Durante a semana que antecedeu o Natal, eu me instalei na Travessa e escrevi todos os dias. E, progressivamente, a livraria ficava mais e mais lotada de gente. E uma vez ou outra, alguns clientes me confundiram com uma funcionária da livraria. Talvez seja porque com o MP3 player pendurado no pescoço parece que estou de crachá ou talvez por que estou tanto lá que acabam achando minha cara familiar. Eu me virei para o Pelé, o mestre absoluto da seção de CDs e DVDs, e comentei que os clientes achavam que eu trabalhava na livraria. Ele me respondeu na lata, "Mas você trabalha aqui". Ele tinha razão. Aquele lugar é meu escritório tanto quanto meu escritório em casa. E a verdade é que esse é o trabalho que eu quero fazer para o resto da vida. Recentemente me falaram sobre aposentadoria, de me preparar para isso. Mas essa é uma ideia estranha para mim. Preciso me manter ativa sempre, seja trabalhando para me sustentar, seja escrevendo para me manter feliz. Sei que vou definhar no momento em que eu parar. Mas independentemente de todo o resto, escrever é o meu ofício. Nunca abrirei mão disso. É só isso que me interessa. Hoje vou me vestir e fazer o trajeto até a livraria como faço todo sábado e o prazer desse dia vai me alimentar, me sustentar de formas que não são tangíveis. E é o intangível que é o grande barato da coisa.
sábado, 26 de dezembro de 2009
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