Nunca soube cozinhar. Nunca aprendi a cozinhar. Aprendi a fazer a receita tradicional que passou pela minha avó e minha mãe de salada de batata alemã (a verdadeira salada alemã, não essa maionese de batata que aqui passa como salada alemã). Se eu tinha de chamar gente para ir em casa ou se eu e uns amigos íamos passar um fim de semana numa casa de praia, eu fazia a salada de batata alemã. And that's it. Sou chata para comer, sempre fui, o efeito colateral de uma infância como filha de diplomata, indo a bons restaurantes. Eu não queria aprender a fazer arroz com feijão, ensopadinho de carne moída com quiabo. Odeio essas coisas. Eu penei na época em que trabalhava em Vila Isabel e o único restaurante decente das redondezas só servia os pratos tradicionais de todo restaurante instalado perto de escritórios e gente que trabalha. Churrasco a campanha, filé a Oswaldo Aranha, bauru, filé com batata frita e arroz. Fora isso, só havia botecos, pratos feitos e aqueles ovos de cores suspeitas no balcão e que eu nunca tocaria em um milhão de anos. Daí eu sempre pensei, para que cozinhar se é isso o que há para fazer? E o que eu via em restaurantes me parecia complicado demais para tentar cozinhar em casa. Só que aí surge na minha televisão essa figura maravilhosa chamada Nigella Lawson, a sacerdotisa da gula desavergonhada. Tudo o que ela faz no programa dela, todas as receitas soam tão apetitosas e sensuais naquele seu maravilhoso sotaque inglês que começou a dar vontade de cozinhar. Eu aprendi a fazer um assado de batata com ela, depois subverti a receita para meus próprios propósitos: me dar uma overdose de batata, algo que eu adoro. Bom, o tempo passa, eu descubro a comida tailandesa depois de descobrir a comida japonesa. E em algum momento do ano que está quase terminando, me ocorreu que eu poderia aprender a cozinhar comida tailandesa. Comecei a ficar de saco cheio de comer comida congelada e passei a comer em restaurantes vezes demais para o bem do meu orçamento. Se eu ia aprender a cozinhar, seria para cozinhar pratos que eu adoro comer. Comprei um wok em São Paulo durante a Monstra e foi um inferno meter aquela coisa dentro da mala para trazer de volta para o Rio. Já estreei o wok, fazendo alguns pratos inventados da minha cabeça, comprei uma pancada de livros com receitas da culinária tailandesa. Só falta ir para uma loja de produtos orientais para comprar coisas como nirá e óleo de gergelim e molho de peixe. Em função disso, minha amiga Claudia resolveu me dar uma aula de culinária asiática como presente de Natal. Fomos a um lugar chamado Café Em Pauta, em Botafogo. Esperávamos ver um café mesmo, com fachada, mesinhas e o caramba. Não. Era uma casa de vila encantadora (e que me deu vontade de comprar, ou pelo menos alugar). Entramos e tivemos uma aula ótima com a chef Ana Clara Richard do Ásia, um dos melhores restaurantes asiáticos do Rio. A aula foi ótima, os outros alunos divertidos e a professora tornou muito mais fácil uma coisa que eu acharia bem complicada do contrário. Nós nos empanturramos com a comida feita durante a aula e Claudia e eu estamos pensando seriamente em fazer um Ano Novo com as receitas que aprendemos ontem. E hoje, inspiradas pela aula de hoje, vamos jantar em um restaurante tradicional chinês que tem aqui na Tijuca. Vai ser uma delícia. Como diria Julia Child, bon apetit.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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