quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Timeless

Nessa época do ano começam a aparecer aquelas listas de melhores do ano (e imagino que melhores da década, embora na prática a década só começou mesmo em 2001) em revistas e blogs e coisa e tal. Nunca vou fazer uma coisa dessas. Eu não lembro o que estava lendo no início deste ano, nem que filmes eu vi, nem nada disso. O tempo, para mim, é uma dimensão um tanto misteriosa. Ele passa e não consigo registrar o que aconteceu quando. Se alguém fosse me perguntar o que eu estava fazendo no dia tal num julgamente de assassinato como fazem nessas séries de TV eu estaria fudida. A única coisa da qual eu tenho certeza é de que em fins de setembro, início de outubro eu estou no meio do Festival do Rio e em início de julho eu quero estar na FLIP, em Paraty. Fora isso, esquece.
Talvez isso tenha a ver com o fato de que nos primeiros anos da minha vida, enquanto ainda estávamos nos mudando de país para país por causa do trabalho do meu pai, os eventos eram marcados não pela data em que aconteceram, mas onde aconteceram. Os dois tremores de terra que senti foram na Costa Rica, a separação dos meus pais aconteceu em Nova York assim como uma maior consciência da arte, minha grande explosão de leitura que me levou a escrever seis meses depois aconteceu numa viagem a China, minhas primeiras lembranças são todas de Nova Orleans. É tudo geográfico. Tenho poucas datas. Acho que isso até certo ponto se reflete no que eu escrevo. Os flashbacks vêm tão facilmente quanto os eventos do tempo presente e tudo é um pouco solto no tempo e no espaço. Mas é orgânico na história. Se não for orgânico, cai fora.

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