Mesmo antes de 11 de setembro, eu já achava setembro um mês triste. Desconfio que isso tem a ver com Woody Allen. Do mesmo jeito que ele ajudou a cristalizar a minha visão de Nova York com aquela abertura genial de Manhattan, toda vez que o mês de setembro vem chegando eu lembro do filme dele, September, um de seus mais melancólicos. São várias pessoas reunidas em uma casa de veraneio no final de agosto, esperando chegar o fim de semana prolongado do Dia do Trabalho para encerrar o verão e voltarem para suas vidas em Nova York. E cada uma delas têm seus motivos para não querer que chegue setembro. O vizinho tem uma paixão recolhida pela dona da casa e não quer vê-la ir embora. O escritor não quer voltar ao emprego e à rotina depois de sentir que fracassou na tentativa de escrever um romance sobre o pai. A amiga da dona da casa não quer voltar para os filhos e o marido e o casamento que anda mal das pernas. Tem a mãe que chega atropelando tudo e a todos e que não vê como está ferindo a filha. E por aí vaí. Tudo foi filmado em estúdio, embora não pareça, pois a iluminação imita a luz do sol perfeitamente. O ritmo é lento, lembrando uma peça, já que a ação fica confinada à casa. E corre pelo filme a melancolia dos amores frustrados, dos desejos não realizados, das expectativas decepcionadas. Traduzi esse filme certa vez para o Telecine. E depois pude revê-lo para um festival de filmes do Woody Allen que passou no CCBB já que precisei preparar as legendas para o lançamento. É um daqueles filmes que não consigo deixar de gostar apesar de enxergar seus defeitos. E por isso o mês de setembro será sempre um tanto triste quanto a lembrança desse filme.
domingo, 11 de setembro de 2011
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