quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Trinta anos

Este mês faz trinta anos que comecei a escrever. Por que eu escrevo e por que é tão essencial para mim é uma pergunta que não sei responder. Também não tenho uma data para quando comecei a escrever. O que é uma pena, pois sou obesessiva com as datas em que começo e termino a escrita de qualquer texto. De todo modo, há trinta anos acendeu uma luz na minha cabeça e eu percebi que essa era a minha vocação. Passei os próximos dez anos aprendendo a escrever, tentando entender o que era estrutura, personagem, tempo, diálogo, essas coisas todas. Até escrever o romance, acho que eu tentei entender qual era realmente a minha voz e agora tento aperfeiçoar essa voz. Só o que falta agora é publicar meu primeiro romance e, com alguma sorte, darei o passo decisivo para isso no início do ano que vem.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Livro em construção

Olhando vários blogs de outros escritores, dou de cara com essa expressão "livro em construção". E quanto mais eu penso nela, mais eu gosto. Quando eu morava na Pinheiro Guimarães, eu era vizinha de uma oficina de marceneiro e gostava de passar pela porta e ver o que ele e seus assistentes estavam fazendo. Um armário, uma mesa, uma estante. Escrever um romance me sugere essa imagem do marceneiro fazendo um móvel, grande ou pequeno, cortando a madeira, lixando, medindo as peças, prendendo tudo com pregos. Você vai juntando as peças, colocando-as no lugar, vendo se tudo combina. Se não dá certo, você desmonta o móvel e tenta de novo até acertar.
Neste momento estou reescrevendo as cenas referentes a uma personagem no meu romance. Eu tinha pensado em escrever a parte dela a partir de um ponto cronológico anos após os eventos centrais e ela narraria tudo em flashbacks. Mas eu percebi que não estava conseguindo captar a mudança pela qual a personagem passa durante a história. Aí foi preciso voltar atrás e começar a escrever tudo de novo de forma cronológica. Mais tarde, com tudo escrito e digitado no computador, será fácil rearrumar tudo do jeito que desejo. A ideia é que a história dela se encaixe com a história do outro personagem do núcleo dela, que é o irmão, mas ele começa a contar a história dele no ponto cronológico mais distante, quase dez anos após os eventos que provocam todo o resto do que acontece. E tudo na seção dele é essencialmente um grande flashback. Eu também dei a ele a última cena do livro, que será uma forma de juntar todos os pedaços da história.
Esse romance tem alguns desafios que inventei para mim mesma. Um foi criar estruturas diferentes para as duas metades do romance. A primeira metade é basicamente linear, com a ação acontecendo essencialmente no espaço de uns poucos dias. A segunda metade avança dez anos após os eventos da primeira metade e vai e volta no tempo. Outro desafio foi o de ter quatro personagens narrando sua história em primeira pessoa, ter de achar meios de diferenciar esses personagens. Eu tradicionalmente só tenho um ou dois personagens contando a história. E o outro desafio é o de criar uma história que é ligeiramente diferente para cada personagem e como as variações nos eventos do romance implicam uma direção diferente para cada personagem. Passei séculos sem saber como eu iria ordenar as cenas do romance, mas agora sei que para conseguir o efeito de simultaneidade que desejo vou ter de misturar as cenas todas. Cada uma das quatro seções está sendo escrita e estruturada separadamente para ter uma lógica interna, mas depois tudo vai ser alternado na narrativa final. Ufa.
Ou seja, tudo isso tem um enorme potencial para dar errado, mas se eu não sentir que estou criando um desafio para mim mesma a cada coisa que escrevo, então não vale a pena. Você não cresce enquanto escritor. É provável que eu passe todo o ano de 2010 trabalhando nisso. Com sorte, a esta altura do ano que vem eu já tenha algo para ser lido e criticado pelos amigos. Cruze os dedos.

sábado, 26 de dezembro de 2009

O lugar do escritor


Durante a semana que antecedeu o Natal, eu me instalei na Travessa e escrevi todos os dias. E, progressivamente, a livraria ficava mais e mais lotada de gente. E uma vez ou outra, alguns clientes me confundiram com uma funcionária da livraria. Talvez seja porque com o MP3 player pendurado no pescoço parece que estou de crachá ou talvez por que estou tanto lá que acabam achando minha cara familiar. Eu me virei para o Pelé, o mestre absoluto da seção de CDs e DVDs, e comentei que os clientes achavam que eu trabalhava na livraria. Ele me respondeu na lata, "Mas você trabalha aqui". Ele tinha razão. Aquele lugar é meu escritório tanto quanto meu escritório em casa.
E a verdade é que esse é o trabalho que eu quero fazer para o resto da vida. Recentemente me falaram sobre aposentadoria, de me preparar para isso. Mas essa é uma ideia estranha para mim. Preciso me manter ativa sempre, seja trabalhando para me sustentar, seja escrevendo para me manter feliz. Sei que vou definhar no momento em que eu parar.
Mas independentemente de todo o resto, escrever é o meu ofício. Nunca abrirei mão disso. É só isso que me interessa. Hoje vou me vestir e fazer o trajeto até a livraria como faço todo sábado e o prazer desse dia vai me alimentar, me sustentar de formas que não são tangíveis. E é o intangível que é o grande barato da coisa.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Frustração

