Há algumas semanas, numa palestra da Cíntia Moscovich, ela falou de uma geração de escritores que aprendeu como contar histórias através de diferentes meios: quadrinhos, filmes, séries de TV. Ler era só uma parte do aprendizado. Renato Russo cantava sobre a Geração Coca-Cola. Na prática, eu não vivi a época da ditadura como outras pessoas dessa geração. A época da repressão braba já tinha passado quando voltei ao Brasil. Mas eu era vidrada em TV, quadrinhos. E se às vezes tenho dificuldade para enxergar a maneira como a estrutura se manifesta nos livros, em filmes e séries ela é bem mais clara. As graphic novels também têm narrativas bem interessantes. Watchmen, por exemplo, é uma obra-prima, não só em termos de narrativa, mas também em termos visuais. É, efetivamente, uma narrativa muito cinematográfica, motivo pelo qual muitos acharam que dava um bom filme (e a adaptação cinematográfica provou para mim que a série tinha muito mais a dizer do que podia parecer a princípio pois o filme ficou extremamente raso). Watchmen consegue fazer aquilo que os romances tradicionais deveriam fazer: desenhar todo um mundo, neste caso, um 1985 alternativo, em que existem super-heróis e Richard Nixon ainda é o presidente. Ele junta a narrativa tradicional dos quadrinhos com "artigos" de revistas e capítulos de "livros" ao final de cada revista que acrescentam mais dados para tornar o universo desse mundo ainda mais rico. Ao contrário de outras graphic novels que na prática não passam de uma história tradicional de quadrinhos longa, Watchmen realmente tem uma textura de romance e cada capítulo avança com a história, focando principalmente em um dos personagens de cada vez. E junto com a parte visual, você tem uma obra que é considerada uma das melhores graphic novels de todos os tempos. Se você só viu o filme, vá às origens. Vale a pena.
sexta-feira, 12 de março de 2010
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