Estou no Café Paraty, comendo batata frita, dando um tempo para minha primeira mesa do dia às 15h. Tem gente que não curte a FLIP, mas não me incluo entre elas. Entendo perfeitamente quem critica a quase ausência de escritores brasileiros. E depois da mesa da Beatriz Bracher e companhia ontem, que foi uma das mais interessantes que eu já vi de todas as FLIPs, também acho que já está na hora de trazer mais gente brasileira para a FLIP. Tem muita gente boa por aí, gente nova, velha, no meio do caminho. A FLIP é um lugar excelente para divulgar essa turma toda. E devia fazer isso com mais empenho. Para mim, pelo menos, a FLIP sempre tem dois componentes. Uma é a possibilidade de ver escritores que respeito, conhecer autores que não conheço. A outra é a energia que tanta gente junta acaba gerando. É uma energia que reconheço do Festival do Rio, da Mostra de São Paulo. Até certo ponto, eu me alimento dessa energia. Mesmo tento dormido mal a primeira noite (a velha maldição do colchão estranho), eu aguentei firme até umas dez da noite, quando só então começou a acabar minha pilha e voltei para a pousada. Esta noite já dormi um pouco melhor, provavelmente porque eu andei feito doida pela cidade, e passei parte da manhã andando por aí, olhando, fotografando, fazendo hora até o Café Paraty abrir. A esta altura, fica mais difícil encontrar o que fotografar já que é minha terceira vez na cidade com uma máquina digital, então eu acabo me concentrando em achar a imagem inusitada, algo que não tenha visto antes. Esta deve ser uma das cidades mais fotografadas do mundo nestes cinco dias. Parece que todo mundo tem uma câmera, seja no celular, seja com as lentes monstruosas dos fotógrafos profissionais. E também é a cidade da fila. Fila do autógrafo dando voltas na tenda da livraria porque La Allende estava assinando livros, fila para comprar ingressos, fila do banheiro nos restaurantes, fila para entrar na Tenda dos Autores. E olha que as turbas literatas do fim de semana ainda não chegaram. Essas eu vou encarar ao sair da mesa do Salman Rushdie hoje à noite, aposto. Você já tinha se acostumado com a quantidade de gente na rua e, de repente, esse número parece dobrar e Paraty mais lembra um formigueiro de tão cheia. Neste ponto também, eu começo a sentir o esforço de andar nessas pedras malditas e vou reclamar delas até o domigo. Parece que a cada ano eu desaprendo mais e mais como se anda aqui. Lama, pedras escorregadias por causa da maré alta de manhã que inundou as ruas perto do mar, os tropeços pelo caminho. Já descansei o suficiente e vou seguir caminho. As batatas já esfriaram, a Coca está aguada. Clark Kent segue viagem.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
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