Sim, é Natal. Tem crianças enlouquecendo em volta de árvores de Natal em todo o mundo ao verem o que ganharam de presente esta manhã. Deve ter papel de presente rasgado para todo lado, caixas vazias de brinquedos, gritos de crianças brincando e pais contando até mil para não darem uns petelecos nos moleques porque criança correndo e gritando é de enlouquecer qualquer um. Ainda mais se forem aqueles gritos bem agudos. Outra coisa que me deixa maluca em crianças é quando elas são bem pequenas e desandam a falar e você não entende patavina. Eu achei que era só uma inabilidade de entender meus sobrinhos, mas depois descobri que é qualquer criança pequena, o que foi ao mesmo tempo um alívio e muito frustrante. Tem toda uma parcela da população que é incompreensível para mim. Ó céus.
De todo modo, cá estou em casa, neste dia morto, e tudo o que eu quero é ir para a Travessa escrever porque comecei a chegar num ponto interessante com a personagem que estava escrevendo. Ela de repente se abriu para mim e comecei a enxergar um caminho para ela que eu não conseguia ver antes. Só o que posso fazer então é continuar matutando enquanto espero o sábado. E aí vamos recomeçar tudo amanhã, cinco dias seguidos escrevendo, agora felizmente sem as hordas natalinas que estavam começando a me irritar. Então amanhã voltaremos à rotina. Por enquanto, vou cochilar um pouco.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Preguiça

Só quero dormir. Zzzzzzzzzzzzz...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Férias

Eu não tenho férias oficiais. Como freelancer, eu resolvo a época para me dar férias, ou seja, eu tenho de decidir bancar um período sem fazer nada, quer seja duas semanas ou um mês, como já fiz uma vez quando resolvi investir na revisão final do meu romance. Este ano aproveitei o recesso de fim de ano quando não entra nada mesmo para descansar e fazer ponto na livraria.
O chato nisso é que tem sempre aquele meu lado workaholic que fica meio perturbado por não ter algo a fazer no computador, nada complicado para destrinchar, uma legendagem, um timing, uma dublagem numa linguagem que não estou acostumada a usar. É aquela vozinha que pergunta se não estou esquecendo alguma coisa. Eu lembro na época da Intercorp que se eu tirasse férias e não viajasse, quando estava chegando na terceira semana, começava a ficar inquieta em casa por não ter o que fazer. Isso de quem adorava ter três meses de férias quando estava no colégio e faculdade. Pelo visto, meu negócio nunca foi estudar, mas sim trabalhar. Apesar de ser boa aluna, nunca fui fã da escola. Realmente não é à toa que não quis seguir uma carreira acadêmica, dar aulas, joguei fora meus livros escolares assim que ficou claro que não precisava mais deles. Posso tranquilamente dar aulas de outras coisas, como já dei aulas no uso de certos softwares, mas aquele papo acadêmico da faculdade no final estava me enchendo o saco. Eu realmente sou uma pessoa bem pão, pão, queijo, queijo.
Bom, logo voltarei para a Travessa, tentarei adiantar o novo romance mais um pouco e lembrar que este é, de muitas maneiras, meu escritório também.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Frankly, my dear

Quando éramos crianças e morávamos em Nova York em meados dos anos 70, a gente tinha a HBO em casa. A TV a cabo estava começando e tinha meia dúzia de canais. Mas, francamente, tendo a HBO, não precisávamos de mais nada. Daí, a infância minha e de meus irmãos foi povoada pelos filmes que assistimos trinta mil vezes na HBO, como E o vento levou, Rollerball, 007 contra o homem da pistola de ouro. Também foi povoada por todos aqueles seriados daquela épocas, mas isso é outra história. Eu me lembro de me instalar no quarto dos meus pais com um saco enorme de barbecue potato chips e assistir E o vento levou pela centésima vez. Sabíamos os diálogos de cor e podíamos sacar uma citação apropriada para a ocasião. Uma de nossas preferidas era "Great balls of fire, (hic) it's Rhett". A outra, claro, era "I'll never be hungry again". Chegou num ponto em que não assistíamos o filme do começo ao fim. Bastava pegar o filme em seja lá que ponto que fosse e seguir dali pois ele estava indelevelmente gravado na lembrança.
Tempos depois, meus irmãos se dedicaram a ler e decorar o romance original e comentar as diferenças entre o romance e o filme. Eu não me animei a ler aquele calhamaço. Calhamaço sempre foi com meus irmãos, que também fizeram questão de ler Guerra e paz e outros tijolaços do gênero.
A outra coisa que ficou indelével na nossa lembrança (ou na minha pelo menos) foi a paródia que Carol Burnett fez no seu programa de E o vento levou. Há uma cena que ficou antológica na TV americana que é quando Carol, no papel de Scarlett, aparece para Rhett usando a cortina que ela arrancou da janela e... o pau da cortina sobre os ombros. Rhett elogia o vestido e ela responde, "Thank you, I saw it in the window and just couldn't resist it". Eu desconfio que parte do motivo pela minha fascinação por esses filmes antigos e melo dramáticos tem a ver com assistir filmes como E o vento levou quando eu era criança.
Aos poucos venho comprando esses filmes clássicos que povoam minha imaginação, como A Noviça Rebelde e Os Dez Mandamentos, e hoje eu comprei, finalmente, Gone with the Wind, em todo o seu esplendor. Será a atração principal do meu Natal.

