No Natal, durante a ceia na casa do meu tio, desencavaram um vídeo muito antigo de uma festa de aniversário para os 70 anos do meu avô, que morreu há mais de 20 anos. A festa foi no antigo apartamento da Soares Cabral, em Laranjeiras. Eu vi o apartamento e me veio a lembrança clara de todo o apartamento, dos objetos que habitavam aquele apartamento. Foi lá que eu morei quando voltamos ao Brasil em 1977 antes de minha mãe conseguir alugar um apartamento para nós no Humaitá. Era para cá que eu vinha nas férias do colégio e tive uma sensação de perda quando o apartamento foi devolvido ao proprietário quando meu avô morreu. No vídeo, o apartamento vai enchendo de gente. Meus tios e tias chegando, minha mãe e meu padrasto, os cumprimentos, os beijos no rosto. Meus primos, hoje adultos e casados e com filhos, eram crianças brincando no chão, o que curiosamente segue sendo a imagem que tenho deles. Todos, é claro, em seus modelitos dos anos 80. E foi estranho ver essas versões mais novas das pessoas da minha família, inclusive minha avó, que morreu há poucos anos. E foi ainda mais estranho porque nem eu nem meus irmãos estávamos nesta festa, estávamos viajando, visitando meu pai em Viena na época, e eu tinha a estranha sensação de estar vendo algo que não devia estar vendo, como se eu estivesse me intrometendo. Há alguns dias, Elvira Vigna disse em seu blog que famílias formam sua própria cultura. Lembrando esse velho vídeo, penso que ela tinha toda razão.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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