitar. Mas eu fico esbarrando nessa coisa meio travada que tem aqui e desanimo um pouco. Parece que não há lugar para a informalidade, para a brincadeira. Todo mundo que me conhece sabe que não dá para me levar muito a sério, estou sempre brincando, fazendo piadas. Aqui o pessoal me leva a sério e isso é meio cansativo. Relaxa, gente, pelo amor de Deus, a vida não é para ser levada a sério. Você quer fotografa nos lugares e não pode. Que mal faz fotografar dentro da livraria ou do cinema. Só estou registrando o evento para mim mesma. E se eu fosse espiã, não estaria andando por aí com uma câmera tão grande. No Rio, eu fotografo aonde quero e ninguém me enche a paciência. Não acho lugares aqui que tenham a informalidade da Travessa. O mais perto que cheguei foi o Vanilla Café na Antonio Carlos onde ando fazendo ponto para trabalhar porque trabalhar no quarto de hotel é meio incômodo. Não tem mesa e eu acabo dormindo se trabalho na cama. Não, para escrever, eu preciso de um lugar como a Travessa, que não liga para o fato de eu me apossar de uma mesa por seis horas e só consumir quatro, cinco Cocas, uma ocasional porção de batata frita. Preciso de um lugar relaxado e anti-cricri. Acho que não vou achar isso aqui.
domingo, 31 de outubro de 2010
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