Disciplina

Foi preciso eu escrever o romance para encontrar a disciplina. A vontade, a disposição de sentar a bunda na cadeira toda semana no mesmo bat-horário e bat-local para escrever. Isso é muito importante. Você realmente precisa escrever sempre para se aprimorar. E para terminar as coisas. Eu nunca teria terminado o primeiro romance sem a disciplina dos meus sábados sagrados. Meu novo texto não estaria no ponto em que está sem essa disciplina. É um velho clichê, mas você realmente tem de afiar a pena. Isso faz com que o texto esteja sempre na sua cabeça, fervendo baixinho, mesmo que você esteja trabalhando em coisas que não tem nada a ver. As rodinhas continuam girando. Se você escreve apenas esporadicamente, perde contato com as ideias do seu texto, com o que você quer transmitir.
Outra coisa que tento fazer é me colocar algum tipo de desafio, algo que não tenho absoluta certeza se vou conseguir realizar. Depois arranco os cabelos porque tenho certeza que não vou conseguir, mas é uma forma de tentar evoluir no que se escreve, de crescer. Se eu consigo ou não é uma coisa que os outros vão me dizer. Eu não faço ideia. Mas pelo menos eu tento.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sagrado

Meus sábados são sagrados. Mesmo. Não abro mão deles. Passo toda a semana trabalhando. Enquanto eu tiver uma tarefa na minha frente, eu trabalho. Escrever é uma das poucas coisas que eu faço para mim. A disciplina que preciso para escrever exige isso ou eu não chegaria a lugar algum. Meu tempo é muito pouco, precioso. Nisso eu preciso ser egoísta. Sei que posso irritar as pessoas que conheço por causa disso, já deixei outras coçando a cabeça de porque nunca quero fazer nada no sábado.
A verdade é que eu não abro para todo mundo o que eu faço aos sábados. E como este blog não tem uma foto do meu rosto (e nem nunca terá), quem não me conhece vai ficar chutando quem eu sou. Parte do barato dos sábados é ver os olhares curiosos que atraio na livraria, sentada na mesa, cercada por livros e cadernos, a pergunta estampada no rosto. O que essa mulher tanto faz aí? O bom é que já não sou a única. Ocasionalmente vejo outras pessoas sentadas, escrevendo. Não sei se fiz escola ou se há outras pessoas que resolveram sair do armário depois que me viram assumir o meu lado Super-Homem ou se elas sentariam ali escrevendo mesmo sem o meu exemplo.
Há coisas que fazemos por nós mesmos e sem as quais não podemos passar. Preciso da escrita para minha sanidade, minha felicidade. E não vou abrir mão disso.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Descobertas

Não sou uma escritora que traça toda a trajetória do texto e dos personagens. Eu começo com uma premissa básica e depois saio inventando o resto. Daí parte do grande barato de escrever é o que eu descubro durante o processo, as coisas que você escreve e depois percebe que encaixam perfeitamente com algo que vai escrever mais adiante sem que isso tenha sido uma decisão consciente, sentir o surgimento das personalidades, das manias, defeitos, ver os personagens começarem a ficar de pé. De repente achar uma nova faceta, um novo aspecto do personagem que não me havia ocorrido antes é o que me faz sair saltitando de alegria da livraria, esse é um dos grandes barato de escrever.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Estas são as viagens

