Paraty significa uma série de coisas para mim. É um dos poucos lugares onde minha cabeça silencia. No Rio, assim que eu saio de casa, começo a pensar no texto que estou escrevendo e se tenho a chance de sentar em algum lugar, é quase inevitável que eu comece a escrever. Mas em Paraty, sentada no café da Tenda dos Autores ou no Café Paraty, eu me contento em ficar quieta, vendo a vida passar. Os cinco dias da FLIP acabam virando um tempo para eu descansar mentalmente, esvaziar a cabeça. Cada dia parece ser muito longo e vale por dois. Tenho dificuldade para lembrar o que fiz no dia anterior, que parece ter sido há séculos. Eu gosto das mesas da FLIP muitas vezes porque me permitem descobrir escritores que eu não conhecia. Em 2005, eu não conhecia Salman Rushdie e gostei muito do texto dele. Também não conhecia Will Self ou David Grossman ou Ronaldo Correia de Brito ou Gonçalo Tavares. Para mim, essa descoberta de novos escritores é uma das melhores coisas da FLIP. E é sempre uma chance de poder observar as pessoas. Num lugar com 20 mil pessoas, há sempre várias figuras interessantes. Este ano foi um dos intérpretes de estátua viva vestido de Jack Sparrow e que imitava perfeitamente os gestos do Johnny Depp. E tem sempre a comida do Thai Brasil cuja morte prematura foi anunciada nos jornais, mas continua vivo fora do Centro Histórico e servindo pratos deliciosos. Fui lá toda noite e fui recebida com enorme carinho. Comer bem é sempre um componente importante da viagem a Paraty. São cinco dias em que posso descansar, esvaziar a cabeça e recarregar a bateria para o que vou enfrentar na segunda metade do ano. E é sempre uma delícia.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
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