quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Braçal

Sempre achei engraçado que chamassem a legendagem de eletrônica quando ela tem muito de braçal. Primeiro tem a tradução, que muitas vezes dá um trabalho danado. Depois de pronta, ela é carregada no computador, no programa próprio para o lançamento das legendas. Aí tem o sujeito que tem de sentar na sala de cinema, acompanhar o filme e lançar as legendas uma a uma sem descuidar da sincronia com as falas. Há quem pense que é só apertar um botão que solta tudo. Não, cada legenda é lançada individualmente, manualmente. Você precisa estar completamente ligado no filme, em cada fala, ou vai perder legendas. Não parece, mas isso é estupidamente cansativo. Para fazer o lançamento, você precisa estar num estado entre a tensão e o zen. Repita isso durante cinco sessões por dia, doze horas por dia, e você começa a entender porque está todo mundo morto no final da maratona de filmes.
Por isso, quando chega no final do festival, você vê essas figuras pálidas com olheiras bem fundas se arrastando para a sala de cinema. São os pobres coitados dos tacadores de legendas que precisam sobreviver a mais uma sessão, de preferência acordados, quando tudo o que querem é uma cama quentinha e um mês de sono.

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