Há muitos anos, eu fui acolhida por um grupo de fãs de Jornada nas Estrelas. Eu era fã também e era legal encontrar pessoas com um interesse em comum. O que foi mais interessante sobre fazer parte desse grupo é que pudemos, por uma série de acasos, participar da tradução das várias séries de Jornada na VTI. E quem é o fã que não quer ter algo a ver com aquilo que adora? Obviamente, não podíamos ir para Hollywood, então fizemos aquilo que nos era possível: nos dedicarmos para que a tradução fosse a melhor possível. Montamos glossários, listas de títulos, revíamos as temporadas antes que fossem traduzidas para tentar ver quais os problemas que enfrentaríamos durante a tradução. Lembro-me de uma vez em que passei três dias ao telefone discutindo a tradução do nome de uma classe de nave espacial com uma amiga até chegarmos a uma solução. E depois descobrimos que esse tipo de nave nunca mais seria mencionado. Não tínhamos como controlar a escolha das vozes nem podíamos estar dentro do estúdio para toda santa gravação para evitar erros, então fizemos o que era possível, tentar garantir que a tradução tivesse a melhor qualidade que podíamos conseguir então. Fomos aprendendo com o tempo e, no final, minha vontade era voltar atrás e recomeçar tudo para consertar todos os erros que cometemos ao longo do caminho.
No total, foi um trabalho que durou 16 anos, começando no início dos anos 90 e que foi até 2007. E quando eu fiz a revisão do último episódio da última temporada, eu sabia que tinha sido o fim de uma era. Foi o fim de um trabalho que fizemos com amor, dedicação e orgulho. Foi o fim de uma época da qual me lembro com grande afeto pois é o trabalho do qual eu mais me orgulho.
É legal ver esse trabalho no ar de novo, agora no canal SciFi com a reprise dos episódios da Nova Geração. E em janeiro, outra série maravilhosa será reprisada de novo, Jornada nas Estrelas: Deep Space Nine, na minha opinião a melhor das séries depois da série clássica. Acho que vale a pena conferir.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Wilson, Wilson

Até a morte da Dax e Neguinho, meus cachorros vinham dessa dinastia que começou com Max e Samantha no início dos anos 90. Eu os vi nascer e crescer e, infelizmente, morrer. Dax, minha labrador paraguaia (porque não era uma labrador de puro sangue) foi um presente da Claudia e a exceção na minha matilha. E eu achei que seguiria assim indefinidamente, uma geração substituindo a outra.
Adotar cachorros era uma coisa que eu tinha pensado em fazer algumas vezes, mas ao mesmo tempo eu não queria encher a casa de cachorros de novo. Para quem já teve seis, dois estava (e está) de bom tamanho. E tinha a incógnita de não saber a origem do animal, que manias, traumas ele podia ter.
E aí chega na minha casa o Wilson, grande, preto, cheio de alegria de viver, que com prazer passaria o dia vendo carros e gente andando na rua. Quando eu pego na coleira dele, ele sai correndo para a porta e é um inferno fazer ele ficar quieto o suficiente para conseguir botar a coleira para então sairmos de fato. Ele adora uma coçada na barriga, pula na minha cama cedo de manhã, doido para o dia começar quando tudo que eu quero é dormir mais um pouco, adora batizar plantas e quando está muito feliz, não consegue se controlar. Faz xixi aonde for. Esse aonde for já foi meu sapato, já foi o corredor daqui de casa, outros lugares inconvenientes. Mas o que eu mais gosto nele é a alegria que vejo nele. Nem todo cachorro tem isso. Ele alegremente se mete onde não deve, como pular dentro da janela aberta do carro da Claudia ou se enfiar em quartos onde não pode. Não custa muito para ele ficar contente e começar a abanar o rabo. Depois da morte súbita da Dax e do Neguinho, o Wilson acabou sendo meu melhor presente de Natal para mim mesma.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Famílias

