sábado, 13 de agosto de 2011

Princípios de arqueologia

Sempre gostei de arqueologia e dessa ideia que o que você deixa para trás diz muito sobre civilizações e povos. Essa foi a ideia que levei para meu primeiro romance (ou melhor dizendo, o primeiro que deu certo). Ela começou com a observação dos objetos que as pessoas tinham nas suas salas, suas estantes, as pequenas lembranças que as pessoas guardam. E alguns anos antes eu tinha visto uma amiga dizer que precisava separar as coisas do marido que tinha acabado de morrer. Na época, sei que não entendi o peso desse gesto. Depois me peguei pensando na minha amiga olhando os objetos do marido e o peso das lembranças que eles deviam carregar. Esse foi um dos pontos de partida do romance. O outro foi meu hábito de ir acumulando papéis, cartões de visitas, cartelas de aspirina e outros objetos nos bolsos do blazer que visto sempre que vou à rua. O Batman tem seu cinto de utilidades, eu tenho meu blazer. Volta e meia tenho de esvaziar os bolsos e jogar fora o excesso de papelório. E foi nesse gesto que me veio o primeiro parágrafo do romance, escrito no meio do café de um cinema durante um dos muitos festivais de cinema em que trabalhei. Seis anos depois, apesar de becos sem saídas, recuos, recomeços, finalmente terminei o romance e desde então venho buscando a publicação. Com sorte, terei uma resposta positiva este ano. Vamos cruzar os dedos.

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