sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Manuscritos

Escrevendo à moda antiga, com papel e caneta, é meio inevitável eu ter certa fascinação por manuscritos. Não é à toa que um de meus filmes preferidos é Possessão, que se trata justamente da busca de manuscritos e cartas de escritores vitorianos para tentar resolver um mistério.
Papéis amarelados, anotações nas margens, correções, a letra manuscrita, maços de papel esquecidos no fundo de uma gaveta ou em uma pasta. Fiquei muito contente quando pude botar seis anos de cadernos e manuscritos cheios de correções do romance numa caixa ao botar o ponto final no meu primeiro romance simplesmente pelo fato de agora ter uma caixa de manuscritos. Na prática, eu tenho manuscritos em toda a minha volta no meu escritório. Os cadernos do meu segundo romance (que eu resolvi deixar na geladeira por um tempo porque não estava gostando dele) estão à minha esquerda. Os cadernos com meu romance atual estão na minha mochila atrás de mim. Outros cadernos de outros textos estão na estante atrás de mim. Outros manuscritos mais antigos estão no meu quarto e numa caixa num outro cômodo do apartamento.
De tempos em tempos, revisito estes textos antigos, repasso a evolução do meu texto. Nisso, eu redescobri um texto que eu tinha descartado, mas agora me parece bem promissor como a base para um novo romance. Inclusive, minha conclusão sobre porque o conto não deu certo foi que aquilo não era para ser um conto, era para ser um romance. Gosto de me sentir cercada pelo que escrevi já que a literatura é a parte mais importante da minha vida. Em tempos difíceis, escrever é a única coisa que me ajuda a manter a sanidade. Amanhã estarei de novo na livraria, cercada de cadernos e livros, feliz.

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