Mais um trecho do meu romance O Que Ficou Por Fazer.
"Famílias tinham etapas, fases, evoluíam no tempo, apresentavam novas faces para o mundo. Isso era uma coisa que não tinha me ocorrido antes e agora me parece perfeitamente natural enquanto observo Vovó Ana e Chico conversando à mesa do restaurante diante de mim. Gosto da visão dos dois juntos, gosto da idéia de finalmente reunir as partes separadas de minha vida que antes tinha mantido cuidadosamente separadas por tanto tempo. Era aniversário dela e achei que tinha tudo a ver levá-la para jantar depois dos muitos programas de infância que ela nos proporcionou.
Minha avó estava encantada com Chico, contava um resumo da história familiar para ele, fazendo questão de destacar as realizações de minha mãe, a estrela dos Miranda. Vovó não sabia, mas ele tinha se vestido com extremo cuidado para a ocasião, colocou seu blazer cor de mostarda com sua melhor camisa branca e uma calça jeans nova, esmerou-se na hora de pentear o cabelo (que ele tinha mania de deixar espetado, despenteado). Ele me perguntou se devia usar uma gravata. Achei uma gracinha que ele se preocupasse tanto em causar uma boa primeira impressão. Eu sorri e disse a ele: — Ela é minha avó, não o papa.
A comemoração oficial seria no domingo, com um elaborado almoço, como sempre. Eu tinha decidido que era hora de apresentar Chico à família, mas queria fazer isso aos poucos, em pequenas doses, para não pressioná-lo. E minha avó parecia extremamente satisfeita em ter sido a primeira a ser selecionada para esta honra. Ainda assim, era estranho estar sentada aqui, escutando eles tagarelando alegremente, um muito encantado com o outro, enquanto sentia que tinha alguém faltando à mesa. De uma hora para a outra, ela parecia tão frágil nos seus 87 anos. Minha avó sempre pareceu ser eterna, sempre os mesmos vestidos elegantes, as mesmas bolsas em que ela parecia ser capaz de guardar tudo, o cabelo sempre pintado de louro, o eterno perfume de lavanda e talco. Agora, eu via que corria o risco de perdê-la. Ela, como minha mãe, envelhecera da noite para o dia.
Daniel tinha sido seu preferido. Ela não admitia, dizia que todos seus netos eram igualmente queridos, mas ninguém na família acreditava nela. Era para ele que ela fazia suas melhores sobremesas, dava os presentes mais caros, preparava os pratos preferidos dele para os almoços de domingo. Ele vivia no colo dela quando pequeno e, mesmo adulto, adorava ficar abraçado com ela, a única pessoa a quem ele demonstrava tanto afeto abertamente. Com todas as outras pessoas, ele era reservado, quase frio. E ela sempre o tratou por “meu menino”. Foi o que ela não cansou de repetir durante o velório, enquanto acariciava seu rosto, parada ao lado do caixão, meu menino, meu menino.
Quando Vovó Ana chegou no restaurante e eu a apresentei ao Chico, ela me olhou bem nos olhos e perguntou se isto queria dizer que eu finalmente iria desencalhar.
— Calma, vó — respondi, rindo. — Uma coisa de cada vez.
Mas estava patente a esperança na expressão dela. Ela queria bisnetos. Só que ela estava olhando para a pessoa errada. A idéia de ter filhos ainda me assustava. Não quis dizer que ela teria que depender dos meus primos, sempre muito mais sociáveis que Daniel e eu. Logo, um deles estaria se casando e se reproduzindo. Nossa família iria adquirir outra feição com a chegada de novas gerações, novos rostos, crianças brincando pelo chão, correndo pela casa na noite de Natal, e a ausência de Daniel se tornaria uma lembrança apagada embora querida, uma foto a ser colocada na estante.
Descubro-me começando a relaxar enquanto ouço minha avó contar histórias constrangedoras sobre minha infância e adolescência. Não me incomodo desde que ela não comece a mostrar fotos de minha fase de vítima da moda. Vovó decide contar sobre meu único grande gesto de rebelião contra minha mãe, quando eu sumi do Jardim Botânico durante um passeio. É estranho ouvi-la descrever o lado da minha mãe da história, de me procurar desesperadamente pelo parque, preocupada, imaginando os piores desfechos. O que me lembro era que minha mãe queria me levar para um restaurante que eu odiava depois do passeio e eu decidi dizer não, que queria ir para casa. Não recordo agora se estava cansada ou se armei o barraco para conseguir atenção dela, uma estratégia perfeitamente razoável para uma menina de 12 anos necessitada de carinho. De todo modo, quando ela bateu o pé e insistiu que fôssemos para o restaurante, eu simplesmente saí correndo e fui para casa. Caminhei o trajeto todo já que estava sem dinheiro para o ônibus, arrependendo-me do meu gesto impensado depois de perceber que não estava com a chave do apartamento, mas decidida a não dar o braço a torcer. Fiquei sentada na porta de casa, esperando minha mãe chegar para que eu pudesse ir ao banheiro. Dona Carolina ficou tão aliviada ao me ver que nem chegou a me dar um grande castigo. Ela esqueceu que eu podia até ser mal-criada, mas continuava sendo uma menina ajuizada. Eu ameacei voltar para casa e foi exatamente o que eu fiz.
