Durante toda a vida eu quis ter diários. Eu achava que seria
interessante ter um registro do meu cotidiano. Mas toda vez que eu
tentava, imediatamente me vinha um certo desconforto. O que eu tenho de
tão interessante na minha vida que vale a pena registrar? Minha
conclusão: porra nenhuma. E no rastro de Anne Frank, era meio inevitável
desconfiar que o que se escrevia era não para consumo próprio, mas para
alguma geração futura e isso era um pouco de megalomania demais para
mim. O blog tem esse lance de ser um diário a céu aberto. Foi o Ramones
que me meteu nessa, me aconselhou a ter um blog. E acabei gostando,
mesmo desconfiando que só haja uma meia dúzia de pessoas me lendo. Não
tenho trinta mil amigos. Não sou extrovertida e nem tenho uma vida
social intensa. Nunca soube me promover, o que obviamente ajuda a
explicar porque passei anos sem me tocar que eu podia tentar publicar os
poucos contos que considero decentes. Passo a semana em casa,
trabalhando sozinha e saio nos fins de semana para escrever. As pessoas
que mais vejo são os vendedores do segundo andar da Travessa. É uma vida
praticamente monástica. E agora tenho essa janelinha que abro para
pessoas que não faço ideia de quem são. Tem dias em que isso me bate
como muito estranho. Mas, sei lá, de uns tempos pra cá a gente meio que
vem vivendo a vida particular meio que no meio da rua mesmo. Falamos ao
celular coisas super íntimas no meio da rua. Uma das conversas mais
íntimas da minha vida aconteceu no meio da Travessa, falando ao celular
com uma grande amiga que mora nos EUA e que soube de uma situação
difícil que eu estava passando. Então, porque não discutir coisas minhas
em um blog? Confiro ocasionalmente quantas visitas recebo, que passaram
das cinco mil de acordo com o medidor que instalei. Não sei se isso é
verdadeiro. E não sei quem me visita. Sigo achando isso estranho, mas
tudo bem, todo mundo pode entrar. A casa é sua.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
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