Meu purgatório acabou. Quase uma semana em casa, me sentindo péssima, não sabendo direito se era resfriado, febre, gripe aviária, lepra, peste bubônica. Não tinha energia para nada. Começava a assistir um programa na TV e logo me dava um sono enorme. Dormia, acordava, tentava fazer alguma coisa e aí minha energia caia no pé de novo e em uma hora eu já estava na cama de novo. E apetite zero. Consegui a proeza de passar um dia sem comer nada e não sentir. E me entupi de remédios, torcendo que alguma coisa resolvesse. O pobre Wilson ficou confinado em casa também, porque eu não me sentia bem o bastante para levar ele na rua. Quando levei ele para sair pela primeira vez para passear, ele me lembrou muito o Tim Robbins fugindo da prisão de Shawshank. Bom, para coroar a semana, tive uma queda de pressão e cai, batendo com a cabeça no chão. Fez um corte, sangrou pra burro e tive de passar um tempo com uma toalha na cabeça para estancar o sangue. Resultado: quando eu finalmente botei o pé para fora de casa para fazer compras, eu tinha (e ainda tenho) um ponto bem visível da ferida bem ali onde a testa termina e o cabelo começa e fica bem no meio. A ideia era usar um boné para esconder isso, mas eu sai correndo para não pegar engarrafamento na volta e esqueci. Resultado, lá estou eu no Leblon, fazendo compras e ninguém pareceu ver que eu tinha aquela tremenda ferida na cabeça exceto pela atendente de farmácia. Pedi um remédio de dor de cabeça e ela visivelmente olhou para minha testa com uma cara de "que negócio é esse?" Pelo menos a mulher tinha olhar clínico, o que achei apropriado. De resto, foi um alívio poder sair, ver gente, desviar o carrinho das multidões famintas que invadiram o supermercado, o pessoal comprando garrafas de champagne e tentando decifrar onde começavam as longas filas do caixa. Cheguei em casa meio cansada, mas satisfeita e um pouco descabelada. E, com um pouco sorte, tudo vai continuar assim para que eu possa voltar à Travessa no domingo.
sábado, 1 de janeiro de 2011
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2 comentários:
Cara escritora, passei para te desejar um ano novo cheio de tardes literarias na Travessa e de prefência sem gripe.
Abraços
Sâmya
Obrigada, Samya, estou me sentindo melhor e amanhã estarei de volta ao meu posto, como sempre. Feliz ano novo para você também.
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