Todos fazemos isso em um momento ou outro, essas coisas que sabemos lá no fundo que estão destinadas à mágoa e ao desastre. Algo em nós provoca um curto-circuito em todas as luzes de aviso, o alarme interior de cautela nos dizendo para ter cuidado, para dar o fora enquanto ainda é tempo. Faz parte de quem somos, todas as idiotices que cometemos e que, a seu modo, também encontram um meio de nos moldar.
Havia uma mensagem da Antônia no correio de voz do meu celular. Ao sair da sua casa, dei meu cartão de visitas a ela e agora ela me liga insistentemente, querendo se encontrar comigo de novo. Antônia parece determinada a me transformar em sua amiga, como um meio, talvez, de tentar reparar sua traição de meu irmão. Ou talvez, através de mim, ela queira saber porque Daniel se matou. De todo modo, não tenho certeza se quero me aproximar dela. Sua sedução era um tanto assustadora e tinha medo de ser puxada para seu círculo. Ao mesmo tempo, seria uma forma de ter acesso a um lado de meu irmão do qual eu não sabia muito. Enquanto pensava no que fazer, meu celular e sua mensagem pesavam toneladas no meu bolso.
Há uma sensação estranhamente familiar neste situação, uma espécie de déjà vu deslocado.
Minha avó sempre foi a guardiã da história da família. Ela conseguia listar os nomes de todo mundo nas gerações anteriores, identificar quem era quem nas fotos em preto e branco antiqüíssimas que ela guardava zelosamente na sua casa. Isto não era muito diferente daqueles almoços de domingo em que ela fez questão de instruir a mim e Daniel nas histórias de nossos tataravôs, já há muito mortos, os imigrantes portugueses que vieram abrir uma mercearia aqui no Brasil. A loja não existia mais. Ela foi vendida há muito tempo pelos meus bisavôs em função de uma crise econômica ou outra, e eles então se dedicaram ao serviço público para ganhar seu sustento. E muitos anos depois, nos anos 70, o prédio neoclássico onde a loja tinha funcionado foi vendido, demolido e um prédio de apartamentos moderno construído no lugar. Mas ela fazia questão de apontar o local e era isso o que eu sempre lembrava quando passava por lá.
Vovó Ana nos contou essas histórias várias e várias vezes. Eu há muito tinha esquecido os detalhes, não vendo muito interesse em pessoas que nunca tinha conhecido. Porém, agora eu imaginava que esta seria minha função nesta família também, a de preservar as histórias de Daniel para aqueles que o conheciam pouco ou que nunca o viram. Esse era um tesouro que valia a pena salvaguardar, uma lição que ela tentou me ensinar pouco a pouco com o passar dos anos.
Minha mãe parecia não ter absorvido nada do passado. Ou talvez sua rebelião contra a mãe a tivesse feito rejeitar o passado que Ana tanto idolatrava. De repente me bateu que esta era a mulher que tinha dado forma a minha mãe e, indiretamente, a mim também. Era estranho pensar nisso já que eu não sabia quase nada da infância de minha mãe, apenas a versão filtrada que minha avó forneceu a mim e meu irmão nesses anos todos. Eu realmente não fazia idéia se Dona Carolina tinha sido solitária ou gregária, o que ela gostava e desgostava quando adolescente. A história de minha mãe que eu tinha na minha cabeça era basicamente composta de seus anos como adulta, todas as coisas que nós mesmos testemunhamos, as pistas que reunimos das narrativas que outros nos contaram. Era como se ela tivesse sido gerada na forma adulta final que conhecíamos tão bem, como Palas Atená brotando da cabeça de Zeus, já paramentada com capacete, armadura e escudo.
Talvez, de certo modo, todos nós rejeitássemos parte do que nossos pais tinham a nos oferecer, ingratos, ansiosos por afirmar nossa independência. Não que esta rebelião tivesse produzido qualquer grande realizador em nossa família. Com a exceção de Dona Carolina, ninguém mais exibiu qualquer talento especial. Éramos todos lentos e sóbrios em empregos comuns e tradicionais. Ninguém iria ficar rico, ninguém iria se destacar. E até a morte de Daniel, a família acreditou que seria poupada de qualquer tragédia.
Ocorre-me que o que eu reconheço aqui é a essência de minha avó, a coisa que a torna ela mesma, transparecendo nessa nova aparência desgastada. Ela só foi momentaneamente ocultada da visão. Ela voltou à superfície, e estou contente que o Chico possa vê-la como ela é agora, não doente sobre uma cama de hospital, ou pior, dentro de um caixão. Não tenho mais um irmão para mostrar e assim decidi mostrar a ele os outros membros de minha família para que ele saiba que eles existem, que é deles que eu venho, estas são as minhas origens, estas são as pessoas que me fizeram ser quem eu sou.
O momento passa e me vejo admirando esta visão mais uma vez, minha avó e meu namorado juntos, conversando, e penso que fiz uma coisa boa. E sinto-me privilegiada por ser capaz de estar aqui e ouvi-los, sabendo que é algo que posso não ter por muito mais tempo, que a perda está em toda a volta agora, uma presença definitiva na sala e em tudo o que eu fizer de agora em diante."

Mastering the art of Asian cooking

Nunca soube cozinhar. Nunca aprendi a cozinhar. Aprendi a fazer a receita tradicional que passou pela minha avó e minha mãe de salada de batata alemã (a verdadeira salada alemã, não essa maionese de batata que aqui passa como salada alemã). Se eu tinha de chamar gente para ir em casa ou se eu e uns amigos íamos passar um fim de semana numa casa de praia, eu fazia a salada de batata alemã. And that's it.
Sou chata para comer, sempre fui, o efeito colateral de uma infância como filha de diplomata, indo a bons restaurantes. Eu não queria aprender a fazer arroz com feijão, ensopadinho de carne moída com quiabo. Odeio essas coisas. Eu penei na época em que trabalhava em Vila Isabel e o único restaurante decente das redondezas só servia os pratos tradicionais de todo restaurante instalado perto de escritórios e gente que trabalha. Churrasco a campanha, filé a Oswaldo Aranha, bauru, filé com batata frita e arroz. Fora isso, só havia botecos, pratos feitos e aqueles ovos de cores suspeitas no balcão e que eu nunca tocaria em um milhão de anos. Daí eu sempre pensei, para que cozinhar se é isso o que há para fazer? E o que eu via em restaurantes me parecia complicado demais para tentar cozinhar em casa.
Só que aí surge na minha televisão essa figura maravilhosa chamada Nigella Lawson, a sacerdotisa da gula desavergonhada. Tudo o que ela faz no programa dela, todas as receitas soam tão apetitosas e sensuais naquele seu maravilhoso sotaque inglês que começou a dar vontade de cozinhar. Eu aprendi a fazer um assado de batata com ela, depois subverti a receita para meus próprios propósitos: me dar uma overdose de batata, algo que eu adoro. Bom, o tempo passa, eu descubro a comida tailandesa depois de descobrir a comida japonesa.
E em algum momento do ano que está quase terminando, me ocorreu que eu poderia aprender a cozinhar comida tailandesa. Comecei a ficar de saco cheio de comer comida congelada e passei a comer em restaurantes vezes demais para o bem do meu orçamento. Se eu ia aprender a cozinhar, seria para cozinhar pratos que eu adoro comer. Comprei um wok em São Paulo durante a Monstra e foi um inferno meter aquela coisa dentro da mala para trazer de volta para o Rio. Já estreei o wok, fazendo alguns pratos inventados da minha cabeça, comprei uma pancada de livros com receitas da culinária tailandesa. Só falta ir para uma loja de produtos orientais para comprar coisas como nirá e óleo de gergelim e molho de peixe. Em função disso, minha amiga Claudia resolveu me dar uma aula de culinária asiática como presente de Natal. Fomos a um lugar chamado Café Em Pauta, em Botafogo. Esperávamos ver um café mesmo, com fachada, mesinhas e o caramba. Não. Era uma casa de vila encantadora (e que me deu vontade de comprar, ou pelo menos alugar). Entramos e tivemos uma aula ótima com a chef Ana Clara Richard do Ásia, um dos melhores restaurantes asiáticos do Rio. A aula foi ótima, os outros alunos divertidos e a professora tornou muito mais fácil uma coisa que eu acharia bem complicada do contrário. Nós nos empanturramos com a comida feita durante a aula e Claudia e eu estamos pensando seriamente em fazer um Ano Novo com as receitas que aprendemos ontem. E hoje, inspiradas pela aula de hoje, vamos jantar em um restaurante tradicional chinês que tem aqui na Tijuca. Vai ser uma delícia. Como diria Julia Child, bon apetit.

Liquidificador

Existe a velha e inevitável pergunta que sempre fazem em eventos. O que o escritor escreve é autobiografia? Confesso que eu nunca entendi de onde é que vem essa ideia. Que diferença faz saber se o que o escritor escreveu aconteceu mesmo ou não quando o que realmente interessa é a qualidade do texto.
Eu pelo menos gosto de jogar tudo no liquidificador. Posso até usar pessoas que conheço ou coisas que vi acontecer. Outras horas eu meio que roubo ideias de filmes ou outros livros ou até mesmo de quadrinhos, como um conto que eu escrevi inspirada por um segmento do Watchmen (o quadrinho, não o filme). Mas quando tudo é picado e jogado no liquidificador, o que sai é pura ficção e não tem nada a ver com a minha vida, nem a vida de ninguém. E tomara que não tenha mesmo. No meu primeiro romance, há um irmão que comete suicídio. No texto que escrevo agora há um pai que dá surras nos filhos. Essas são coisas que posso garantir que nunca aconteceram na minha vida. Mesmo que você use algo que aconteceu com você é um pouco como aquele processo que os atores usam em cena. O ator lembra de algo que lhe aconteceu e que de certa forma se assemelha ao momento que ele está passando em cena. Lembrar desse momento o ajuda a trazer à tona a emoção necessária. O trabalho do escritor não é diferente disso. O ator está usando as palavras dos outros. O escritor usa as suas. E nos dois casos trata-se de usar as emoções do passado e trazê-las para o presente. E no instante em que você tira essas cenas do seu contexto original, tudo vira ficção.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Aérea

Volta e meia sou forçada a reconhecer que não vivo neste mundo real de todo dia. Eu habito minha própria dimensão, uma ligeiramente deslocada desta aqui. Não é à toa que, há muitos anos, meus amigos me deram bóias no meu aniversário porque eu "vivo boiando".
Lançando um filme durante o Festival do Rio, encontro uma dica que diz "ignore o pancadão". Eu espero ver uma briga. Quando a atriz do filme bota para tocar um funk com uma batida bem forte, a ficha cai. Pancadão é isso. Outro filme, outro dia. A dica diz, "aparece o Caio Blat". E eu, encarrapitada no balcão do Odeon, me pergunto, "Quem é Caio Blat?" Surge um sujeito que começa a falar. Esse deve ser o Caio Blat. Se eu o visse na rua, não saberia quem é. Não assisto à TV aberta, não vejo novelas há dois séculos. Não conheço nenhum desses atores novos. Caio Blat aparece em outro filme no mesmo festival. Não parece ser a mesma pessoa, mas já que estão dizendo que é ele, eu aceito. E semana passada eu saí inocentemente no domingo para escrever na Travessa e depois, como é meu hábito, fui jantar no Leblon. Para quê? Dei de cara com hordas tomando as ruas, bloqueando o trânsito. Eu não fazia a menor ideia de que era a final do campeonato naquele dia. Não presto atenção no noticiário esportivo. Eu só sei que vai ter uma Copa do Mundo porque o ufanismo aqui que é tanto que nem eu consigo ficar alheia a isso. (Aliás, desconfio que 2014 e 2016 serão anos insuportáveis por causa do ufanismo geral que tomará conta do país.)
Sentada na varanda de um restaurante ontem, esperando chegar minha comida, eu tinha a nítida impressão de ser uma pessoa diferente na rua do que sou em casa. Meu olhar é diferente, mais atento e, ao mesmo tempo, distante. É como se fosse meu olhar de estrangeira. É aquele que se foca nos menores detalhes das pessoas em volta, pequenos momentos reveladores. Para a escritora, esses são os mais interessantes.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Parede

Bater com a cara na parede pode ser uma coisa produtiva quando você escreve. Parece um pouco com um contrassenso, mas descubro vez após vez que é verdade. Se você chega a um ponto em que não pode avançar mais com o texto, é necessário parar e avaliar o que se tem nas mãos. Ocasionalmente, é preciso voltar atrás, recomeçar. E isso não é de todo ruim. Voltar atrás pode colocá-lo no rumo certo, iluminar aspectos do texto que não tinha notado antes. No sábado vou recomeçar a segunda metade do romance, mas agora com uma visão melhor do que quero e para onde vou. Este fim de semana será produtivo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Escrever

Li uma matéria publicada no site da CNN em que o escritor Junot Diaz falou da batalha que foi escrever seu primeiro romance, que mais tarde recebeu o Prêmio Pulitzer. Ele descreveu um período de cinco anos durante o qual escreveu e escreveu e escreveu todo santo dia, mas nada do que escrevia prestava. Teve uma hora em que ele decidiu engavetar tudo e tentar um outro caminho, uma outra profissão qualquer porque estava claro que ele não era um escritor. Só que aí , um dia, às vesperas de embarcar nesse novo caminho, ele sentou e olhou de novo o que tinha escrito e começou a escrever de novo. Levou mais alguns anos até que ele terminasse o romance, mas ao final do artigo ele diz que ele se tornou escritor não apenas por escrever mas por insistir quando não havia esperança de que aquele texto resultasse em um romance, que aquilo de fato fosse levá-lo a algum lugar. Ser escritor não tem a ver com publicar, com encher cadernos de textos, mas com aquela necessidade que não vai embora, as rodinhas que não param de girar na sua cabeça embora você esteja ocupado no seu trabalho ou numa festa ou no bar com os amigos. Ser escritor é perseverar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

É Natal

Inauguraram a árvore na Lagoa, então o Natal, pelo menos para mim, começou oficialmente. Não fico animada com o Natal, não fico contando os dias e odeio ter de comprar presentes em shoppings e lojas lotados. Inclusive acho meio ridículo que as decorações de Natal comecem a surgir cada vez mais cedo no ano, uma mania que, desconfio, importamos dos Estados Unidos. Em São Paulo, no início de novembro, o pessoal já estava começando a decorar um centro comercial que ficava na frente ao Conjunto Nacional e uma igreja ali perto.
Mas o Natal tem suas compensações. A árvore da Lagoa em si, que eu gosto de ver, as luzes que o pessoal começa a pendurar em toda parte e deixa a cidade com um ar mais festivo que eu gosto e, acima de tudo, as rabanadas que começam a ser vendidas no supermercado. Não sei fazer rabanada, nunca soube, mas eu adoro, especialmente rabanada no dia seguinte, embebida de canela e leite e meio que desmanchando. Não sou muito fã de peru ou de farofa ou essas comidas todas. Eu sinto falta é da rabanada, que a gente só come nessa época do ano. Mas para minha felicidade, há algum tempo que o supermercado que frequento semanalmente vende rabanadas nesta época do ano. Eu compro quilos e como no lanche ou no café da manhã. É uma delícia. Viva a rabanada.